Notícias
CUIDADO
Especialistas da Rede Ebserh reforçam a importância da prevenção para combater a meningite
freepik: O diagnóstico precoce e o tratamento adequado em ambiente hospitalar são fundamentais para o manejo eficaz da doença
Nesta matéria você verá que:
Meningite uma inflamação que requer atenção médica
Há vacinas disponíveis na rede pública para prevenir a meningite
Ebserh tem hospitais referência no tratamento de meningite
Brasília (DF) – Prisciane Cardoso da Silva é uma mãe exemplar que entende a importância da vacinação como forma de amor e cuidado. Ao imunizar seus dois filhos, Laís (8 anos) e Marcelo (10 meses), pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ela assegurou a proteção deles contra diversas doenças, incluindo a meningite, uma doença grave que pode afetar pessoas de todas as idades. Ela ressalta a necessidade de manter a Caderneta de Vacinação atualizada: “Todas as vacinas são importantes para garantir a proteção dos nossos filhos e sempre cuidamos o calendário vacinal deles, principalmente porque eles convivem com outras crianças. Não temos muitos casos de meningite na nossa região e eu acredito que a vacinação
tenha um papel importante nisso”.A vacinação é a melhor forma de prevenção, e no Brasil, o SUS oferece gratuitamente um calendário completo de imunização por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI). Prisciane, que trabalhou na UTI Pediátrica do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), destaca que a vacinação é um “acordo coletivo que protege a todos, até os que não podem ser vacinados”.
Esse exemplo de dedicação materna coincide com o Dia Mundial de Combate à Meningite, 24 de abril, data que destaca a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento da doença. Nesta matéria, especialistas de diversos Hospitais Universitários Federais (HUFs), vinculados à Ebserh, reforçam que a prevenção é fundamental para garantir a saúde e o bem-estar de todos. Confira.
Uma inflamação que requer atenção médica
A infectologista do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), Francielly Marques Gastaldi, explica que “a meningite é a inflamação das meninges, membranas que protegem o cérebro e a medula espinhal, sendo mais comum de etiologia (causa) infecciosa”. Os principais sintomas incluem cefaleia, febre, dor e rigidez de nuca, náuseas e vômitos, irritabilidade ou sonolência, confusão mental e crises convulsivas.
A médica também ressaltou que “a meningite pode ser causada por vírus, bactérias, fungos, protozoários, dentre outros. Teoricamente, qualquer patógeno pode dar meningite”. A forma mais comum é a viral, que geralmente apresenta quadros autolimitados e menos graves. Já a forma bacteriana é mais temida devido à sua gravidade e evolução mais rápida, o que pode resultar em maior chance de morte. Outros tipos de meningite são menos comuns e necessitam de investigação especializada.
A infectologista do Hospital Universitário Lauro Wanderley da Universidade Federal da Paraíba (HULW-UFPB), Clarissa Madruga, destacou a importância do diagnóstico precoce da meningite, que começa com o exame físico e a história do adoecimento. Os pacientes podem apresentar febre alta, cefaleia intensa holocraniana (que acomete toda a cabeça), vômitos e rigidez de nuca. “E, neste ponto, é importante destacar que não é a dor na nuca, e sim a impossibilidade de fletir o pescoço e encostar o queixo no peito”, explicou a especialista. Além desses sintomas, podem ainda ser encontrados pequenos pontos vermelhos ou marrons que surgem na pele e pequenos sangramentos sob a pele, que indicam gravidade; desorientação, agitação ou sonolência podem fazer parte de um quadro mais grave.
Após a avaliação inicial, o médico realiza o exame confirmatório por meio da coleta de líquor cefalorraquidiano (LCR), um líquido que circula por todo o cérebro e medula e deve ser coletado na base da coluna, por meio da punção lombar. A coleta desse material vai indicar se a causa da meningite é bacteriana, viral ou por outros agentes.
“O tratamento depende do agente causador e sempre deve ser realizado em ambiente hospitalar, com antibióticos, por via venosa, e outras medicações de suporte. O tempo de internação depende da causa da meningite”, salientou Clarissa. É importante ressaltar que a meningite pode deixar sequelas, com riscos que variam conforme a idade do paciente. Nos bebês, há risco de atraso no desenvolvimento neuropsicomotor, enquanto em todas as faixas etárias há risco de perda auditiva.
Vacinas disponíveis na rede pública para prevenir a meningite
Do Hospital Universitário Júlio Muller, da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT), a infectologista Danyenne Rejane de Assis esclareceu que “as vacinas do calendário básico vacinal para crianças, adultos e idosos podem prevenir alguns tipos de meningite como por tuberculose, sarampo, Haemophylus influenza, pneumococo e meningococo”.
No entanto, para as meningites virais ocasionadas por enterovírus, as mais comuns, não há vacina disponível. Nesses casos, recomenda-se evitar o contato próximo com pessoas infectadas e manter a higienização frequente das mãos. Também, medidas como o uso de repelentes e roupas adequadas podem ajudar a diminuir a exposição a picadas de mosquitos, que podem transmitir vírus causadores de meningite, no caso das arboviroses: dengue, zika e chikungunya. Além disso, para casos específicos de meningite bacteriana aguda meningocócica ou por H. influenza tipo B, é recomendado que pessoas que tenham tido contato prolongado com um paciente que tem a doença, recebam quimioprofilaxia pós-exposição.
A infectologista enfatizou que a prevenção de algumas formas de meningite é contemplada pelas vacinas disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e pelos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIEs) para populações específicas. O Ministério da Saúde recomenda sete vacinas para prevenir a meningite, que estão disponíveis gratuitamente pelo SUS nas mais de 49 mil salas de vacinação em todo o país.
Ebserh tem hospitais referência no tratamento de meningite
O Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), integrante do Complexo Hospitalar Universitário da Universidade Federal do Pará (CH-UFPA), é um dos HUFs vinculados à Ebserh que se destaca como referência no tratamento de meningite. Com uma média de 80 a 110 atendimentos por mês, o Hospital realiza em média 10 diagnósticos positivos ao mês.
O infectologista Lourival Marsola reforçou a importância da prevenção das meningites por meio de vacinas e destacou “a necessidade de manter o ambiente ventilado, especialmente durante o período de chuva (inverno), para evitar a aglomeração e propagação da doença. Além disso, é importante higienizar as mãos e da conscientização das crianças sobre essa prática”.
A meningite pode afetar pessoas de todas as idades e representa uma doença grave devido à sua natureza infecciosa e ao comprometimento do sistema nervoso central. Crianças e idosos podem ser mais suscetíveis a complicações e sequelas. É essencial que qualquer pessoa que apresente sintomas de infecção aguda, como febre, busque atendimento médico para investigação adequada. Os pais devem estar atentos a sinais de alerta em crianças, como irritabilidade e perda de apetite, e procurar assistência médica caso necessário.
Diante da gravidade da meningite, o infectologista destacou que “a equipe médica que atende casos suspeitos de meningite deve estar preparada para realizar o diagnóstico diferencial e coletar o líquido cefalorraquidiano (LCR) para investigação. O tratamento deve ser iniciado imediatamente na suspeita da doença e internação para observação”. E finalizou: “Meningite é emergência médica, então, na suspeita, é fundamental buscar assistência médica para iniciar o tratamento e internação para observação”.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh