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Especialista da Rede Ebserh explica possíveis causas, sintomas e tratamento das anemias
Anemia não é uma doença, mas várias alterações que podem provocar a queda dos glóbulos vermelhos e, principalmente, de uma proteína chamada hemoglobina
Florianópolis (SC) – A anemia é uma condição que pode atingir pessoas de qualquer gênero ou faixa etária, embora os grupos mais afetados sejam crianças, gestantes, lactantes (mulheres que estão amamentando), meninas adolescentes e mulheres adultas em fase de reprodução.
A médica hematologista e hemoterapeuta Andréa Hoepers, que atua na Unidade de Hemoterapia do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina, vinculado à Rede Ebserh (HU-UFSC/Ebserh), explicou que, tecnicamente, a anemia não é uma doença, mas várias alterações que podem provocar a queda dos glóbulos vermelhos e, principalmente, de uma proteína chamada hemoglobina, responsável por levar o oxigênio aos tecidos.
A consequência é que o oxigênio não chega às células e aos diversos órgãos do corpo, provocando a sensação de cansaço, palidez e falta de ar que serão mais importantes quanto maior for a queda de glóbulos vermelhos (hemácias ou eritrócitos) ou da própria hemoglobina. Entre os sintomas, dependendo da forma de anemia, também podem ocorrer tonturas, dor de cabeça, falta de apetite.
Nas crianças, a anemia ferropriva (aquela por falta de ferro), pode ser observada a vontade de comer coisas estranhas, a chamada pica (gelo, terra, lamber parede, entre outros) e a dificuldade de aprendizado ou de concentração, o que é uma complicação muito séria e não deve ser banalizada como uma simples anemia.
“As principais causas de anemia ferropriva em adultos ocorrem por perda de sangue aguda ou crônica, como em acidentes e traumas, em hemorragias do sistema gastrointestinal, do sistema urinário, perda uterina”, explicou a médica, acrescentando que outra forma de anemia é a falha na produção das hemoglobinas por falta de nutrientes, como de vitamina B12 ou ácido fólico.
Há ainda, doenças genéticas e hereditárias, como as síndromes falciformes e as talassemias, que provocam a formação de uma hemoglobina alterada, outras que modificam a membrana dos glóbulos vermelhos ou mesmo de enzimas específicas dentro dos glóbulos vermelhos, e as que causam a não produção de células como aplasias e mielodisplasias.
Existem doenças que levam à modificação ou substituição da medula óssea normal, onde os precursores normais dos glóbulos vermelhos, leucócitos ou plaquetas são substituídos por células neoplásicas. Uma outra causa de anemia é a destruição dos glóbulos vermelhos denominadas anemias hemolíticas imunes.
Segundo a especialista, devido a esse amplo leque de tipos de anemias, não é possível dizer, de forma simples, se é possível prevenir a anemia. “Depende da causa. Se o problema é a falta de nutrientes na dieta, é possível corrigir a anemia com alimentos ricos em ferro, vitamina B12 ou ácido fólico. Se for hereditária, a avaliação com exames específicos dos pais pode ajudar no aconselhamento genético ou no diagnóstico precoce, com o teste do pezinho”, exemplificou.
A médica esclarece, ainda, que leucemias ou outros tipos de câncer que comprometem a medula óssea costumam evoluir com anemia, mas a anemia por falta de nutrientes não leva à leucemia ou ao câncer simplesmente por não ter sido "tratada" ou não ter sido "bem curada".
“Nessas doenças, a anemia precisa ser investigada com exames específicos como o mielograma ou biópsia de medula. Mesmo no caso da anemia ferropriva, deve ser identificado o que provoca a falta de ferro no organismo e tratar adequadamente. Assim, são inúmeras as possibilidades de alguém ficar com anemia”, explicou.
O tratamento também vai ser indicado pelo profissional de saúde de acordo com a causa de base. As pessoas com queda rápida dos glóbulos vermelhos ou com problemas cardíacos podem não tolerar a anemia e necessitarem de transfusão de sangue, mas isso não tratará a causa da anemia.
Além da história e do exame físico, o hemograma é o exame inicial e mais importante a ser realizado. Outra questão é que, para o diagnóstico e definição do melhor tratamento, deve-se considerar os valores normais dos exames, sendo que no caso do hemograma os níveis de normalidade são diferentes para diversas faixas etárias e para homens e mulheres.
Com informações do HU-UFSC/Ebserh