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Força-tarefa
Histórias, humanização e experiências marcam ação de voluntariado da Rede Ebserh em Roraima
Brasília (DF) – Vivenciar histórias, humanizar o atendimento e multiplicar a assistência em saúde voltada ao povo Yanomami que vive em Roraima. Com essa bagagem e muito mais, 19 profissionais da Rede Ebserh que compuseram a força-tarefa em Boa Vista, em parceria com o Ministério da Saúde, retornam para casa após 20 dias de total imersão na cultura, no atendimento e acolhimento a crianças atendidas no Hospital Municipal da Criança. Essa ação faz parte do fortalecimento do SUS local do Município/Estado de maneira a atingir mudanças estruturantes qualificando o cuidado ofertado, diante de toda a Emergência de Saúde Pública. O esforço solidário envolveu ainda o envio de equipamentos médicos, sendo oito camas hospitalares, três carros de emergência hospitalar, uma maca clínica, quatro monitores multiparâmetros e 11 ventiladores pulmonares mecânicos.
Alídio Duarte (foto à direita), enfermeiro especialista em Saúde Indígena do Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM-UFMT), localizado em Cuiabá (MT), pontuou que foi possível fortalecer a assistência em saúde dentro dos territórios indígenas. “Pudemos realizar melhoria nos fluxos assistenciais, gerenciais e intersetoriais que possam fortalecer o atendimento em saúde na sua integralidade”, avaliou.
O Hospital Municipal da Criança, que fica em Roraima, tem realizado um ótimo trabalho, na visão da enfermeira Keny Tabda, que atua no Hospital de Doenças Tropicais, localizado em Araguaína (TO). “Posso dizer que mais de 70 % dos atendimentos realizados são com crianças venezuelanas e indígenas. Prestamos assistência em várias áreas, além da realização de capacitações e treinamentos”, relatou Tabda, que é especialista em Aleitamento Materno, Urgência e Emergência, além de Obstetrícia.
A situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) foi declarada pelo Ministério da Saúde (MS) em 20 de janeiro deste ano, considerando a desassistência à população Yanomami verificada. O estabelecimento do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami) despertou a coordenação para ações que envolvem, entre outros aspectos, a mobilização de profissionais e de equipamentos que de suporte às vidas em risco, com envolvimento do próprio MS, da Prefeitura de Boa Vista e da Rede Ebserh/MEC, que contou com profissionais voluntários.
Suéria Dantas de Oliveira (foto à esquerda), fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Cardiorrespiratória do Hospital Universitários Onofre Lopes (Huol-UFRN), em Natal (RN), fez uma avaliação do contexto assistencial encontrado. “É importante destacar que já há alguns profissionais locais empenhados em alinhar condutas a processos seguros, centrados na qualidade da assistência e em boas práticas na assistência. Acredito que pudemos sensibilizar muitos profissionais acerca da importância de uma conduta em saúde baseada em evidência científica e na segurança do paciente”.
Além de atendimentos médicos e de assistência de enfermagem, a fisioterapeuta Manuela Corrêa, que trabalha no Hospital Universitário de Rio Grande (RS), enumerou as atividades que desenvolveu em Boa Vista. “[Tivermos] aplicação de instrumento de avaliação e planejamento das atividades da fisioterapia; elaboração de protocolo para passagem de plantão nos blocos; elaboração, coordenação e facilitação de roda de conversa com os indígenas internados no HCSA no dia dos povos indígenas; contribuímos para criação de um fluxo de regulação de pacientes de terras indígenas Yanomami para o hospital; e estimulamos o desenvolvimento neuropsicomotor das crianças com brincadeiras, a partir da ótica Yanomami”.
Humanização e sensibilização
“Sentir-se vivo através da solidariedade é enxergar-se no outro”. Essa afirmação da enfermeira Ísis Rebeca Rodrigues Santos (foto à direita), que atua no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) e se voluntariou para a ação. A frase mostra como ela absorveu toda a emoção da ação humanitária. “Ser voluntário é alçar novas oportunidades de aprendizagem e ter experiências pessoais enriquecedoras. Os benefícios para os voluntários são infinitos. Significar ser mais humano, esquecer a desigualdade e entender que todos temos semelhanças”, disse Ísis, que é especialista em Terapia Intensiva.
O apoio da Rede Ebserh na força-tarefa contou com equipamentos disponibilizados que somaram o valor de R$ 720 mil reais. O investimento total, incluindo recursos para envio de pessoal, foi de aproximadamente R$ 1 milhão. Participaram profissionais como médicos intensivistas, pediatras, enfermeiros, administrativos e fisioterapeutas.
Outro depoimento marcante é da assistente administrativo do Hospital Escola de Pelotas (HE-UFPel), Andrea Ferreira Siqueira (foto à esquerda). “Pude sentir de forma concreta o quanto o desmonte da estrutura do sistema de saúde indígena prejudicou e instituiu esse momento de calamidade nas comunidades indígenas. Foi devastador ver em um mesmo local diferentes etnias na busca por saúde, pela volta de sua dignidade e lutando para ter o que é seu de direito, o acesso a uma vida digna no seu próprio território”, relatou.
Essa sensibilização das equipes locais, o empenho mostrado no curto período em que os voluntários estiveram atuando, a excelência no atendimento – que é marca da Rede Ebserh – são sementes que devem frutificar no futuro. “Assim como estamos levando experiências e conhecimentos de uma realidade totalmente diferente, estamos deixando sementes plantadas que serão cultivadas a longo prazo”, declarou com esperança a enfermeira Keny Tabda.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh