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Saúde mental
Especialista da Rede Ebserh/MEC explica a relação entre saúde mental e transtornos alimentares
Programa do HU-UFJF/Ebserh/MEC realiza abordagem a paciente com transtornos psiquiátricos graves
Juiz de Fora (MG) – Transtornos alimentares, como a anorexia e bulimia nervosas, comprometem significativamente a saúde física e o aspecto psicossocial. É o que relata o médico psiquiatra responsável pelo Programa de Tratamento de Transtornos Alimentares (Protal) do Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, vinculado à Rede Ebserh/MEC (HU-UFJF/Ebserh/MEC), Alexandre Rezende. “São transtornos graves, a anorexia nervosa, por exemplo, possui a maior taxa de mortalidade entre os transtornos mentais, seja por suicídio, seja pelas complicações oriundas do estado nutricional dos pacientes”.
Criado em 2018 e único na região, o programa voltou a atender novos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Em função da pandemia, o programa estava realizando apenas o acompanhamento de pacientes que já eram atendidos. Além de preencher uma lacuna na assistência pública a esse tipo de transtorno mental grave, o programa também atende a necessidade de formação dos residentes em psiquiatria, que precisavam de um treinamento mais específico para diagnóstico e tratamento desses transtornos.
Leia a entrevista do médico a seguir:
O que são os transtornos alimentares?
São transtornos caracterizados por uma perturbação persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação, que resulta no consumo ou na absorção alterada de alimentos e compromete significativamente a saúde física ou o funcionamento psicossocial. São transtornos graves. A anorexia nervosa, por exemplo, possui a maior taxa de mortalidade entre os transtornos mentais, seja por suicídio, seja pelas complicações oriundas do estado nutricional dos pacientes.
Como é feito o tratamento?
Para o enfrentamento dessas condições, é necessário um trabalho multiprofissional e interdisciplinar. Por isso, no HU-UFJF/Ebserh/MEC contamos com uma equipe composta por psiquiatras, psicólogos, nutricionistas e enfermeiro, além de alunos de graduação e pós-graduação, alunos de extensão e residentes.
Houve um aumento desses transtornos durante a pandemia?
Nos últimos anos, houve um inegável aumento da prevalência dos transtornos alimentares. Desde o início do século XXI, a prevalência ao longo da vida mais do que dobrou nesses últimos 20 anos. Ainda não há informações objetivas sobre o aumento do número de casos durante a pandemia, mas houve, sim, uma mudança na relação com a comida nesse período, levando a uma proporção alta de pessoas que ganharam peso na quarentena, e o Brasil tem destaque nesse cenário. As pessoas reduziram a frequência de atividade física, aumentaram o consumo de álcool, passaram a se alimentar mais como forma de minimizar suas angústias e ansiedade, o que chamamos de “comer emocional”.
Os distúrbios alimentares têm um perfil social?
Em geral, os transtornos alimentares possuem diversos fatores de risco, tais como baixa autoestima, uma condição de insatisfação com o corpo, o que levará a uma relação disfuncional com a alimentação, preocupações exageradas com o peso e uma valorização exagerada da magreza. Esse culto à magreza é algo muito presente na nossa cultura, reforçado pelas mídias sociais. Um outro ponto com o qual devemos tomar muito cuidado é a realização de dietas sem a devida orientação de um profissional habilitado, principalmente aquelas muito restritivas, o que pode se constituir num fator precipitante para um transtorno alimentar.
Como as pessoas sabem que podem estar sofrendo de um distúrbio alimentar?
Muitas vezes eles não têm crítica acerca dos seus comportamentos (não os reconhece como disfuncionais e inadequados), como no caso da anorexia nervosa, ou têm vergonha de assumir suas práticas, como na bulimia nervosa e no transtorno de compulsão alimentar. Assim, deve-se ficar muito atento quando alguém, algum familiar, amigo, colega de trabalho ou pessoa próxima começa a demonstrar insatisfação com o corpo e com o peso, passando a se preocupar em demasia com a alimentação, começa a fazer dietas muito rígidas, ou tem uma rotina intensa de exercícios físicos. Além disso, prestar atenção em episódios de ingestão de grande quantidade de comida, sinais de indução de vômitos e diarreia frequente, e perda acentuada de peso.
Sobre a Rede Ebserh
O HU-UFJF faz parte da Rede Ebserh desde novembro de 2014. Estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Vinculados a universidades federais, essas unidades hospitalares possuem características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh/MEC atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Com informações do HU-UFJF/Ebserh/MEC