Séries Especiais
SÉRIE SEGURANÇA E SAÚDE EM ENCHENTE
Enchentes e exposição a ambientes frios e úmidos favorecem problemas respiratórios
É importante manter-se protegido e tomar medidas preventivas para evitar doenças respiratórias durante a calamidade pública no RS. Imagem ilustrativa: freepik
Rio de Janeiro (RJ) – Diante da atual situação de calamidade pública no Rio Grande do Sul, aliada à chegada do inverno, é importante conscientizar a população sobre os cuidados respiratórios necessários. Nesse contexto, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), responsável pela administração de 42 Hospitais Universitários Federais (HUFs) no país, incluindo 3 no estado gaúcho, está atuando na prevenção e na disseminação de informações que visam garantir o bem-estar e a saúde da população afetada.
Esta nona matéria da série “Segurança e Saúde em Enchente” conta com a contribuição da pneumologista do Hospital Universitário Gaffrée e Guinle da Universidade Federal do Rio de Janeiro (HUGG-Unirio), Eliana Daiha. A especialista alertou sobre os riscos de doenças, especialmente as respiratórias, em decorrência da exposição a água contaminada, ambientes frios e úmidos, além de aglomerações após enchentes. O contato com esses fatores pode causar ou agravar doenças respiratórias, afetando tanto as vias aéreas superiores (boca, nariz, laringe, faringe) quanto as inferiores (traqueia, brônquios e pulmões).
As doenças respiratórias podem atingir qualquer faixa etária, mas são mais frequentes e preocupantes em crianças e idosos. As principais enfermidades que podem afetar essa população incluem gripe por influenza, diversas viroses (como: H1N1, covid-19, vírus sincicial), rinite, sinusite, faringite, pneumonias, asma brônquica e agravamento de doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC).
Doenças respiratórias mais comuns
- Gripe: é uma infecção causada pelo vírus Influenza e dura em torno de 7 a 10 dias. Os sintomas são: tosse seca, dor de cabeça, dores musculares, febre, coriza e congestão nasal.
O que fazer: Geralmente os sintomas melhoram espontaneamente. O tratamento é baseado no uso de medicamentos para aliviar os sintomas, como analgésicos e antitérmicos, além de ingestão de líquidos e repouso. Atualmente, existem campanhas de prevenção, incluindo vacinação gratuita, ofertada pelo SUS, que previne a evolução para sintomas graves.
- Rinite crônica: é uma inflamação na mucosa do nariz que pode ser descompensada por alergia a pelo de animais, pólen, mofo, poeira, umidade, poluição do ambiente e alterações rápidas do clima. Os sintomas são: espirros, tosse seca, coriza, nariz entupido, dor de cabeça, além de coceira no nariz, olhos e garganta.
O que fazer: O tratamento adequado é baseado, principalmente, no uso de antialérgicos e sprays nasais.
- Sinusite crônica: ocorre quando os seios da face ficam obstruídos devido à grande quantidade de secreção. Os sintomas mais frequentes são: dores na região da face, sensibilidade e vermelhidão nos olhos, nariz entupido, tosse, mau hálito e dor de garganta.
O que fazer: O tratamento consiste no uso de soro fisiológico nasal, para lavagem das narinas, além de corticoides tópicos e/ou orais e antialérgicos.
- Faringite: é uma infecção causada por vírus ou bactérias que atinge a faringe (garganta). Os sintomas são: dor para engolir, garganta com sensação de estar seca e/ou de arranhar, tosse seca e febre.
O que fazer: o tratamento vai depender se a doença for causada por vírus, chamada de faringite viral, ou se for causada por bactérias, conhecida como faringite bacteriana. O paciente deve repousar, ingerir líquidos, fazer gargarejo e até usar sprays orais, para aliviar os sintomas. Se os sintomas persistirem ou agravarem, o médico indicará antibióticos, em caso de faringite bacteriana.
- Pneumonia: é uma infecção que pode atingir um ou os dois pulmões e é causada por vírus, bactérias ou fungos. Os sintomas podem variar: cansaço, febre de moderada a alta, dor no peito ao respirar ou tossir, tosse com secreção, calafrios e falta de ar.
O que fazer: Uso de medicamentos para aliviar sintomas (febre, dor e tosse) e fluidificar a secreção, além de antibióticos, antivirais ou antifúngicos de acordo com as características da infecção.
- Asma Brônquica: é uma doença inflamatória crônica, com períodos de agravamento agudo do quadro, levando a sintomas como: chiado no peito, tosse com ou sem secreção, falta de ar ou dificuldade para respirar, além de cansaço.
O que fazer: Asma não tem cura! Mas pode e deve ser controlada para ter crises de menor intensidade e longos períodos sem sintomas respiratórios. Prevenção: ambiente livre de poeiras e pelos de animais. Tratamento: medicamentos como broncodilatadores e corticoides inalatórios (em spray ou cápsulas inalatórias) e/ou orais e associação com fisioterapia respiratória.
- Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC): é um conjunto de doenças pulmonares, como enfisema pulmonar e bronquite crônica, que obstruem a passagem de ar nos pulmões e causam inchaço da mucosa dos brônquios. Mais comum em pessoas que fumam ou fumaram e/ou expostas a algum tipo de produto químico. Os principais sintomas são: falta de ar crônica e persistente, tosse frequente; respiração ofegante, chiado no peito ao respirar; produção de secreção. A maioria dessas doenças são agravadas pelo frio, umidade e infecções por vírus, bactérias e fungos.
O que fazer: Essas doenças não têm cura, mas é possível controlar os sintomas. Primeira coisa é parar de fumar e/ou reduzir a inalação de agentes químicos. O uso de broncodilatadores, corticoides e brometo de ipratrópio inalatório ajudam no controle da doença.
- IMPORTANTE: Pacientes com asma brônquica e DPOC podem ter o quadro clínico agravado por infecção respiratória, mudanças de temperatura e umidade.
- Cuidado especial com a tuberculose pulmonar: é uma doença infecciosa e contagiosa que afeta, geralmente, os pulmões, mas pode afetar outros órgãos como rins, pele e ossos. Tem transmissão por via aérea (ao falar, tossir ou espirrar) e no compartilhamento de talheres e copos contaminados. Os dois sintomas de alerta são: tosse e febre persistente, principalmente, vespertina (fim de tarde/noite) por mais de três semanas. Outros sintomas: tosse com escarro de sangue, dor no peito ao respirar, febre baixa e suores noturnos, perda de peso e falta de ar. Entretanto, algumas pessoas podem estar infectadas ou doentes e não apresentar sintomas.
O que fazer: a primeira coisa é confirmar o diagnóstico. O tratamento é baseado no uso de vários antibióticos combinados e, dependendo do quadro clínico e da gravidade, pode variar de 6 a 12 meses.
Medidas para prevenir ou amenizar os problemas respiratórios nesse cenário de frio e umidade após as enchentes e com necessidade de aglomerações:
- Não fume: O tabagismo é o principal fator de risco para evolução de doenças e piora dos problemas respiratórios.
- Tente manter boa higiene: Lavar as mãos frequentemente e evitar contato com pessoas doentes ajudam a prevenir infecções.
- Use máscaras em locais com muitas pessoas ou poluição: Máscaras podem filtrar agentes patogênicos e poluentes, protegendo as vias respiratórias.
- Vacine-se: Vacinas contra a gripe e pneumonia são essenciais para prevenir infecções graves e devem ser tomadas conforme calendário das vacinas.
- Beba muita água.
- Evite a exposição a alérgenos: poeira, cheiros fortes e corantes.
- Busque ajuda para controlar e tratar as alergias respiratórias.
- Procure manter-se bem agasalhado.
Quer saber mais sobre o como a Ebserh tem reagido à enchente e alagamentos no RS? Confira nas reportagens anteriores desta série:
Enchente no Rio Grande do Sul impacta hospitais da rede Ebserh
Medidas preventivas e orientações de saúde ajudam a enfrentar os impactos da enchente
Cooperação interinstitucional tem amenizado os impactos das enchentes nos hospitais gaúchos
HE-UFPel oferece teleconsultoria para apoiar médicos de Pelotas durante enchentes no RS
Saúde mental: cuidados possíveis em meio às enchentes no Rio Grande do Sul
Cuidados com a pele em meio à situação de calamidade pública do Rio Grande do Sul
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 42 hospitais universitários federais, sendo três no Rio Grande do Sul: HU-Furg, HE-UFPel e HUSM-UFSM, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh