Séries Especiais
SÉRIE PESQUISADOR E CIÊNCIA
Experiência para atuar fora da “caixinha”
Pesquisadoras dos centros: HU-Furg, Faculdade de Medicina/Furg e Inca, que atuam na primeira etapa do estudo
Brasília (DF) - Uma vacina terapêutica que faça o próprio sistema imune do indivíduo ser capaz de controlar a infecção pelo HIV-1 a níveis indetectáveis, sem a necessidade de uso da terapia antirretroviral (TARV), está sendo desenvolvida por um grupo de centros de pesquisas. O projeto é liderado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), incluindo o Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr. da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), no Rio Grande do Sul (RS), um dos 41 hospitais universitários vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A promessa é de maior comodidade para pessoas que vivem com HIV, considerando os efeitos colaterais da terapia antirretroviral e a dificuldade de adesão ao tratamento.
“Ter um estudo envolvendo o desenvolvimento de uma vacina terapêutica, baseado em amostras dos nossos pacientes, é a principal motivação para que o nosso grupo esteja sempre empenhado em participar de estudos e projetos como esse”, afirmou a pesquisadora Luísa Dias da Mota, responsável técnica do Laboratório de Apoio e Diagnóstico em Infectologia (Ladi) do HU-Furg. A instituição é referência para o atendimento de pessoas vivendo com HIV/Aids (PVHIV) para 21 municípios da 3ª e 7ª Coordenadorias Regionais de Saúde do RS.
Luísa sempre atuou em pesquisas com enfoque no HIV/Aids e, desde a aprovação no concurso da Ebserh, responde pelo Laboratório de Apoio e Diagnóstico em Infectologia (Ladi) do HU-Furg. “A experiência que tive durante o período acadêmico sob a temática do HIV foi fundamental para a função que eu exerço hoje na instituição. Além de trabalhar na assistência diagnóstica, também estou envolvida nas atividades de pesquisa”, contou.O estudo encontra-se em fase inicial, podendo, no futuro, ser uma alternativa terapêutica para as pessoas que vivem com HIV. “Os avanços aplicados às áreas da saúde, nas últimas décadas, não seriam possíveis sem pesquisas cientificas sérias e de qualidade. Ilustrando a pandemia do HIV, veja o que avançamos desde os primeiros casos relatados em 1981. Fármacos, exames diagnósticos, estudos de cura e agora estudos de vacinas”, lembrou.
Para Luísa, a ciência é necessária, fundamental e imprescindível para a solução de problemas, além de “aguçar o pensamento crítico, preparar os profissionais para o enfrentamento de desafios e, sem dúvida, melhorar a qualidade de vida das pessoas”, destacou. Sobre a possibilidade de participar de um estudo multicêntrico, ela ressalta a importância da estrutura oferecida pela Rede Ebserh, bem como a tecnologia e a expertise dos recursos humanos do Inca.
“Nós, do HU-Furg/Ebserh, temos um serviço estruturado e organizado que abrange desde a chegada do paciente até o seu acompanhamento. Esses serviços, sem dúvida, foram beneficiados e otimizados com a chegada da Rede Ebserh; nós temos o acesso ao paciente, o que não é tão fácil quando se trata de pesquisas envolvendo PVHIV, principalmente, pelo estigma da doença, que ainda existe. E por outro lado contamos também com a tecnologia de ponta do Inca. Então, uma instituição complementa a outra”, enfatizou.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Luna Normand, com revisão de Andreia Pires
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh