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SAÚDE E BEM-ESTAR
Ebserh desenvolve projetos para idosos de Norte a Sul do Brasil
Brasília (DF) - A legislação brasileira considera idoso todo cidadão com 60 anos ou mais. Em função do aumento da expectativa de vida no país - de 71,1 anos em 2000 para 76,4 anos em 2023 -, a população idosa deve continuar crescendo rapidamente nas próximas décadas. Dados do último Censo do IBGE mostram que, nos últimos 23 anos, a proporção de idosos quase dobrou, passando de 8,7% para 15,6%. São cerca de 33 milhões de pessoas. Por conta disso, o Dia Internacional das Pessoas Idosas e o Dia Nacional do Idoso, ambos celebrados nesta terça-feira, 1º de outubro, alertam sobre a urgência de implementar estratégias que garantam os direitos e atendam às demandas específicas dessa população.
Desde 2011, quando foi criada, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) desenvolve diversas iniciativas específicas para os idosos. As ações abrangem desde o atendimento ambulatorial até a internação, sempre com uma abordagem humanizada e multiprofissional. Um exemplo disso são as oficinas terapêuticas do Serviço de Geriatria do Hospital Antônio Pedro (Huap), da Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ). Além de garantir o atendimento clínico, as atividades buscam melhorar a saúde emocional dos pacientes.
“As oficinas terapêuticas fazem parte de um projeto de extensão que utiliza diversas modalidades de estímulos cognitivos para recuperar áreas lesadas e preservar as demais, incluindo as vivências sociais do paciente”, detalhou a médica geriatra Yolanda Boechat, coordenadora da iniciativa.
Os idosos também participam de atividades como grupos de estimulação cognitiva, origami e coral, além da oficina ‘Errando para aprender’, que usa a literatura nacional para construir textos referentes às vivências dos idosos, transformando a escrita e orientando sobre erros de português. Assim, os pacientes passam a escrever melhor e recordam fatos importantes de suas vidas, fazendo conexões com o texto em pauta. O conjunto de ações proporciona um ambiente de socialização e reabilitação.
Aos 76 anos de idade, a professora aposentada Elci da Conceição não perde uma atividade do projeto. Ela conheceu a iniciativa em 2019, durante uma palestra, e logo se inscreveu para participar. Mesmo durante a pandemia de Covid-19, as oficinas continuaram, sendo realizadas online. “É um ganho espetacular. Nós aprendemos a valorizar a vida. Toda semana temos temas renovados, que fazem com que a gente pense. Somos tratados como pessoas que estão querendo melhorar de vida, que estão em plena atividade”, afirmou.
Mais cuidado = menos acidentes
Os cuidados diários com os idosos são essenciais para prevenir acidentes. Segundo a fisioterapeuta Anna Ourique, chefe da Unidade de Atenção Domiciliar e Cuidados Paliativos do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM-UFSM), no Rio Grande do Sul, à qual o Serviço de Geriatria está vinculado, as adaptações no ambiente, como a instalação de corrimãos e pisos antiderrapantes, são fundamentais para evitar incidentes domésticos. “Usar calçados confortáveis e evitar terrenos irregulares também são medidas que fazem uma grande diferença”, ressaltou.
A conscientização sobre a importância da atividade física, que fortalece a musculatura e melhora o equilíbrio também é muito importante. A fisioterapeuta ressalta que pequenas mudanças na rotina, como exercícios de alongamento e musculação, podem ser implementadas em casa e contribuem significativamente para a prevenção de acidentes. “A segurança no dia a dia é indispensável para que os idosos mantenham autonomia e independência. Nesse processo, é fundamental que os exercícios sejam realizados sob a orientação de um profissional fisioterapeuta ou educador físico”, orientou Ourique.
Nutrição como pilar de qualidade de vida
Uma alimentação adequada ajuda a manter e recuperar a saúde de idosos. No Hospital da Universidade Federal de São Carlos (HU-UFSCar), no estado de São Paulo, os profissionais realizam triagens para identificar as necessidades e riscos individuais dos pacientes. Segundo Elaine Gomes, nutricionista da Equipe Multiprofissional de Terapia Nutricional, “a hidratação e a nutrição são aliadas para evitar desidratação e desnutrição, que são comuns entre os pacientes nessa faixa etária”, enfatizou.
A equipe também ressalta a importância de respeitar os hábitos e preferências alimentares dos pacientes, sempre com foco na qualidade de vida. “Utilizamos estratégias como saborizar a água e oferecer refeições com alta densidade nutricional, respeitando a cultura e a condição de cada paciente”, explicou Gomes. “Além de melhorar a saúde física, uma boa dieta fortalece o emocional e contribui para um envelhecimento mais saudável”, finalizou.
Formar novos profissionais é pensar no futuro
A formação de profissionais especializados no cuidado com os idosos é um desafio que o Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), formado pelos hospitais universitários Barros Barreto (HUJBB) e Bettina Ferro de Souza (HUBFS), está colaborando para superar. O Programa de Residência Multiprofissional em Saúde do Idoso da instituição reúne sete áreas - Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia, Nutrição, Serviço Social, Terapia Ocupacional e Psicologia - e promove uma abordagem integrada para melhorar os resultados dos atendimentos.
Professora da Faculdade de Psicologia da UFPA e tutora da formação, Jeisiane Lima explica que é urgente capacitar novos profissionais, pois a expectativa de vida no Brasil está aumentando e muitas localidades, principalmente na Amazônia, ainda carecem de serviços especializados para os idosos. “A capacitação contínua em Geriatria e Psicogerontologia é fundamental para que os profissionais se sintam preparados para lidar com as complexidades do envelhecimento e ofereçam um atendimento humanizado e eficaz”, garantiu.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por George Miranda, com informações de Paola Caracciolo e revisão de Danielle Campos.
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh.