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Estudo inédito realizado no hospital da Rede Ebserh/MEC em PE avalia efeitos da obesidade e da cirurgia bariátrica nas veias safenas
Recife (PE) – A obesidade e a cirurgia bariátrica não influenciaram no diâmetro ou no refluxo das veias safenas, mas a cirurgia reduziu a classificação clínica de risco para doença venosa crônica. Essa foi a principal conclusão do estudo “Effect of Obesity and Bariatric Surgery on Saphenous Veins” (“Efeito da Obesidade e da Cirurgia Bariátrica nas Veias Safenas”), desenvolvido no Hospital das Clínicas (HC) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e publicado recentemente na revista Obesity Surgery, a mais conceituada do mundo na área de cirurgia bariátrica. O HC é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
“Esse estudo é importante por ser o primeiro trabalho publicado a estudar os efeitos da cirurgia bariátrica e da obesidade sobre as veias safenas”, explica o coordenador da Área Assistencial de Cirurgia Vascular do HC, Esdras Marques, orientador da pesquisa. A pesquisa é a dissertação de mestrado do cirurgião vascular do HC Wendell Medeiros no Programa de Pós-Graduação em Cirurgia da UFPE e foi conduzida nas Áreas Assistenciais de Ultrassonografia Vascular e de Cirurgia Bariátrica do hospital-escola.
O resultado da pesquisa mostrou que pacientes superobesos (pessoas com Índice de Massa Corporal acima de 50) e que também têm sintomas de insuficiência venosa crônica nos membros inferiores (como inchaço, dor, varizes e alterações da pele, como manchas ou até úlceras) não apresentam as veias safenas doentes. “Na população em geral, esses sintomas estão normalmente associados a uma doença grave das safenas. Nos obesos, não. Ao contrário do que se imaginava, as safenas permanecem íntegras mesmo quando há sintomas graves de insuficiência venosa e esses sintomas podem até desaparecer apenas com a cirurgia bariátrica sem a necessidade de uma cirurgia vascular para o tratamento da insuficiência venosa crônica”, ressalta Esdras Marques.
A perda de peso após a cirurgia bariátrica pode reduzir a pressão intra-abdominal, melhorar a mobilidade e, consequentemente, melhorar a hemodinâmica venosa e os sintomas relacionados à doença crônica vascular.
O estudo foi realizado no período de 2019 a 2021 com 19 pacientes do HC-UFPE submetidos à avaliação clínica e por ultrassonografia doppler para analisar as medidas de diâmetro e refluxo das veias safenas antes da realização da cirurgia bariátrica e novamente seis meses e dois anos após a bariátrica. As veias safenas são responsáveis, ao lado de outras veias, por levar o sangue dos pés, pernas e coxas ao sistema venoso abdominal e ao coração.
Além de Wendell Medeiros e Esdras Marques, participaram do estudo Álvaro Ferraz, Fernanda Rocha, Gabriela Buril, Emmanuelle Barros e Silva, Rebecca Caldas e Filipe Câmara.
Com informações do HC-UFPE/Ebserh