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PREVENÇÃO
Hospitais da Rede Ebserh contribuem no diagnóstico e tratamento de anomalias congênitas
A pequena Ana Vitória, paciente da MEJC-UFRN/Ebserh, com os pais.
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Medicina fetal e pioneirismo de hospitais da Ebserh
Brasília (DF) – Todos os anos, mais de oito milhões de bebês nascem com algum defeito congênito grave no mundo. No Brasil, cerca de 24 mil recém-nascidos por ano têm algum tipo de anomalia congênita e esse diagnóstico é considerado a segunda principal causa de morte entre crianças menores de cinco anos no país. Para chamar a atenção para o assunto e lembrar as formas de prevenção das anomalias congênitas, em 2015 foi criado o Dia Mundial dos Defeitos do Nascimento, comemorado em 3 de março, e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), que gerencia 41 hospitais em todo o Brasil, levanta essa bandeira.
Os defeitos do nascimento ou anomalias congênitas são problemas estruturais ou funcionais que ocorrem durante a vida intrauterina e podem ser identificados durante a gravidez, no nascimento ou posteriormente. Essas anomalias podem afetar quase todos os órgãos do corpo e as mais comuns são: cardiopatia congênita, que são alterações na estrutura ou função do coração; defeitos dos membros, como membros ausentes, em maior quantidade ou com desenvolvimento alterado; defeitos do tubo neural, como anencefalia e espinha bífida; anomalias cromossômicas, como a síndrome de Down; e as fendas faciais.
A pequena grande Vitória
Ana Vitória, de um ano e quatro meses, nasceu com a síndrome de Prader-Willi, doença rara e genética causada por uma alteração no cromossomo 15 e que atinge uma a cada 30 mil crianças no mundo. Os sintomas mais comuns são alterações hormonais, instabilidade emocional, problemas cognitivos e comportamentais, excesso de apetite e obesidade. A família dela mora em Carnaúba dos Dantas, a 220 quilômetros de Natal (RN). Com 33 semanas de gestação, veio o susto: a mãe de Ana Vitória estava com excesso de líquido amniótico e foi encaminhada para a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN), em Natal.
Logo no nascimento, que teve que ser adiantado, foi identificado que a bebê tinha alguma síndrome. Depois de muitos exames, o diagnóstico foi confirmado. “No início foi um choque, mas vimos que nossa missão era aceitar e fazer tudo que fosse possível para garantir uma vida de qualidade para a nossa filha”, conta o pai de Ana Vitória, José Erasmo Dantas. A menina passou cinco meses internada e, atualmente, é acompanhada por 15 profissionais diferentes, entre médicos, fonoaudiólogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e nutricionista. “O atendimento e a orientação que recebemos na MEJC foram fundamentais para chegar ao diagnostico correto e iniciar o tratamento que ela precisa”, acrescentou o pai.
A médica neonatologista Anna Christina Barreto acompanhou Ana Vitoria nesta Maternidade, que tem 20 leitos de UTI neonatal e é referência no estado no atendimento de casos complexos de anomalias congênitas. “São diagnósticos que causam grande impacto e sofrimento na família e é preciso garantir um acompanhamento durante a internação e após a alta hospitalar”, explica Anna Christina.
Múltiplas formas de prevenção
Para algumas doenças, existe prevenção, principalmente durante o pré-natal. Estar com a vacinação em dia, manter uma alimentação adequada, realizar a suplementação de ácido fólico e vitamina B12, controlar o excesso de peso e possíveis doenças relacionadas à gestação ou preexistentes, evitar a exposição a agentes ambientes, químicos, físicos ou biológicos que possam prejudicar o feto, e manter um acompanhamento médico regular são algumas maneiras de prevenir as anomalias congênitas.
No Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM) alguns já nascem ou chegam com o diagnóstico. Em outros casos, essa investigação é feita pela equipe do HC, que já encaminha o paciente para o tratamento indicado lá ou em outra instituição. As anomalias congênitas aumentam o risco de deficiências de longo prazo e podem exigir intervenções cirúrgicas, como nos casos de cardiopatias congênitas e fendas labiais ou palatinais, e acompanhamento médico e multidisciplinar ao longo da vida.
“Fazer um pré-natal adequado e ter acesso às informações são fatores fundamentais para a prevenção de diversas anomalias. O acompanhamento também permite descobrir algumas doenças e já iniciar o tratamento intraútero para garantir melhores condições de nascimento e um melhor prognóstico”, garante Fabiana Barsan, médica neonatologista do HC-UFTM.
Medicina fetal e pioneirismo de hospitais da Ebserh
Pioneira na realização de cirurgias intrauterinas no Ceará, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (Meac) corrige mielomeningocele no bebê ainda sendo gestado. A malformação, que deixa parte da medula espinhal exposta e desprotegida, pode ser diagnosticada nos exames de imagem durante o pré-natal. Na cirurgia fetal, os médicos fazem incisões no útero materno e nas costinhas do feto, que segue a gestação normalmente.
A primeira paciente foi Maria Giovana, em 2019. Hoje, a menina se destaca por sua inteligência e desenvoltura, mesmo recorrendo a uma cadeira de rodas no dia a dia. Livrou-se de limitações muito mais graves por ter sido operada ainda dentro do útero. Segundo o chefe do Serviço de Cirurgia e Medicina Fetal e coordenador da Residência de Medicina Fetal da MEAC/UFC, Herlânio Costa, já foram operados 30 fetos na Maternidade nestes quase cinco anos, minimizando as sequelas (em geral relacionadas a controle da urina, movimentos das pernas e hidrocefalia) e garantindo mais qualidade de vida aos acometidos por essa condição. A MEAC também realizou 26 fetoscopias, para problemas de gemelares.O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) é referência em Medicina Fetal no estado. O serviço recebe uma média de 40 novas pacientes por mês e realiza diagnóstico, aconselhamento e tratamento de anomalias congênitas. A equipe multiprofissional trata, principalmente, anomalias uropatias obstrutivas e mielomeningocele e, todo mês, são realizadas cerca de quatro cirurgias intraútero.
O coordenador do Serviço de Medicina Fetal do HC-UFMG, Henrique Vítor Leite, explica os benefícios do acompanhamento e tratamento durante o pré-natal. “Quando feito durante a gestação, o tratamento tem melhor resultado, podendo oferecer melhor evolução e desenvolvimento da criança e garantir a sobrevida. Além disso, reduz os riscos de complicação e o tempo de internação”, esclarece Henrique.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Por Leticia Justus, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh