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NOVEMBRO AZUL
Especialistas da Ebserh alertam para diagnóstico precoce do câncer de próstata, que aumenta a chance de cura
Novembro Azul tem como objetivo promover conscientização para um maior cuidado do homem com a sua saúde
Brasília (DF) - Segundo tipo mais comum entre os homens (atrás apenas do tumor maligno de pele não melanoma), o câncer de próstata tem evolução silenciosa e não pode ser evitado, mas o diagnóstico precoce aumenta a chance de cura, que chega a 90% dos pacientes que descobrem cedo a doença. Daí a importância da campanha Novembro Azul, que promove a conscientização e reforça os cuidados com a saúde dos homens, incentivando-os a buscar atendimento nas Unidades Básicas de Saúde espalhadas pelo Brasil, a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS). Especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), esclarecem sobre o tratamento.
Existe um momento-chave para esse maior cuidado em relação ao câncer de próstata? “Os homens devem procurar o urologista a partir dos 50 anos para avaliação e realização do exame anualmente, mas se há histórico desse câncer na família, é necessário antecipar para os 45 anos. Por meio da dosagem dos antígenos específicos da próstata (PSA, da sigla em inglês) ou pelo toque retal, é possível perceber uma alteração provocada pelo tumor. Com essa suspeita, o paciente é encaminhado para a realização da biópsia prostática que dará o diagnóstico”, explica o chefe da Unidade do Sistema Urinário do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE), Fábio Vilar.
Coordenador do Centro de Treinamento e Educação Cirúrgica (Cetec) do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), o urologista Marcelo Esteves destaca que os homens vivem, em média, sete anos menos do que as mulheres e uma das causas para essa diferença é a resistência a realizar um cuidado maior com a saúde. “Por uma série de questões culturais e educacionais, geralmente, eles só procuram o serviço de saúde quando perdem sua capacidade de trabalho. Com isso, perde-se um tempo precioso de diagnóstico precoce ou de prevenção, já que chegam ao serviço de saúde em situações-limite”, afirma Esteves.
Como diversos tipos de câncer, o de próstata é silencioso. Muitos homens não apresentam sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata, como dificuldade de urinar ou frequência elevada de micção. Daí, a importância do exame para chegar ao diagnóstico preciso. Já na fase avançada, o paciente pode apresentar dor óssea e sintomas urinários e evoluir para infecção generalizada ou insuficiência renal.
“O Novembro Azul tem o diagnóstico precoce do câncer de próstata como carro-chefe, mas é importante destacar que também é uma campanha de conscientização para a saúde e bem-estar do homem, estimulando a realização de exames de rotina das taxas de glicose e pressão arterial, avaliação do peso e estímulo a hábitos saudáveis, como atividade física e alimentação adequada”, salienta o chefe da Unidade de Transplantes e coordenador do Serviço de Urologia do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (HUOL-UFRN), José Hipólito Júnior.
Tratamento
Marcelo Esteves explica que quando o câncer é diagnosticado no início e está localizado ainda dentro da próstata, com a cirurgia, por exemplo, é possível curar entre 85% e 90% dos pacientes. “Se o tumor já estiver avançado e saído da próstata, a eficiência do tratamento cai muito e, nesses casos, a intenção não é mais curativa, e sim, paliativa. Por isso, é fundamental que todos os homens procurem um urologista para um diagnóstico preciso”, alerta.
As opções de tratamento do câncer de próstata vão depender do estágio da doença. “Se o tumor for detectado no começo, o tratamento pode ser cirúrgico ou por radioterapia. Se a doença estiver mais avançada, existem alternativas, como hormonioterapia e quimioterapia, todas ofertados pelo SUS”, esclarece Fábio Vilar.
Os especialistas dos hospitais da Rede Ebserh são unânimes em afirmar que a questão cultural impede a detecção precoce da doença por desinformação e preconceito. Isso agrava o quadro de saúde. “Os homens relutam em realizar o exame de toque retal devido ao preconceito típico do machismo. Vagarosamente, isso vem diminuindo, mas, infelizmente, muitos ainda não buscam ajuda no consultório por receio de se submeter ao exame do toque retal. Este exame é rápido e indolor. O homem inteligente é o homem que se cuida”, relata Marcelo Esteves.
Mais Novembro Azul
A campanha internacional “Novembro Azul” teve origem na Austrália, em 2003, e foi comemorada no Brasil pela primeira vez cinco anos depois. O 17 de novembro é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. Em celebração à iniciativa, diversos hospitais da Rede Ebserh vão realizar ações educativas e mutirões de cirurgias ao longo deste mês. Um deles é o HUOL-UFRN, que realizará nesta quinta-feira (2), um mutirão de cirurgias de próstata com 20 pacientes encaminhados pela Regulação da Secretaria Estadual de Saúde.
“Vamos operar pacientes que têm próstata crescida e dificuldade para urinar. Boa parte deles estão usando sonda. Eles têm indicação cirúrgica, já que os medicamentos não conseguem controlar esse crescimento da próstata e os sintomas provenientes dele”, explica José Hipólito.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), mais do que qualquer outro tipo, o câncer de próstata é considerado da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem em pacientes a partir dos 65 anos. No Brasil, a estimativa de 2023 indica 72 mil casos novos. Já o número de mortes chegou a 16.301, em 2021, segundo o Atlas de Mortalidade por Câncer mais atualizado.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Moisés de Holanda, com revisão de Danielle Campos