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Eventos adversos no pós-vacinação da Covid-19 são tema de estudo realizado por hospital da Rede Ebserh em Salvador (BA)
Salvador (BA) – Um trabalho único e inovador na rede de hospitais administrados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), sobre a farmacovigilância das vacinas de Covid-19, foi publicado como artigo na Revista Brasileira de Farmácia Hospitalar e Serviços de Saúde (RBFHSS). Trata-se de uma pesquisa da equipe do Setor de Farmácia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), que realizou um estudo observacional descritivo dos eventos adversos pós-vacinação (EAPV) identificados e notificados através do autorrelato por trabalhadores em saúde do Hospital.
Segundo informou o chefe do Setor de Farmácia Hospitalar do Hupes, Leonardo Kister, o processo de desenvolvimento de uma nova vacina ocorre em torno de 10 anos ou mais, porém, no caso das vacinas contra a Covid-19, o curto tempo para sua elaboração pode ser atribuído ao conhecimento acumulado na utilização de diferentes plataformas para os surtos da SARS-CoV, em 2002, e MERS-CoV, em 2012, somado aos esforços integrados e elevado financiamento. Ele complementou que adicionado a isso, as novas plataformas tecnológicas das vacinas não dependem do cultivo do vírus. “Por outro lado, como todo produto novo, seu uso impõe desafios e demanda acompanhamento após registro, devido à escassez de dados de segurança”, disse Leonardo.
Leonardo Kister explicou que, desde o início da campanha de vacinação no Brasil, cerca de 200 vacinas estavam sendo estudadas em ensaios pré-clínicos ou clínicos e, até fevereiro de 2021, havia quatro vacinas aprovadas no país: Oxford/Covishield (Fiocruz e Astrazeneca) e Coronavac (Butantan) para uso emergencial e Comirnaty (Pfizer/Wyeth), com registro definitivo. Em abril de 2023, as vacinas Cominarty bivalente (Pfizer) e Janssen Vaccine (Janssen-Cilag) foram aprovadas no País. “Assim, diante da limitação de dados clínicos e a campanha de vacinação inicialmente voltada para os profissionais da saúde como grupo prioritário, conhecer a ocorrência dos EAPV foi de grande relevância e contribuição para o Programa Nacional de Imunização (PNI)”, completou Leonardo.
Além de Leonardo Kister, o artigo publicado também tem como autores as integrantes do Setor de Farmácia do Hupes, Geisa de Queiroz Almeida, Glaucia Noblat Santos e Ivellise Costa Sousa, Antônio Carlos Noblat, do Centro de Farmacovigilância do Hupes, e Lúcia Costa Noblat, da Faculdade de Farmácia da UFBA.
Eventos adversos pós-vacinação
Os eventos adversos pós-vacinação (EAPV) compreendem qualquer ocorrência médica indesejada após o uso da vacina, podendo ou não ter sido ocasionados por elas e são assim denominados quando possuem relação temporal de até 30 dias após a vacinação. Leonardo destacou que diversos aspectos podem influenciar na ocorrência dos EAPV e devem ser considerados no processo de investigação, sendo eles: fatores relacionados ao vacinado, tipo de vacina administrada e tecnologia envolvida no processo, dentre outros. A notificação imediata do EAPV é fundamental, especialmente no contexto de novos imunizantes, tendo em vista a necessidade da minimização do impacto negativo ao PNI.
Resultados do estudo
Como resultado, foram incluídos nesse estudo, 225 registros de EAPV envolvendo as vacinas Oxford/Covishield (Fiocruz e Astrazeneca), Coronavac (Butantan), Comirnaty (Pfizer/Wyeth). Os eventos adversos locais foram mais frequentes na terceira dose e os sistêmicos na primeira dose. Dor, endurecimento e inchaço foram os sintomas locais mais presentes. Os sistêmicos incluíram fadiga, cefaleia, dor muscular e febre. Não foram notificados eventos graves e os achados desse estudo sugerem que as vacinas utilizadas contra Covid-19 na população investigada apresentaram bom perfil de segurança.
Confira o artigo “Autorrelato de eventos adversos pós-vacinação contra COVID-19 por trabalhadores em saúde de um hospital universitário” neste link.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), faz parte da Rede Ebserh desde 2012. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Rosenato Barreto, com revisão de Danielle Campos e edição de Raoni Santos
Coordenadoria de Comunicação Social
Foto: Ilustração. Fonte Freepik.