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SOLIDARIEDADE
Doação de medula óssea dá esperança e salva vidas
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A história de Vinicius e Gabriel
Brasília (DF) – O dia 5 de fevereiro de 2014 mudou a vida de duas famílias mineiras que dizem ter “virado uma só” a partir de um gesto de solidariedade. O supervisor comercial Vinícius França, à época com 24 anos, doou a medula óssea a Gabriel Figueiredo, que tinha apenas 10 anos. O transplante foi realizado no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), um dos hospitais da Rede Ebserh a realizar esse procedimento que salva vidas. De tão importante, tem até uma Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, celebrada de 14 a 21 de dezembro, com o objetivo sensibilizar possíveis doadores.
A história de Vinicius e Gabriel
“É um sentimento de felicidade e gratificação enorme saber que você ajudou a salvar a vida de alguém. É fabuloso. Um ato simples, mas que faz toda a diferença na vida de uma pessoa e de uma família inteira. Eu ganhei uma nova família, eu chamo Gabriel de irmão. E o processo da doação foi tão tranquilo que eu doei na sexta-feira, e logo, na segunda-feira seguinte, já estava trabalhando normalmente”, afirma Vinícius França, que conheceu Gabriel dois anos depois do transplante, em um encontro emocionante.
Vinícius estava cadastrado no Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), desde 2008, quando aproveitou uma ida ao hemocentro para doar sangue. Graças ao transplante, Gabriel Figueiredo, hoje com 20 anos e estudante de Fisioterapia da UFMG, está curado da aplasia de medula e não necessita fazer uso de nenhum medicamento. “Está tudo ótimo, graças a Deus. Me lembro que, no dia do transplante, eu estava tenso porque havia muita gente no quarto com a família e uma equipe médica, mas deu tudo certo”, relembra Gabriel.
A sensação de gratificação por ajudar é destacada pelo médico hematologista Robert Emídio, que doou a medula em setembro de 2020, também no HC-UFMG. “Foi um procedimento tranquilo e com uma recuperação rápida. Essa experiência, além de gratificante por ter feito a diferença na vida de alguém, foi de grande conhecimento para um hematologista, que sempre indica esse procedimento e sabe da importância e da raridade que é encontrar um doador compatível fora da família”, afirma o médico, que se inscreveu no Redome, em 2008, quando passou no vestibular de Medicina.
Doação
Estima-se que um em cada cem mil doadores seja compatível com uma pessoa à espera da doação. Para ser doador(a) é necessário ter entre 18 e 35 anos de idade (o doador permanece no cadastro até os 60 anos, idade limite para a realização da doação); estar em bom estado geral de saúde e não ter nenhuma doença impeditiva (como câncer, HIV/aids, hepatite C e tuberculose extrapulmonar, entre outras).
“O perfil do doador é variado. Sabemos que no Redome a maioria é formada por mulheres e estamos precisando de doadores jovens. Os resultados dos transplantes com doadores mais jovens são melhores e por isso a captação é feita com pessoas até os 35 anos”, comenta a hematologista e hemoterapeuta do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG), Ana Karine Vieira.
Para cadastrar-se no Redome, basta comparecer ao hemocentro mais próximo e manifestar a vontade de doar a medula, que se recupera em duas semanas. No ato, uma pequena amostra de sangue será coletada para o exame de tipagem HLA. No site do Redome, há uma lista de unidades de cadastramento.
“Quem não tem o doador irmão totalmente compatível pode realizar o transplante com filho, primos e pais, desde que haja 50% de compatibilidade. São os transplantes haploidênticos. Também há o Redome, que é o terceiro maior banco de voluntários do mundo (em número de doadores) e está interligado com bancos de vários países”, explica a responsável técnica pelo Serviço de Transplante de Medula Óssea (STMO) do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (CHC-UFPR).
Estima-se que o doador ideal (irmão compatível) só esteja disponível em cerca de 25% das famílias no Brasil, enquanto os outros 75% dos pacientes dependam da identificação de um doador alternativo, como outros parentes e voluntários. A maioria dos cerca de 100 transplantes realizados por ano no CHC-UFPR, o pioneiro na América Latina na realização de transplante de medula óssea (TMO), em 1978, acontece graças a esses doadores. O Complexo já realizou mais de 3.360 transplantes.
Transplante
O transplante é indicado para algumas doenças que afetam as células do sangue, como determinados tipos de leucemia, linfomas, anemias congênitas, imunodeficiências congênitas, e talassemia major, entre outras. Para receber o transplante, o paciente é submetido a um tratamento que ataca as células doentes e destrói a medula doente.
A medula óssea é um sangue mais espesso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecida popularmente por “tutano”. Nela, são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas.
O paciente recebe a medula sadia como se fosse uma transfusão de sangue. Uma vez na corrente sanguínea, as células da nova medula circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.
Inovação
No Ceará, o projeto MandaCARu-T proporciona uma alternativa ao transplante convencional ao realizar a terapia avançada com células CAR-T, técnica que utiliza linfócitos T modificados para eliminar células cancerígenas. A iniciativa é fruto da parceria entre o Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC) do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC) com o Hemoce, o hemocentro estadual.
“Nessa terapia gênica, a célula do paciente é modificada por um vetor viral para reprogramar o sistema imunológico do paciente combatendo o câncer de forma direcionada, reativando as defesas naturais do organismo do paciente e implantadas na corrente sanguínea”, explica o hematologista Fernando Barroso, que é chefe do Serviço de Transplante de Medula Óssea (TMO) do CH-UFC e presidente da Sociedade Brasileira de Terapia Celular e Transplante de Medula Óssea.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Moisés de Holanda, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh