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Estudo mostra que a vacinação para covid fornece proteção eficaz contra o aumento do risco de complicações na gravidez
Os pesquisadores estudaram 1.545 gestantes com diagnóstico da variante e 3.073 mulheres grávidas concomitantes, não diagnosticadas, como controles
São Luís (MA) – A rede global liderada pelo Instituto de Saúde Materna e Perinatal de Oxford (OMPHI) da Universidade de Oxford publicou na revista The Lancet os resultados do estudo multicêntrico Intercovid, realizado em 41 hospitais de 18 países, incluindo o Brasil, em que o Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão, vinculado à Rede Ebserh/MEC (HU-UFMA/Ebserh/MEC), foi o único participante.
O estudo é coordenado por pesquisadores da área perinatal da Universidade de Oxford e avaliou o impacto da variante Omicron da covid-19 em resultados maternos e neonatais, fornecendo informações robustas e baseadas em evidências sobre seus efeitos na gravidez. Ele evidenciou o risco aumentado de formas graves da Covid-19 para mulheres grávidas infectadas e sintomáticas, com SARS-CoV-2 e a importância da vacinação.
Os pesquisadores estudaram 1.545 gestantes com diagnóstico da variante e 3.073 mulheres grávidas concomitantes, não diagnosticadas, como controles. A pesquisa foi realizada entre 27 de novembro de 2021 e 30 de junho de 2022, período durante o qual a Omicron era a variante preocupante. Como conclusão, os pesquisadores identificaram que a variante Omicron durante a gravidez foi associada a riscos aumentados de morbidade materna, complicações graves na gravidez e internação hospitalar, especialmente entre mulheres sintomáticas e não vacinadas.
Em particular, o risco de pré-eclâmpsia foi maior entre as mulheres com sintomas graves. Mulheres obesas ou com sobrepesos com sintomas graves apresentaram maior risco de complicações graves. Já as mulheres vacinadas ficaram bem protegidas contra sintomas graves de covid-19 e contra complicações, além de risco muito baixo de admissão em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A prevenção de sintomas graves da covid-19 e complicações exige que as mulheres sejam completamente vacinadas, de preferência também com dose de reforço.
O professor de Medicina Perinatal na Universidade de Oxford, José Villar, um dos pesquisadores que coliderou o estudo, falou sobre alguns achados. “Preocupa bastante o fato de que os graves sintomas da doença ocorreram em 4% a 7% das mulheres não vacinadas diagnosticadas com a variante Omicron durante a gravidez. Desta forma, o estudo indica claramente a necessidade de completar o esquema de vacinação durante a gravidez, de preferência com um reforço, para fornecer proteção por pelo menos 10 meses após a última dose. Os serviços pré-natais em todo o mundo devem se esforçar para incluir a vacinação contra a covid-19 na rotina de atendimento às gestantes”.
Já o professor de Medicina Fetal da Universidade de Oxford, Aris Papageorghiou, alertou sobre os riscos de gestantes não vacinarem. “Embora a variante Omicron possa ser menos prejudicial do que as variantes anteriores na população em geral, a grande proporção de mulheres grávidas não vacinadas em todo o mundo ainda correm grande risco. Como é impossível prever quem desenvolverá sintomas ou complicações, é necessária a vacinação completa universal. Infelizmente, a cobertura vacinal entre gestantes ainda é inadequada mesmo em países desenvolvidos”, comentou.
A pesquisadora do HU-UFMA/Ebserh, Marynéa Vale, destacou a relevância da publicação. “Dados do Ministério da Saúde apontam que a mortalidade materna no Brasil registra que as mortes relacionadas a complicações no parto, gravidez e puerpério em relação aos nascidos vivos, aumentou 94% durante a pandemia da covid-19, o que nos fez retroceder a níveis de duas décadas atrás. Importante ainda reforçar a conclusão do estudo sobre a proteção eficaz que a vacinação fornece contra o aumento do risco de complicações na gravidez.
Com informações do HU-UFMA/Ebserh