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Balanço
HC-UFMG mantém relevância regional na atenção à saúde sob gestão da Ebserh
Brasília (DF) - Desde o início da gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em 2013, até 2022, o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG) liquidou uma dívida de R$ 27 milhões, ao mesmo tempo em que aumentou o tempo dedicado por profissionais de enfermagem nos leitos e manteve a média de transplantes de órgãos, garantindo sua relevância na rede de atenção à saúde regional, sobretudo no atendimento especializado de média e alta complexidade.
Estes são alguns dos resultados de um estudo realizado no âmbito do Observatório de Recursos Humanos em Saúde da Faculdade de Ciências Econômicas (Face) da UFMG, por um grupo de trabalho designado em 2022 pela Reitoria para avaliar a situação do HC-UFMG, unidade especial da Universidade, no período anterior e posterior à entrada da Ebserh.
Em 2015, pouco depois do início da gestão da Ebserh, o HC-UFMG acumulava uma dívida próxima de R$ 27 milhões, parte dela relacionada à contratação de pessoal, problema que foi minimizado com a substituição de profissionais terceirizados por servidores do quadro da empresa pública. A carga horária de profissionais de enfermagem por leito, por exemplo, que era de 75 horas, em 2013, subiu para cerca de 120 horas, em 2021.
Relevância na rede hospitalar
Um dado que chama a atenção no estudo e demonstra a relevância regional do HC-UFMG é a distância média percorrida por pacientes para atendimento no hospital, de cerca de 160 quilômetros – uma das maiores entre outras unidades hospitalares geridas pela Ebserh. Mais da metade dos pacientes atendidos no HC UFMG estão fora de Belo Horizonte.
“O HC oferece procedimentos mais diversificados do que os demais hospitais. A rede hospitalar cresceu muito na capital, em termos de oferta de serviços e, ainda assim, o hospital universitário manteve uma posição de destaque”, destaca o professor da Face Allan Claudius Queiroz Barbosa, coordenador do estudo.
O custo médio das internações no HC-UFMG, em torno de R$ 4 mil, também é superior aos dos outros hospitais da rede Ebserh (o dobro da média) e da capital mineira. “Isso pode ser um indício de que o HC-UFMG oferece procedimentos mais complexos e mais sofisticados do que outros hospitais”, avalia o professor da Face Phillipe Scherrer Mendes, um dos integrantes do grupo de trabalho. De acordo com o estudo, o número de transplantes de órgãos, por exemplo, manteve-se estável desde o início da gestão da Ebserh, com algumas variações.
A análise foi feita a partir de mais de 51 milhões de registros do próprio hospital, da Ebserh e do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSus), incluindo informações dos sistemas de informação hospitalar e ambulatorial, dados epidemiológicos do município de Belo Horizonte e também da produção científica do HC-UFMG – que teve aumento expressivo no período da pandemia da covid-19, como destacam os pesquisadores.
A crise sanitária desencadeada pelo coronavírus foi um dos fatores de exceção apontados pelos especialistas no período analisado, além do teto orçamentário e da política governamental de desvalorização da ciência, das universidades públicas e do SUS, mas não impediram que o HC-UFMG tivesse uma performance satisfatória, apesar do contexto desfavorável.
O estudo também incluiu a realização de 40 entrevistas com gestores e lideranças da Universidade e Ebserh, profissionais de saúde que atuam no HC, estudantes e representantes dos servidores do HC. A equipe responsável contou com a participação, ainda, dos professores Lucas Resende de Carvalho e Mônica Viegas Andrade, da Face, do professor Henrique Oswaldo Gama Torres, da Faculdade de Medicina da UFMG, e dos doutorandos Alexandre de Queiroz Stein, da UFMG, e Felipe Silva Amaral, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Desafios futuros
O estudo foi apresentado pela reitora Sandra Goulart Almeida e pela equipe de pesquisadores à Ebserh, no dia 4 de junho, em Brasília, conforme recomendação do Conselho Universitário, que após apreciação do trabalho na sessão do dia último dia 23 de abril também sugeriu a criação de uma comissão de acompanhamento designada pelo Conselho Diretor do HC-UFMG e a realização de um novo estudo em 2026.
“Acredito que o estudo, que traz uma reflexão dos dez anos da contratualização da UFMG com a Ebserh para a gestão do HC-UFMG, foi realizado em um momento oportuno e importante. O estudo traz uma reflexão do impacto deste contrato a partir de dados e informações que foram levantados e registrados, apresentando uma avaliação detalhada, que possibilita a discussão e o planejamento dos rumos da gestão do hospital”, afirma o superintendente do hospital, Alexandre Rodrigues Ferreira, também professor da Faculdade de Medicina da UFMG.
Ele pondera que o relatório também aponta desafios a serem enfrentados: “inserção docente, autonomia, relações de trabalho e manutenção do atendimento da alta complexidade, além de sustentabilidade financeira, avanços no parque tecnológico, gestão e qualificação da assistência, já identificados no período analisado”, cita. O superintendente informa que a recomendação da criação de uma comissão de acompanhamento, conforme decisão do Conselho Universitário, será apreciada pelo Conselho Diretor do HC.
A reitora da UFMG salienta a importância do estudo acadêmico, o primeiro realizado, considerando-se toda a rede Ebserh. “O estudo científico aponta rumos importantes para mantermos a relevância do HC como hospital universitário, com ações de ensino, pesquisa e extensão, ao mesmo tempo em que tem um papel crucial na assistência e na rede SUS de Belo Horizonte e da região. O acompanhamento deste trabalho nos permitirá estabelecer as políticas necessárias para manter a relevância do nosso HC", afirma.
Alessandra Ribeiro
Diretoria de Comunicação da UFMG