Notícias
GESTAÇÃO
Especialista da Rede Ebserh fala dos cuidados a gestantes durante a pandemia da Covid-19
Vulnerabilidade emocional aumenta a ansiedade da gestante e requer cuidados, diz especialista
Natal (RN) – O Ministério da Saúde (MS) já havia publicado, em seu boletim epidemiológico, a inclusão de gestantes de alto risco e de puérperas como grupo de risco da Covid-19. A ampliação da classificação, incluindo todas as grávidas no grupo de risco de contaminação do novo coronavírus, na última sexta-feira, dia 10, veio a partir do registro de mortes de gestantes no país, algumas até com histórico de vida saudável e sem doenças preexistentes. O isolamento social, já recomendado pelos médicos, agora ganhou mais força. Segundo o MS, gestantes e puérperas devem ficar em casa.
O ginecologista e obstetra da Rede Ebserh, Ricardo Cobucci, que atua na Maternidade Escola Januário Cicco, instituição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Mejc-UFRN/Ebserh, ressalta que todo cuidado é pouco, até mesmo pela própria condição de risco da gestação que cursa com queda da imunidade, alterações que podem predispor o surgimento de quadros graves da Covid-19 e por algumas gestantes, nesse tempo de pandemia, modificarem seu estado emocional, que fica fragilizado.
"A condição de vulnerabilidade emocional, o fato de não saber quando este período de quarentena vai passar, se vai durar toda a sua gestação, só aumenta a ansiedade da gestante e requer cuidados", afirma o especialista.
Veja a entrevista com o especialista.
1. Quais riscos a grávida corre neste período de pandemia?
São os mesmos que toda população corre. O risco de contaminação é alto se não seguirem as orientações que o MS e a Organização Mundial de Saúde (OMS) preconizam: lavagem das mãos com água e sabão frequentemente; uso de álcool gel a 70% em situações que não for possível lavar as mãos com água e sabão; usar máscara quando for extremamente necessário se deslocar nas ruas, seja para uma consulta do pré-natal, para a realização de exames ou uma ida à maternidade; manter o isolamento social, ficando em casa; evitar contato próximo e íntimo com as pessoas como abraço e aperto de mão; afastar-se de pessoas do grupo de risco, como idosos e as próprias gestantes; em casa ter medidas de higiene como a lavagem de frutas e verduras, dos ambientes com desinfetantes e a higienização das superfícies dos móveis com álcool 70%; pessoas que vierem de fora de casa, ter cuidados com relação à entrada na casa com roupas contaminadas; preferencialmente, evitem receber visitas.
2. Qual fase da gestação requer mais cuidado?
Não existem evidências científicas que comprovem a fase que exige mais cuidado. A recomendação é que, durante toda a gestação, o cuidado seja grande, para não ocorrer contaminação, uma vez que o risco de contágio pelo vírus é alto para qualquer pessoa. A Covid-19 ainda é uma doença desconhecida para nós, médicos, no que tange às reações que podem ser geradas, tanto no início quanto no final da gestação. Mas já há evidências que em gestantes há maior risco de pneumonia grave causada pelo vírus.
3. Assim como o restante da população, a grávida deve evitar ir ao hospital ou consultório médico? Como fazer para monitorar o bebê nesse período?
Sabemos que o pré-natal é fundamental para a saúde da mãe e do bebê, mas em um período de pandemia como este que estamos vivendo, é importante ressaltar a necessidade do isolamento social, reduzir as idas ao médico, realizar o pré-natal de uma forma mais espaçada. Exames laboratoriais e de ultrassom, por exemplo, só devem ser feitos em último caso, com extrema indicação médica. Atualmente a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia recomenda uma consulta presencial com médico e enfermeiro até o terceiro mês, para identificar riscos; a segunda entre 5 e 6 meses; outra entre 7 e 8 meses; e a última, próxima à data provável do parto. Claro, se tiver algum tipo de intercorrência, ou for o caso de uma gestação de alto risco, ou estiver apresentando sintomas da Covid-19, como febre alta, dores no corpo, cansaço, secreção nasal, tosse seca, espirro, é importante que a paciente não subestime esses sintomas e procure uma Unidade Básica de Saúde mais próxima de sua casa ou até mesmo se dirija a emergência da maternidade. Mas, se puder esperar ou não esteja apresentando sintomas, ficar em casa é mais seguro tanto para a mãe como o bebê.
