Relatos e Historias
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Equipe do Hospital das Clínicas da UFMG se mobiliza e atende pedido inusitado de paciente mirim
Tifany Ester recebe a visita de Pamela, sua galinha de estimação
Belo Horizonte (MG) – Tudo pronto para a volta para casa da pequena Tifany Ester, de 10 anos, nesta sexta-feira (15), depois de mais de um mês de uma rotina hospitalar que incluiu 12 horas de cirurgia para reconstrução da bexiga, internação prolongada no Centro de Tratamento Intensivo (CTI), medicações, exames e muitas restrições. A lembrança dos dias no Hospital das Clínicas da UFMG que ela irá guardar para sempre, porém, é outra: o reencontro com Pâmela, a sua galinha de estimação, promovido pela equipe do Serviço Social. A ação de humanização foi fundamental para o restabelecimento da saúde e boa evolução da paciente para além dos cuidados médico-hospitalares.
Tifany passou por uma cirurgia de alta complexidade para reconstrução da bexiga no início de fevereiro, já que nasceu com uma malformação congênita. O pós-operatório, porém, não foi como a família e a equipe médica esperavam. “A paciente estava ansiosa, sem interesse e comendo pouquíssimo. Estava triste e nem a brinquedoteca ou o Atendimento Educacional Hospitalar a conquistavam”, contou a professora hospitalar da Unidade da Criança e do Adolescente, Mariotides Gomes Bezerra.
Ana Cristina Vieira, mãe de Tifany, disse que a filha começou a reclamar muito de saudades da sua amiga de penas e asas. “Ela saiu do CTI com crises de ansiedade muito fortes e demonstrava rejeição à equipe, ao hospital, ficava transtornada com a cicatriz e reclamava muito de dor. Tudo isso estava atrapalhando a condução do tratamento. Foi quando ela começou a falar de Pâmela, que queria ver a Pamelinha”, contou.
E foi durante uma corrida de leito que a assistente social Marilene Moreira descobriu quem era a Pâmela. “Me deparei com a mãe da Tifany, que me informou que a filha tinha um bichinho de estimação e que ela estava sentindo muita saudade dele. Quando soube que era uma galinha, achei inusitado e resolvi conversar com a equipe sobre a possibilidade de promover um encontro entre eles”, explicou.
Em uma corrida contra o tempo, Marilene e toda a equipe da Unidade da Criança e do Adolescente deram início à logística para promover o reencontro. Todos os protocolos de segurança do paciente precisaram ser cuidadosamente cumpridos para que a paciente pudesse receber Pamela sem riscos a sua saúde.
No último dia 1º, o animal saiu de Capim Branco, a 54 quilômetros de Belo Horizonte, rumo ao Hospital das Clínicas da UFMG, um dos hospitais universitários da Rede Ebserh. Ele chegou em uma gaiola, acondicionada em uma caixa e devidamente higienizado. Enquanto isso, em uma sala no 6º andar do prédio principal do hospital, Tifany aguardava ansiosamente a chegada do seu bichinho de estimação.
A paciente foi paramentada – ela usava capote, touca, máscara e luvas - e por aproximadamente 3h pode abraçar, dar carinho e brincar com Pâmela. “Quando eu encontrei a Pâmela, senti um alívio. Ela é como uma amiga. Minha melhor amiga”, disse a menina.
Agora, de volta para casa, ela não vê a hora de reencontrá-la e voltar à velha rotina: “todos os dias, quando eu acordo, a primeira coisa que eu faço é ir até o quintal dar comida e um grande abraço na minha Pâmela”, completou.
Humanização
A humanização da saúde busca promover uma relação mais próxima entre pacientes e profissionais. Envolve criar um ambiente de cuidados que seja compassivo, empático e centrado no paciente.
“O trabalho de humanização das equipes da Pediatria envolve o apoio constante no restabelecimento da saúde das crianças, adolescentes e suas famílias, além de amenizar a dureza durante o enfrentamento das internações. Significa cuidar de cada um conforme suas necessidades individuais para uma recuperação mais rápida da saúde e reflete também nos aprendizados que os processos de humanização promovem em todos os envolvidos”, enfatizou a professora hospitalar da Unidade da Criança e do Adolescente, Mariotides Gomes Bezerra.
O professor de Pediatria do HC-UFMG que acompanhou Tifany, Alexandre Rodrigues Ferreira, disse que ações como a que possibilitou o reencontro da menina com o seu animal de estimação são importantes para tornar o ambiente hospitalar mais acolhedor, principalmente quando envolve crianças e adolescentes, que muitas vezes não entendem o que está acontecendo. “Tifany estava chorosa e triste, mais restrita ao leito. Depois da visita, tudo nela mudou para melhor”, afirmou.
A mãe da paciente, Ana Cristina, ressaltou o trabalho da equipe do HC-UFMG. “Desde a minha gestação, eu sempre fui muito bem acolhida no HC, mas ver o amor que todos tiveram pela Tifany mudou não só a vida dela, mas a minha também. É um carinho enorme. Eu não tenho nem palavras para explicar e agradecer tudo o que fizeram pela minha filha”, disse ela, emocionada.
Sobre a Ebserh
O Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Luna Normand, com revisão de Danielle Campos.