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Estudo de hospital da Rede Ebserh na BA aponta tratamento mais eficaz para pessoas com aids avançada
Dados indicam que 65,2% das pessoas altamente imunodeprimidas tratadas com Dolutegravir tinham carga viral menor do que 50 cópias, contra apenas 45,7% das tratadas com Efavirenz.
Salvador (BA) – Um estudo realizado no Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e vinculado à Rede Ebserh, mostrou que o esquema antirretroviral baseado no medicamento Dolutegravir é mais eficaz para pessoas com aids avançada. Até então, não havia na literatura científica informações sobre como o esquema beneficiaria pacientes em estado grave. Com a descoberta, indivíduos nessa condição podem ter mais esperança no tratamento.
Durante a pesquisa, 73,9% dos 92 pacientes que fizeram o tratamento baseado na droga tiveram uma supressão do vírus, contra 47,8% do mesmo número de pacientes que receberam o tratamento baseado no medicamento Efavirenz, que também é comumente usado no combate à doença. Os dados, obtidos na 48ª semana de tratamento, indicam que 65,2% das pessoas altamente imunodeprimidas tratadas com Dolutegravir tinham carga viral menor do que 50 cópias, contra apenas 45,7% das tratadas com Efavirenz.
Para fazer o procedimento, foram selecionados pacientes de centros de referência de cinco cidades brasileiras: Salvador (BA), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC) e Natal (RN). “Nós selecionamos pacientes com a doença avançada, com número de células CD4 [células de defesa] menor do que 50, e comparamos com grupos desses mesmos centros que foram tratados com Efavirenz entre 2013 a 2016, período em que este medicamento era considerado de primeira linha”, explicou Carlos Brites, médico infectologista e pesquisador do projeto.
“Não havia nenhum estudo mostrando qual era a eficácia do tratamento em pacientes mais graves. Nós mostramos que, nesses pacientes, os resultados com o tratamento com Dolutegravir eram bem melhores do que o com Efavirenz. Menos pessoas tiveram que interromper o tratamento, houve uma maior supressão da carga viral nesses pacientes e um ganho maior de células de imunidade CD4. Além disso, a mortalidade foi 25% menor. Esse é o primeiro estudo que mostra que os esquemas baseados nesse medicamento são igualmente eficazes em pacientes graves e são mais eficazes do que o esquema baseado no outro medicamento”, disse.
O estudo, que gerou matéria publicada no MedPage Today, foi apresentado no último dia 30 na 24ª Conferência Internacional de Aids, que ocorreu entre os dias 29 de julho e 2 de agosto em Montreal, no Canadá.
Com informações do Hupes-UFBA/Ebserh