4. No caso de gestantes portadoras de alguma doença crônica virem a ser contaminadas, a situação pode se agravar?
Nas gestantes portadoras de doenças crônicas como hipertensão, diabetes e asma, os riscos para evoluírem para o quadro grave da infecção pelo coronavírus é muito maior, assim como é para as demais pessoas que possuem doenças crônicas. Essas pacientes precisam frequentar o pré-natal de alto risco, conversar com o médico e solicitar que sejam afastadas de suas atividades profissionais. No primeiro sintoma de quadro gripal como febre, espirros, nariz escorrendo e dor no corpo, elas devem procurar a emergência da maternidade para serem atendidas. Se confirmado o diagnóstico da Covid-19, deve ser iniciado o tratamento, evitando, assim, a evolução do quadro.
5. Após o parto, quais os cuidados que a puérpera e o recém-nascido devem ter?
Ter coronavírus não significa ter que fazer cesariana. A recomendação para as mães que já tiveram seus filhos por parto normal ou cesariana é que fiquem em um quarto isolado, sendo acompanhada apenas por uma pessoa da família. Não é recomendada a troca de acompanhante, que também precisa ter todos os cuidados de higiene como a lavagem de mãos e o uso de máscara. Com relação a alta hospitalar, se correr tudo bem, a paciente poderá receber alta após 24 horas, se parto normal, e 36 horas após cesárea. Não é proibido amamentar o bebê, mas é importante ter cuidados com a higienização como: lavar as mãos com água e sabão, antes e após a amamentação e ordenha do leite, usar máscara durante as mamadas, lavar as mamas antes de amamentar e ordenhar o leite e higienizar com água e sabão o material usado na ordenha. Em casa, a recomendação é manter o berço a uma distância aproximada de 2 metros da cama da mãe, higienizar as roupas do bebê, evitar o contato íntimo de pessoas com o recém-nascido e, caso o bebê apresente algum sintoma de gripe, procurar imediatamente o médico. Os pais devem, sempre antes de tocar o bebê, lavar as mãos e colocar máscaras para evitar a contaminação dos filhos.
Cuidado especial
Uma vez que Todo o atendimento ambulatorial e as consultas e cirurgias eletivas estão suspensa neste período de pandemia, a Mejc disponibilizou consultas online para as pacientes com pré-natal de alto risco. Por meio de um aplicativo de chamada, semanalmente, o médico entra em contato com as pacientes e realiza as consultas e recomendações à distância. Em seguida, as pacientes que necessitam de consulta presencial, são atendidas diariamente no turno da tarde, com o número máximo de cinco pacientes por turno.
Segundo a gerente de atenção à saúde da Mejc, Maria da Guia, esta é uma forma de continuar prestando assistência e auxiliando as pacientes. "Estamos vivendo um momento de readaptação social, com novos formatos de relações e de contato humano. Como instituição de referência na gestação de alto risco, temos um compromisso humano e assistencial com nossas pacientes e, portanto, foi necessário criar novas formas de atendimento, ainda mais que as gestantes fazem parte do grupo de risco", comentou.
Atuação da Rede Ebserh
Desde os primeiros anúncios sobre o Covid-19, a Rede Ebserh tem trabalhando em parceria direta com os ministérios da Saúde e da Educação, com participação nos Centros de Operações de Emergência (COE) desses órgãos, e tendo como diretrizes o monitoramento da situação no país e em suas 40 unidades hospitalares. Também tem atuado na realização de treinamento de funcionários da Rede, promoção de webaulas, definição de fluxos e instituição de câmaras técnicas de discussões com especialistas.
Em algumas regiões, as unidades da Rede Ebserh têm atuado como hospitais de referência ao enfrentamento do Covid-19, enquanto que em outras, atuam como retaguarda em atendimentos assistenciais para a população, por meio do Sistema Único de Saúde.
Veja as últimas notícias.
Veja as notícias anteriores.
Com informações da Mejc-UFRN/Ebserh