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Estudo evidencia alto metabolismo de vitamina B3 durante inflamações
Análise laboratorial. Foto: Edmundo Gomide/UFTM
Resposta de fase aguda é um período em que o sistema imunológico está especialmente ativo, devido a uma inflamação ocasionada por infecções, traumas ou mesmo procedimentos cirúrgicos. Uma pesquisa realizada no Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), demonstra que durante períodos de resposta de fase aguda o corpo humano aumenta a produção de vitamina B3, mas não em quantidade suficiente para atender à necessidade metabólica demandada pelo organismo.
“Foram estudados nove pacientes internados nas enfermarias do HC-UFTM, com idades entre 37 e 72 anos e peso médio de 56,1 kg. Dois deles preencheram os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS) para desnutrição crônica. Todos apresentavam aumento da proteína C-reativa, utilizada para caracterizar a resposta de fase aguda, além de lesões pelagroides na pele, ou seja, áreas escuras entremeadas por lesões escamativas que revelavam pele mais clara subjacente. A manifestação de lesões pelagroides afetava principalmente coxas, pernas e pés”, explicou Daniel Ferreira da Cunha, um dos pesquisadores.
Os autores do estudo relacionam a ocorrência de lesões pelagroides à deficiência de niacina, também conhecida como vitamina B3, encontrada principalmente em carnes magras, leite, ovos, cereais integrais e em legumes, além de frutas e verduras como abacate, tomate, brócolis e cenoura.
De acordo com o médico André Luiz Maltos, a vitamina B3 é sintetizada no fígado a partir de um aminoácido chamado triptofano. Normalmente, 2% do triptofano pode se tornar vitamina B3, nesse processo. Durante a resposta de fase aguda a uma inflamação, entretanto, são ativadas enzimas que oxidam o triptofano em outros órgãos e tecidos, aumentando de 2% para 17% a síntese de vitamina B3 no organismo.
“Nossa hipótese inicial era de que a resposta de fase aguda a inflamações implicasse um aumento da niacina, superando a necessidade do metabolismo, e esse excesso seria eliminado na urina. Contudo, exames mostraram que os nove pacientes excretaram quantidades reduzidas de um metabólito da niacina chamado N1MN. Isso demonstra que, mesmo com o aumento da síntese de vitamina B3 no corpo durante a resposta de fase aguda, a quantidade não foi suficiente para atender às necessidades especiais do período, que demanda muitos nutrientes para reagir à inflamação”, Maltos salienta.
Essa deficiência de niacina, elucida o estudo, é diretamente ligada ao aparecimento das lesões pelagroides durante os períodos de inflamação aguda. Para o combate a essas manchas descamativas na pele, entretanto, a solução não seria suplementação alimentar, mas o combate à inflamação causadora da demanda excessiva de nutrientes.
O estudo foi conduzido pelos médicos André Luiz Maltos, Hélio Vanucchi e Daniel Ferreira da Cunha, além da nutricionista Giselle Vanessa Moraes, a biomédica Marina Casteli Rodrigues Monteiro e o bioquímico-farmacêutico Guilherme Vannuchi Portari, todos ligados à Universidade Federal do Triângulo Mineiro. Os resultados da investigação, em detalhes, serão publicados no periódico Nutrition, que é respaldado por três sociedades internacionais ligadas à Nutrição.
científico Nutrition, que é respaldado por três sociedades internacionais ligadas à Nutrição. Com informações do HC-UFTM