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SAÚDE
Especialistas da Rede Ebserh reforçam a necessidade do combate ao fumo
A ciência prova há décadas que fumo e vida saudável não combinam. Imagem ilustrativa: freepik
Nesta reportagem, você vai ver:
Danos a quem não fuma e até a quem ainda nem nasceu
Relação direta com vários tipos de câncer
Legislação sobre cigarros eletrônicos será discutida
Brasília (DF) – Mais de oito milhões de pessoas morrem no mundo todos os anos em decorrência de doenças provocadas pelo uso do fumo. Traduzindo esse dado da Organização Mundial da Saúde (OMS), ele equivale à população de um país do porte do Paraguai. No Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, os especialistas da Rede Ebserh reforçam a importância de evitar essa droga.
O tabagismo é causa de uma série de doenças com malefícios físicos e psíquicos e prejuízos aos sistemas de saúde mundo afora, sendo responsável pela grande maioria de mortes em casos de câncer de pulmão, infarto e derrames cerebrais. O fumo é o maior causador de mortes evitáveis do planeta.
Danos a quem não fuma e até a quem ainda nem nasceu
O fumo prejudica não só o seu usuário, mas quem está ao redor (15% das mortes por uso de tabaco são de fumantes passivos, as pessoas expostas rotineiramente à fumaça). O cigarro prejudica até quem ainda não nasceu. Os impactos do tabagismo na gestação são graves e podem provocar a prematuridade, o abortamento e a morte súbita infantil, além de repercussões graves ao longo de toda a vida, como malformações congênitas e alterações neurológicas, que provocam danos ao desenvolvimento cognitivo e psicomotor da criança.
“As substâncias nocivas do cigarro interagem na placenta promovendo alterações que impactam o bebê, que cresce pouco e pode sofrer malformações. É como se o bebê virasse um fumante ativo”, alertou a ginecologista obstetra Lorena Magalhães, da Maternidade Climério Oliveira, da Universidade Federal da Bahia (MCO-UFBA). Ela ressaltou que o fumo pode provocar o descolamento prematuro de placenta, podendo levar o bebê a óbito, caso o parto não seja imediato.
Baseada em estudos, a médica informa ainda que o fumo na gravidez é responsável por 20% dos fetos com baixo peso ao nascer, por 8% dos partos prematuros e por 5% das mortes perinatais. “Quanto mais a gente disseminar a ideia de a mulher parar de fumar ao descobrir que está grávida melhor será para a sua gestação e para o bebê”, comentou Lorena. O tabagismo coloca em risco a saúde das mães e de seus filhos, com potenciais problemas cardíacos, alergias, distúrbios do sono e infecções respiratórias. “Bebês expostos ao fumo passivo têm maior risco de morte súbita e de doenças pulmonares até um ano de idade”, completa Lorena Magalhães.
Um combo de enfermidades
O cirurgião torácico e superintendente do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT), Antônio Oliveira, explica que o cigarro possui mais de 4.700 substâncias, sendo 43 delas reconhecidamente cancerígenas. “Além de ser o principal fator de risco para o câncer de pulmão, o cigarro também está relacionado a outras neoplasias e doenças vasculares, como predisposição ao infarto e ao AVC”, comentou o especialista.
Aliado ao fumo, outra fonte de preocupação da comunidade científica é o aumento significativo de usuários de cigarro eletrônico. “O grande problema é que, por não ser regulamentado, não sabemos ao certo quais substâncias estão contidas nesses dispositivos. A nicotina é uma delas, a responsável por causar a dependência, e está em concentração muito alta”, destaca Antônio Oliveira.
Além da nicotina, os cigarros eletrônicos possuem em sua fórmula metais pesados e substâncias que podem se decompor em carcinógenos. “Também podemos dizer que devido à facilidade de uso, a frequência de utilização dos cigarros eletrônicos é mais alta, o que acaba aumentando a dependência e expondo as pessoas a uma maior quantidade de substâncias provavelmente tóxicas”, ponderou Oliveira.
Relação direta com vários tipos de câncer
Diversos tipos de câncer têm relação direta com o uso de cigarro, o que configura um grave e preocupante problema de saúde pública mundial, segundo o chefe da Unidade de Hematologia, Hemoterapia e Oncologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE), Luiz José Batista. “O câncer de pulmão é o mais significativo, com o fumo sendo responsável por 85% a 90% dos casos. Outros tipos de câncer provocados pelo fumo incluem os tumores de cabeça e pescoço (como boca, garganta e laringe), tumores de bexiga, rim, estômago, esôfago, colorretal, colo uterino, fígado e leucemia mieloide”, citou.
O especialista explicou que substâncias nocivas do fumo, como aquelas presentes no alcatrão, desempenham um papel central no aumento do risco de câncer, principalmente por causar danos diretos às células. “Quando essas substâncias entram no corpo, elas podem induzir mutações no DNA, desregulando o crescimento celular e criando condições propícias para a formação de tumores. Além disso, o fumo gera inflamação crônica em vários tecidos dos nossos órgãos, o que, por sua vez, favorece ainda mais o desenvolvimento de células cancerígenas”, revelou Batista.
Além de promover essas mutações, o fumo enfraquece o sistema imunológico, diminuindo a capacidade de identificar e destruir células anormais antes que elas se transformem em tumores malignos. “O tabagismo promove o estresse oxidativo, um processo em que os radicais livres (moléculas altamente reativas) causam danos adicionais às células, criando um cenário ideal para o surgimento de diferentes tipos de câncer”, complementou Luiz José Batista.
Legislação
O tema está em alta. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado pautou para o próximo dia 3 de setembro um projeto de regulamentação dos cigarros eletrônicos no Brasil, sugerindo regras, como a venda para menores de 18 anos e proibição da oferta com visual e sabores atrativos ao paladar infantil. Oitenta entidades médicas e de pesquisa científica já se posicionaram contrárias e enviaram carta aos parlamentares pedindo a rejeição do projeto, no último dia 19 de agosto.
A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil desde 2009. Em abril passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após novas análise científica, decidiu manter o veto a esses dispositivos.
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Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Moisés de Holanda, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh