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CIÊNCIA E SEGURANÇA
Estudo desenvolvido no Hospital da Rede Ebserh em Salvador (BA) ajuda na previsão de riscos do paciente e na tomada de decisões
Salvador (BA) - Já imaginou trabalhar na área de saúde e ao mesmo tempo desenvolver um projeto de doutorado que possa empoderar as equipes que atuam nas enfermarias, ajudar na tomada de decisões para evitar eventos adversos, contribuir para melhorar a segurança do paciente e reduzir os custos hospitalares? Pois é isso que está acontecendo no Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), num trabalho que está em andamento e envolvendo as enfermarias do hospital.
Trata-se do projeto de doutorado da enfermeira do Hupes-UFBA, Alessandra Rabelo Gonçalves Fernandes, que é pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas e Estudos em Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), que está desenvolvendo este estudo pioneiro com o projeto de tese intitulado "Validade do National Early Warning Score 2 (NEWS2) e análise da performance dos algoritmos de machine learning na predição da deterioração clínica em pacientes hospitalizados".
O nome complicado e o trabalho complexo da enfermeira escondem uma proposta espantosamente simples: usar esta ferramenta chamada NEWS2 e a inteligência artificial para apontar quais pacientes correm risco de piora clínica, que podem evoluir para óbito ou serem encaminhados para a UTI, já que esta ferramenta cria um sistema de pontuação para o paciente, que é avaliado pela equipe. Nas palavras acadêmicas: avaliar o desempenho das ferramentas na predição da deterioração clínica em pacientes hospitalizados nas enfermarias.
Alessandra explicou que o NEWS2 é um escore de alerta usado no sistema de saúde britânico para identificar os pacientes com risco de agravamento do quadro clínico durante a internação. “No Brasil, ainda não foram conduzidos estudos que explorem e analisem o uso da inteligência artificial e o NEWS2 para prever a deterioração clínica em pacientes hospitalizados em enfermarias, o que torna esta pesquisa inovadora”, disse.
Segundo ela, o projeto está na fase de coleta de dados, que se estenderá até novembro, e, simultaneamente, estão sendo realizadas rodas de conversa nas enfermarias para falar sobre o reconhecimento da piora clínica no âmbito hospitalar, explicar seu projeto e mostrar a importância do registro de dados do paciente.
“A receptividade é boa, os colegas acolheram bem o projeto. Vêem que isso vai trazer melhorias à qualidade da assistência e à segurança do paciente, além de melhorar a comunicação entre a equipe de enfermagem e a equipe médica. Os profissionais têm se comprometido mais com a mensuração dos sinais vitais e o registro correto disso”, avaliou.
Previsão ajuda a prevenir eventos adversos graves
Alessandra afirma que os resultados deste estudo têm o potencial de contribuir significativamente para a prevenção de eventos adversos graves, como parada cardiorrespiratória e morte, no ambiente hospitalar, e na redução de admissões não planejadas em UTI, através da tomada de decisão e tempo de resposta oportuno nas enfermarias. “Adicionalmente, espera-se que a pesquisa promova melhorias na qualidade da assistência e segurança do paciente no âmbito hospitalar”, afirmou.
Segundo ela, a proposta de fazer a avaliação destas ferramentas como um instrumento para ajudar nas decisões a respeito do estado clínico dos pacientes surgiu de sua própria observação como profissional de enfermagem, vendo que alguns pacientes chegavam à UTI já em estado clínico complicado. A partir desta reflexão, ela começou a investigar na literatura ferramentas que o enfermeiro pudesse aplicar à beira-leito, de forma que essa ferramenta discriminasse o risco de o paciente piorar clinicamente.
“Por meio das minhas pesquisas, eu acabei conhecendo o instrumento que eu estou trabalhando no doutorado, que é o National Early Warning Score 2”, disse, lembrando que este trabalho é parte integrante de um projeto maior intitulado "Evidências de Validade de um Escore de Alerta Precoce de Deterioração Clínica em Adultos Atendidos em Unidades Hospitalares e Pré-Hospitalares da Bahia".
Alessandra acredita que este tipo de pesquisa tem grande potencial para a saúde pública. Na prática: mais agilidade na tomada de decisões, melhora na segurança do paciente, possibilidade de monitoramento do paciente, redução de eventos adversos e redução dos custos hospitalares. “Trazer essa ferramenta de apoio clínico nas enfermarias é o mesmo que melhorar a comunicação entre equipe médica e de enfermagem. E quando a gente acaba tendo uma redução de eventos adversos no âmbito hospitalar, a gente tem essas consequências positivas”, concluiu.
Sobre a Ebserh
O Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), faz parte da Rede Ebserh desde 2012. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Sinval Paulino, com revisão de Danielle Campos
Coordenaria de Comunicação Social