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SÉRIE PACIENTE SEGURO
Estratégias dos Hospitais Ebserh fortalecem a prevenção de quedas
Nesta matéria, você verá:
- A queda pode trazer limitações físicas e danos psicológicos.
- Estratégias de prevenção de quedas nos Hospitais Ebserh.
- Ações educativas potencializadas na campanha deste ano.
Brasília (DF) – O cuidado com o paciente dentro da assistência inclui a preocupação com a sua locomoção e o risco de cair durante o tratamento, circunstância que pode agravar o seu estado de saúde. Por isso, a atenção em torno dessa temática faz com que, todos os dias, sejam montadas estratégias ao observar os possíveis riscos de quedas em cada pessoa atendida nos 41 Hospitais que fazem parte da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). As instituições partem do princípio de que cuidar também é promover a prevenção.
A queda pode trazer limitações físicas e danos psicológicos
A queda do paciente pode acarretar limitações e/ou incapacidades físicas e até danos psicológicos, afirma Emeline Noronha, chefe da Unidade de Gestão da Qualidade e Segurança do Paciente da Maternidade Escola Januário Cicco, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (MEJC-UFRN). Se acontece, pode “trazer insegurança durante sua permanência no Hospital, piora da condição clínica, prolongamento do período de internação, trabalho de parto prematuro (no caso de gestantes) e hemorragias em recém-nascidos, acarretando danos neurológicos ao longo da vida”, elencou.
É relevante entender, também, que a hospitalização aumenta o risco de quedas, especialmente em pessoas com história prévia desse incidente. Isso porque representa uma mudança de ambiente, sendo o leito hospitalar totalmente distinto da casa do paciente, que seria o seu local conhecido e confortável emocionalmente. Além disso, as questões ligadas à condição de saúde têm forte influência, conforme descreve Roxana Teixeira, chefe do Setor de Gestão da Qualidade do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI). “São fatores de risco para ocorrência de quedas a maior idade, as comorbidades, o uso de medicamentos que causam alguma alteração de sentido (tontura, sonolência), o tipo do piso, escadas, altura da cama e pertences longe do paciente”, exemplificou a gestora.
Estratégias de prevenção de quedas
Sabendo dos fatores de risco, os Hospitais Ebserh realizam visitas constantes para mapear locais e circunstâncias de perigo, promovendo intervenções conforme a necessidade observada. Andressa Pereira, chefe do Setor de Gestão da Qualidade do Hospital Universitário Júlio Bandeira, da Universidade Federal de Campina Grande (HUJB-UFCG), esclarece que o protocolo de prevenção de quedas nos Hospitais Ebserh é baseado na Escala de Morse, método que identifica os riscos a partir da resposta feita em questionário aos indicadores pré-estabelecidos. São levados em conta o histórico do paciente (se já caiu ou não), se precisa de auxílio para se locomover (se anda sozinho, ou se precisa de muleta, de apoios), se faz terapia endovenosa, como é a marcha (ritmo de caminhada, se é lenta, normal, cambaleante), e o estado mental (se está orientado ou apresenta alguma confusão). Esse questionário é preenchido todos os dias, para todas as situações de pacientes internados.
Já em 2024, o HUJB-UFCG realizou uma ação de sensibilização com os profissionais das áreas assistenciais sobre este tema, nos dias 31 de janeiro, 1º, 02 e 07 de fevereiro. A dinâmica consistiu na identificação de fragilidades, potencialidades para prevenção e oportunidades de melhoria, com respostas coletadas nesta interação entre os trabalhadores participantes. “Os resultados obtidos dessas atividades serão analisados minuciosamente para informar futuras iniciativas e estratégias de prevenção de quedas, consolidando, assim, os esforços contínuos para criar ambientes mais seguros e saudáveis”, explicou Andressa.
Já na MEJC-UFRN, em 2023, aconteceu a atualização do protocolo de prevenção de quedas para as gestantes e as pacientes ginecológicas internadas. Também a partir da escala de Morse, as pacientes recebem uma classificação em baixo, médio ou alto risco, direcionando as condutas de acordo com esses graus (se for alto, a paciente utiliza uma pulseira amarela como forma de atenção a essa condição). No caso de recém-nascidos, todos são classificados como sendo de alto risco para quedas, então as equipes orientam as mães e acompanhantes, instruindo sobre a pega e, especialmente durante a utilização do chamado ‘pano de marsúpio’ (tecido para amarração e transporte do bebê com o adulto, favorecendo o contato pele a pele) na posição Canguru. Com treinamentos e ações de sensibilização e monitoramento, a adesão da escala Morse saiu de 2% no início de 2023 para 61,12% em dezembro do mesmo ano na Maternidade, segundo Emeline Noronha.
No HU-UFPI, o acompanhamento das situações e dos locais também é feito para intervenções precoces. Ao identificar um risco, a equipe multiprofissional, formada por profissionais da Enfermagem, Fisioterapia, Educação Física, Terapia Ocupacional e Farmácia, entra em ação para as devidas estratégias. Já é uma rotina, também, a realização de, pelo menos, duas capacitações sobre quedas para os trabalhadores da assistência, uma no primeiro e outra no segundo semestre. De forma expressiva, ainda, o protocolo do HU-UFPI foi ampliado, em 2023, para que, além da prevenção de quedas dos pacientes internados, sejam aplicadas estratégias para os pacientes ambulatoriais que vêm realizar procedimentos, sobretudo os mais invasivos que exigem sedação.
Ações educativas potencializadas
Na campanha nacional pela segurança do paciente da Ebserh deste ano, o tema de prevenção de quedas foi alvo de ações educativas no dia 23 de abril. O HUJB-UFCG, a MEJC-UFRN e o HU-UFPI realizaram visitas nas unidades assistenciais para sensibilizar sobre a temática e verificar o cumprimento dos protocolos, visitas que gerarão relatórios onde constarão as boas práticas e pontos de melhoria. A MEJC-UFRN, de forma especial, promoveu uma atividade sobre o uso do pano de marsúpio no transporte intra-hospitalar da mãe com seu bebê.
Confira as reportagens anteriores desta série com as ações educativas para a Campanha Paciente Seguro da Ebserh:
Identificação correta do paciente dá mais segurança aos tratamentos na Rede Ebserh
Cuidados com produtos farmacêuticos utilizados na assistência são rotina de segurança na Rede Ebserh
Limpeza de ambientes e equipamentos reforça segurança microbiológica nos Hospitais Ebserh
Segurança no uso de medicamentos é estimulada em ações desenvolvidas pelos Hospitais Ebserh
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Marília Rêgo, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh