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GINECOLOGIA
Dores fortes durante a menstruação podem indicar endometriose, diz médica da Ebserh
Tratamento inclui anticoncepcionais orais, DIU de progesterona, cirurgia, dentre outro
Aracaju (SE) – A endometriose é uma doença do sistema reprodutor feminino que assusta muitas mulheres. A patologia não tem cura, mas pode ser controlada com tratamento adequado e acompanhamento frequente por um médico. É o que explica a ginecologista e obstetra Júlia Dias, chefe da Unidade de Atenção à Mulher do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), vinculado à Rede Ebserh.
“A endometriose é uma doença benigna, que tem um caráter limitante, afetando consideravelmente a qualidade de vida da mulher. Alguns dos sintomas são cólicas menstruais muito fortes, que aumentam progressivamente, dores abdominais durante a relação sexual e até mesmo dor para evacuar no período menstrual”, cita a médica.
Ela ressalta que esses são alguns dos indícios da patologia, que, apesar de não ter cura, pode ser tratada com medicamentos anticoncepcionais orais, com Dispositivo Intra-Uterino (DIU) de progesterona e, em alguns casos, com análogos de hormônios. Em determinadas situações, pode ser necessária a realização de uma cirurgia.
De acordo com a ginecologista, é preciso avaliar uma série de fatores antes de verificar qual o melhor tratamento, como a idade da mulher, a intensidade dos sintomas apresentados e se ela deseja ter filhos. Outro ponto muito importante é o diagnóstico. “O exame de sangue, por exemplo, não é diagnóstico, é um exame para controle. Hoje em dia, uma das melhores formas de detectar a endometriose é fazendo uma ressonância da pelve”, pontua.
“Enfrentamos duas questões importantes. A primeira delas é a crença de que a mulher sentir dor na menstruarão é normal, o que não é verdade. Ela pode ter apenas uma leve dor, mas não dores incapacitantes, que levam ao hospital, a tomar injeções, analgésicos fortes. A outra coisa é o preconceito que as próprias mulheres têm em relação ao uso do anticoncepcional”, elenca a ginecologista.
Para ela, esse preconceito é gerado por falta de informação, já que, em tese, as mulheres foram feitas para engravidar. “Há cerca de 50 anos, as mulheres tinham até 20 filhos, ou mais, menstruando pouquíssimas vezes na vida. Assim, ela tinha seu ovário bloqueado permanentemente, e a chance de ter uma endometriose era mínima”, ressalta.
Consequências
Além da queda na qualidade de vida, uma das preocupações que a doença traz está relacionada à infertilidade. “A doença pode atingir trompas, levando à sua obstrução e causando a infertilidade. Algumas obstruções são irreversíveis, mas o diagnóstico precoce, entrando com os recursos disponíveis, pode evitar problemas mais sérios. Existe também a opção de engravidar por meio da fertilização in vitro”, explica.
A infertilidade pode ocorrer em 30 a 50% dos casos, tanto por acometimento das trompas quanto por alterações hormonais e imunológicas. “Porém, desde que se faça visitas regulares ao profissional ginecologista, seguindo-se todas as orientações, é possível melhorar significativamente a qualidade de vida da mulher e aliviar todos os desconfortos na maioria dos casos”, finaliza.
Sobre a Rede Ebserh
O HU-UFS faz parte da Rede Ebserh desde outubro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.