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NOVEMBRO ROXO
Histórias na Rede Ebserh mostram a superação durante o enfrentamento da prematuridade
Brasília (DF) – As situações mais desafiantes também são as que nos revelam grandes histórias de superação. É assim com os bebês prematuros e suas famílias que enfrentam as dificuldades do nascimento antecipado. Na Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), profissionais dedicam-se a cuidar da prematuridade e testemunham o desenvolvimento desses recém-nascidos, tão pequeninos e fortes, que são capazes de desabrochar como flores delicadas e persistentes lutando pela vida.
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o Brasil ocupa atualmente a 10ª posição no ranking mundial de países com mais nascimentos fora do tempo, com cerca de 302 mil nascimentos de bebês prematuros. São os que nascem antes das 37 semanas de gestação, explica a médica neonatologista Maura Castilho, chefe da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal da Maternidade Escola do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Rio de Janeiro (CH-UFRJ).
Existe, ainda, uma classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS) que leva em conta o grau de imaturidade: entre 34 semanas e 36 semanas e 6 dias, são considerados prematuros tardios; entre 32 semanas e 33 semanas e 6 dias, são considerados prematuros moderados; entre 28 semanas e 31 semanas e 6 dias, muito prematuros; e abaixo de 28 semanas, são prematuros extremos.
Segundo Maura, o parto prematuro pode acontecer por fatores maternos, como hipertensão, diabetes, infecções, gemelaridade, incompetência istmo-cervical (circunstância de dilatação precoce do colo do útero). Também pode ser por causas relacionadas ao bebê, como malformações fetais, crescimento intrauterino restrito e situações de sofrimento fetal (diminuição de oxigenação e de passagem de nutrientes).
A prevenção se inicia com o bom acompanhamento pré-natal para identificar os possíveis riscos e definir o melhor tratamento para cada caso. “Precisamos também garantir que, quando não for possível evitar a prematuridade, que esse bebê e sua família recebam uma assistência de qualidade, que ofereça além do suporte técnico, o acolhimento necessário para que vivenciem essa fase difícil com mais segurança e tranquilidade”, afirma a neonatologista.
“Uma florzinha linda e esperta”
Aldeneide Silva, de 39 anos, lembra bem do acolhimento recebido em seu parto e tratamento de sua filha Valentina Trajano, nascida com 26 semanas e cinco dias no dia 20 de fevereiro de 2022, pesando 700 gramas, na Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN). Na consulta pré-natal, foi identificado problema na passagem de nutrientes para a bebê e a mãe foi submetida a uma cesárea de emergência. Aldeneide recorda das palavras da obstetra no momento do nascimento: “Sua florzinha é muito linda e esperta! Ela quer ver o mundo”.
A pequena ficou internada durante quatro meses e enfrentou uma série de intercorrências, chegando a realizar sete transfusões de sangue nesse período. Superando as dificuldades, se recuperou. Hoje, Valentina tem uma rotina saudável, com brincadeiras e descobertas de mundo. “Esse nome já havia sido escolhido antes de tudo isso. Valentina é forte, valente, cheia de saúde”, declara a mãe. O roxo, referente à campanha sobre a prematuridade, também é sempre lembrado pela família, tendo sido, inclusive, a cor da festa de aniversário, com o tema “Jardim encantado”, de um ano da florzinha valente.
UTI Neonatal
Nascido com 29 semanas, no dia 19 de agosto deste ano, o bebê Everton Gael segue internado na UTI Neonatal do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC). Sua mãe, Maria Alice Rodrigues, de 21 anos, teve pré-eclâmpsia e ficou internada na UTI Materna por sete dias. Já recuperada, aguarda pela alta do filho, visitando-o diariamente. “Eu me surpreendo com ele. É um guerreiro que está lutando pela vida e eu vou esperá-lo. É o meu sonho realizado que eu sempre pedi a Deus”.
Os recém-nascidos prematuros precisam de cuidados específicos em sua internação porque nasceram antes da formação completa de seus tecidos e órgãos, alerta Renata Novo, chefe da UTI Neonatal do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg). “O bebê que nasce antes das 37 semanas não está preparado para viver fora do útero devido à sua imaturidade orgânica. Isto inclui a imunidade que não está completamente estabelecida, por isso tende a ser mais suscetível a doenças e infecções”.
A UTI é o local para a melhor recuperação desse bebê: “Lá, proporcionamos o melhor ambiente para este desenvolvimento, reduzindo ruídos e iluminação excessiva, mantendo a temperatura adequada, agrupando cuidados e exercendo as atividades com toques sutis””, explica Renata. A presença e acolhimento dos pais é muito importante para os vínculos entre a família e o bebê, pois “são parte do processo de cuidado e de restabelecimento dessa criança”. Nessa rotina de UTI, o quadro de saúde do bebê é informado diariamente, além de equipe multidisciplinar realizar o acolhimento familiar, de forma especial, com os profissionais da psicologia e do serviço social nesse papel de escuta.
O pequeno Antônio Feijó também precisou passar pela UTI do HU-Furg quando nasceu em 12 de junho de 2022, em 26 semanas de idade gestacional. Sua mãe, Laura Lemos, de 39 anos, teve dilatação precoce do colo do útero, o que provocou o trabalho de parto prematuro. Foram 94 dias de internação do bebê: “Foi muito difícil. Eu falo até hoje que era um turno de cada vez e não um dia de cada vez, mas nunca perdi a fé”. O menino realizou acompanhamentos de fisioterapia pulmonar, fonoaudiologia e terapia ocupacional, iniciadas ainda na UTI e continuadas após a alta. Hoje, já com dois anos, ele se desenvolve muito bem e é a alegria da família, “o nosso milagre”, como diz a mãe.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo, com revisão de Danielle Morais
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh