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Especialistas explicam que cefaleia tem tratamento e não deve ser negligenciada
Dores de cabeça quando frequentes e incapacitantes devem ser investigadas. Vários hospitais vinculados à Ebserh têm ambulatórios específicos
Brasília (DF) - A dona de casa cearense Erika Lima, de 30 anos, tem dores de cabeça frequentes há seis anos. Ela é um dos 140 milhões de brasileiros que sofrem com esse mal, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cefaleia. As crises dela diminuíram de quatro anos para cá, graças a uma cirurgia e ao tratamento no Ambulatório de Cefaleias do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), uma das unidades vinculadas à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) a possuir um espaço específico para controlar a doença, que tem o 19 de maio, como o Dia Nacional de Combate à Cefaleia.
“Eu tinha dores horríveis todos os dias. Cheguei a ter uma crise que durou 20 dias. Era um inferno. Mas depois da cirurgia que tive em 2019 removendo dois tumores da hipófise e das medicações para as dores, eu melhorei muito. Minha vida ganhou mais qualidade”, afirma a moradora de Paraipaba, cidade localizada a cerca de 90 km da capital, Fortaleza.
A cefaleia é o termo técnico utilizado para dor em qualquer parte da cabeça, sendo uma das sete doenças mais incapacitantes e o quarto motivo mais frequente de consultas em unidades de urgência em todo o mundo. Existem mais de 100 tipos delas.
“As cefaleias podem ser primárias, aquelas oriundas de uma predisposição genética e são consideradas doenças, como a enxaqueca; e podem ser secundárias quando são sintomas de outras doenças, como meningite e pressão alta, ou surgem por efeito adverso de medicamentos, por exemplo”, explica o neurologista Pablo Coutinho, do Ambulatório de Cefaleia do Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba (HULW-UFPB).
Como a dor de cabeça é um desconforto que quase todo mundo já passou ou passará na vida, quando é o momento de procurar ajuda? “Se a pessoa tem mais de uma crise por semana ou se a crise causa alguma incapacidade, como falta ao trabalho ou interrupção de atividades corriqueiras é hora de buscar avaliação médica. Pacientes portadores de doenças crônicas, como câncer e as autoimunes, ou com infecções crônicas, além das gestantes e puérperas devem ter a dor avaliada”, alerta o neurologista Samuel Ranieri, coordenador do Ambulatório de Cefaleias do CH-UFC.
Controle da dor
A doença não tem cura, mas pode e deve ser controlada. Para isso, mudanças de hábitos são recomendadas para anular os fatores que a desencadeiam como a redução do consumo de alimentos ricos em sal e gordura, cuidado com a qualidade do sono, controle do estresse, uso de óculos com grau correto, prática de atividades físicas, entre outras. Para casos selecionados e com acompanhamento médico, o controle é feito com medicação preventiva, como antidepressivos ou antiepilépticos em baixas doses.
“Para alguns tipos de dor, como os casos agudos de enxaqueca e de determinadas cefaleias, utilizamos o bloqueio do nervo occipital (localizado na parte de trás da cabeça) com o uso de analgésicos e corticoides para quebrar o ciclo da dor com uma boa melhora dos pacientes”, explica o neurologista Marcos Campos, chefe da Unidade de Sistema Nervoso do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), que atende pacientes no Ambulatório de Tratamento da Dor de Cabeça.
As cefaleias podem ainda ocorrer combinadas com outros sintomas. “Nas cefaleias de tensão, há dores musculares no pescoço e ombros. Já na enxaqueca, há fadiga, sensação de estresse, ansiedade, tontura, náuseas e vômito e intolerância à claridade, barulho e cheiros fortes, entre outros”, enumera Samuel Ranieri, do CH-UFC.
Automedicação é perigosa
Os especialistas alertam ainda que quadros de cefaleia podem ser agravados com a automedicação e o uso excessivo de analgésicos. “Esses são os principais fatores que levam uma dor eventual a ficar frequente, além de prejudicar outros órgãos como estômago, fígado e rins. Infelizmente, menos de 5% das pessoas que sofrem com enxaqueca procuram ajuda médica e a grande maioria fica sem diagnóstico e sem tratamento adequado”, ressalta Pablo Coutinho, do HULW-UFPB.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh
Por Moisés de Holanda, com revisão de Marilia Rêgo.