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INFECÇÃO GENERALIZADA
Hospitais da Rede Ebserh adotam diretrizes para prevenir a sepse
Entre os fatores de risco para o desenvolvimento dessa condição estão extremos de idade, exposição a epidemias e imunossupressão genética ou adquirida. Imagem ilustrativa: freepik
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Brasil registra 400 mil casos por ano
Brasília (DF) – Resposta inflamatória exagerada a uma infecção, a sepse é a maior causa de morte evitável do mundo. Dados apontam que a cada 2,8 segundos uma pessoa no mundo morre por conta da doença. O Dia Mundial da Sepse, celebrado em 13 de setembro, traz à tona a importância da adoção de diretrizes para prevenção e tratamento e, nessa ótica, hospitais da Rede Ebserh mantêm protocolos atualizados para manejo da sepse em adultos, crianças e recém-nascidos.
Causas e sintomas
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a sepse é uma disfunção de órgãos ameaçadora à vida, sendo causada por uma resposta desregulada do hospedeiro a uma infecção. “O risco de sepse é maior em pessoas que têm condições que reduzem a sua capacidade de combater infecções como crianças menores de um ano, idosos, grávidas, pessoas hospitalizadas por longo período ou internados em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva), pessoas portadoras de doenças crônicas como diabetes e insuficiência renal”, citou a médica infectologista Vanessa Lima, do Hospital Universitário João Barros Barreto (HUJBB) que integra o Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA).
Vanessa explica que parte dos casos ocorre em pessoas saudáveis, ou seja, indivíduos que estão fora do ambiente hospitalar. Entre os fatores de risco para o desenvolvimento dessa condição estão extremos de idade, exposição a epidemias e imunossupressão genética ou adquirida.
A enfermeira Kamila Onose, chefe substituta Unidade de Vigilância em Saúde do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), afirma que os sintomas mais comuns incluem febre alta ou hipotermia, taquicardia, taquipneia, confusão mental, hipotensão, oligúria (diminuição na produção de urina) e sinais de falência orgânica, como insuficiência respiratória e renal.
A sepse, popularmente conhecida como infecção generalizada, pode levar a choque séptico, falência de múltiplos órgãos e morte. O diagnóstico rápido e o início do tratamento em poucos minutos ou horas aumentam as chances de sobrevivência. De acordo com o médico intensivista Helder Takaoka, chefe da Unidade de Terapia Intensiva Adulto do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), o tratamento é sempre da causa que levou à resposta orgânica indesejada.
Normas para o manejo da sepse
Com vistas a assegurar a adoção de diretrizes para o cuidado de alta qualidade e centrado no usuário, os hospitais da Rede Ebserh mantêm ativos protocolos de sepse como ferramentas fundamentais para garantir a identificação precoce e o tratamento adequado dessa condição clínica de alta gravidade.
Um exemplo é o Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba (HULW-UFPB). “O protocolo objetiva estabelecer normas e diretrizes assistenciais para a identificação precoce, condução e tratamento adequado de pacientes adultos com sepse em todos os setores do HULW. A implementação visa a garantir a aplicação eficaz do pacote da primeira hora e melhorar, assim, os desfechos clínicos dos pacientes com sepse, reduzindo a mortalidade”, explicou o médico intensivista Ciro Leite.
De acordo com a infectologista Vanessa Lima, o Hospital Universitário João Barros Barreto (HUJBB) possui protocolo de sepse desde 2018 com o objetivo de reduzir a mortalidade na instituição. No hospital-escola, em média, 200 protocolos da doença são abertos por ano.
No Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), os protocolos devem ser reforçados, preferencialmente, no pronto-atendimento e nas unidades de internação. “É justamente nesses setores que não podem deixar de abrir o protocolo de sepse. Quando o paciente agrava e chega à UTI normalmente decorre de não detecção precoce e/ou falha no tratamento inicial”, alertou Helder Takaoka, do HC-UFG.
Já o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) dispõe de protocolos atualizados para o manejo da sepse em adultos e em neonatos. Está em fase de elaboração um protocolo de sepse pediátrica. Segundo enfermeira Kamila Onose, a abordagem inclui a identificação precoce, início imediato de antibióticos, reposição volêmica agressiva e monitoramento contínuo do paciente.
Devido à detecção precoce e a um tratamento eficaz, Samuel Cardoso está curado da sepse. O paciente, de 31 anos, está sendo acompanhado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG) há quase dois meses devido à leucemia linfoide. “Nesse período, ele foi para a UTI duas vezes. Agradeço de coração por terem acolhido meu esposo para ajudar a tratar da leucemia linfoide e ter o socorrido em todas as emergências da internação”, disse Jéssica Polinario, esposa de Samuel. Eles residem no município de Rio Verde, em Goiás.
Brasil registra 400 mil casos por ano
No Brasil, são registrados cerca de 400 mil casos de sepse em pacientes adultos por ano com mortalidade em torno de 55%. “Os indivíduos que sobrevivem enfrentam consequências pelo resto da vida e das mais variadas possíveis. Entre elas, uma que tem preocupado muito é a PICS (síndrome pós-cuidados intensivos)”, informou o médico intensivista. A PICS é uma incapacidade funcional que permanece no paciente de doença crítica após a internação e é caracterizada por alterações físicas, cognitivas e psiquiátricas.
Segundo enfermeira Kamila Onose, entre as principais medidas preventivas estão a adoção de práticas rigorosas de higiene, como a lavagem correta das mãos, o uso racional de antibióticos para evitar a resistência microbiana e o manejo seguro de dispositivos invasivos. “A vacinação contra doenças infecciosas também desempenha um papel fundamental na prevenção de infecções que podem evoluir para sepse”, acrescenta.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Jacqueline Santos, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh