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DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA
Ebserh reforça a importância da igualdade racial e da saúde integral para todos
Ebserh promove equidade na saúde em seus 45 hospitais universitários federais. Imagem ilustrativa: freepik
Brasília (DF) – Na semana em que se celebra o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, 20 de novembro, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) reafirma seu compromisso com a equidade. Exemplos são as práticas de assistência que atendam às necessidades da população negra e a reserva de vagas no Exame Nacional de Residências (Enare).
Instituída em 2011 e oficializada como feriado nacional pela Lei 14.759/23, a data representa uma oportunidade para resgatar a história, refletir sobre injustiças e reconhecer a contribuição dos afrodescendentes no Brasil.
Muitas vozes uníssonas
“Trabalhar a consciência negra vai além do mês de novembro; é uma questão que deve ser pauta ao longo de todo o ano”, enfatizou a assistente social Sandra Mendonça, assistente social do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg/Ebserh). “Atender os pacientes e familiares e abordar a questão do racismo tem sido primordial, pois esse tema impacta diretamente a saúde mental, podendo levar a problemas como depressão, suicídio e baixa autoestima. Em nossos pareceres sociais, ressaltamos como os pacientes se autodeclaram e trabalhamos essa reflexão durante as entrevistas”.
Para o analista administrativo Thiago Miranda da Silva, do Serviço de Documentação e Registro, “a data é importante para que possamos combater práticas racistas, bem como relembrar a vida de todos aqueles aqueles que dedicaram suas vidas para o combate à escravidão.
Outra das muitas vozes negras entre os trabalhadores da Ebserh é a da enfermeira do Serviço de Planejamento Assistencial Deise Cecília Gomes, que também defende a importância da data. “É um momento de reforçar uma análise crítica quanto ao racismo e às desigualdades raciais e sociais. Ter consciência é ter memória. Que nos lembremos da nossa ancestralidade, de que sim, somos negros, que nos reconheçamos assim”.
Acesso ao ensino especializado
A Ebserh adotou políticas afirmativas no Exame Nacional de Residências (Enare), reservando 20% das vagas aos candidatos que se autodeclararem negros, além de reservas para indígenas (5%), quilombolas (5%) e pessoas com deficiências (10%), previstas na legislação brasileira.
O estabelecimento de reservas de vagas no Enare, com respaldo constitucional e legal, visa garantir que o acesso aos programas de residência reflita a diversidade demográfica do Brasil e contribua para um sistema de saúde mais inclusivo e equitativo sendo instrumento de promoção da reparação histórica e da correção de desigualdades estruturais.
Na edição 2024, cujas provas foram aplicadas em outubro, em 60 cidades, foram 89 mil inscritos para 8.643 vagas residências médica, multiprofissional e em área profissional de Saúde em 163 instituições em todo o Brasil.
Atenção à saúde da população negra
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, 55,5% da população brasileira se identificou como preta ou parda, refletindo a importância das políticas de saúde direcionadas a esse grupo. O Sistema Único de Saúde (SUS) e o Ministério da Saúde promovem políticas como a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que visa combater as desigualdades socioeconômicas e culturais, incluindo o racismo.
A PNSIPN também enfatiza as doenças hereditárias ou genéticas mais prevalentes, como a anemia falciforme, uma condição genética resultante de uma mutação que ocorreu há milhares de anos no continente africano e trazida ao Brasil pelo tráfico de escravos.
“É uma doença potencialmente e realmente mórbida pelos efeitos que podem causar nos pacientes, que vão de crises sistemáticas de dor, infecções, disfunção cardíaca, alteração renal, AVCs, e degeneração de vários órgãos por isquemias repetidas e fibrose”, explicou o chefe da Unidade de Hematologia e Hemoterapia Hospital Universitário Professor Edgard Santos da Universidade Federal da Bahia (Hupes-UFBA), Edvan Crusoe.
A PNSIPN também destaca outras condições comuns na população negra, como a diabetes mellitus tipo II, hipertensão arterial e deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase.
O documento trata, ainda, do fortalecimento da atenção à saúde mental da população negra, reconhecendo os impactos do racismo estrutural na saúde física e psicológica. Nesse sentido, no início do novembro, o II Simpósio Multiprofissional da Unidade de Saúde Mental do Hupes-UFBA abordou o tema “Saúde mental no SUS: desafios no cuidado da população negra”, promovendo debates sobre os desafios e práticas assistenciais no contexto sociopolítico da Bahia, onde mais de 80% da população é composta por negros, conforme dados do IBGE, sendo a maior do Brasil.
Revolução pela arte, arte pela revolução
O assistente administrativo da Unidade de Reportagem, Wellington Sabino Ramos, criou no slam, arte que combina poesia e performance, seu manifesto. É dele a autoria de “Conhecimento Revolucionário”, especialmente criada para essa reflexão puxada pela Ebserh:
“Nossas revoluções vieram dos quilombos,
Das revoltas e das casas grandes queimadas
A nossa revolução já estava escrita
Nas páginas do clarim da Alvorada
Não foi a princesa Isabel quem nos entregou as chaves,
Não foi a Lei Áurea que trouxe a liberdade até nós
Até agradecemos as palavras de Castro Alves
Mas, aí, parceiro, agora nós temos nossa própria voz
Somos revolucionários
Somos homens e mulheres do gueto
Assim como Luiz Gama, Cruz e Sousa e Lima Barreto
As lutas que marcaram nossos dias
São as mesmas lutas que lutaram
Muniz Sodré, João Rufino e Abdias
E mesmo assim vamos esquecendo
Apagando a nossa raiz
Vira e mexe vamos embranquecendo
Como fizeram com Machado de Assis”
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Danielle Campos e Andreia Pires
Contribuição de Luiz Carlos Lima e Elizabeth Souza
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh