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CONSCIENTIZAÇÃO
Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna reforça importância da assistência especializada à gestante de alto risco
Serviços de saúde e gestantes/puérperas têm responsabilidade solidária na qualidade dos cuidados maternos.
Brasília (DF) - A mortalidade materna é aquela que ocorre durante a gravidez, o parto ou até 42 dias após a mulher dar à luz. No Brasil, segundo o Observatório Obstétrico Brasileiro, foram 8.587 óbitos maternos registrados oficialmente entre os anos de 2016 e 2020. O atraso no reconhecimento de condições modificáveis, na chegada ao serviço de saúde e no tratamento adequado estão entre as principais causas, de acordo com o Ministério da Saúde.
Para alertar a sociedade sobre a importância de debater o tema e promover políticas públicas de assistência e acolhimento que garantam o bem-estar materno e fetal, o dia 28 de maio foi instituído como Dia Nacional da Redução da Mortalidade Materna. A Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC), conta com hospitais universitários federais que são referência para o atendimento às gestantes de alto risco.
A Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC/Ebserh), localizada em Natal, é referência no Rio Grande do Norte para gestação de alto risco e é a única na rede pública que conta com UTI materna. A unidade hospitalar possuiu uma equipe técnica capacitada para prestar esse tipo de assistência e oferece ainda, pré-natal de alto risco, material e equipamentos adequados para a atenção completa à gestante.
A gerente de Atenção à Saúde da MEJC, Maria da Guia de Medeiros Garcia, explica que as principais causas de morte materna no Brasil, entre as obstétricas diretas, são as síndromes hipertensivas (pré-eclâmpsia e eclâmpsia); hemorragias graves, principalmente após o parto; complicações no parto e infecções no pós-parto; e abortos inseguros. Essas são, na maioria dos casos, evitáveis. Porém, conforme alerta a especialista, há os casos de mortalidade materna inevitáveis, como em gestações contraindicadas por conta de alguma doença materna e a paciente, mesmo assim, deseja a gestação.
Segundo último levantamento da MEJC, em 2022 ocorreram 3.858 nascimentos e apenas duas mortes maternas, um índice considerado baixo, de acordo com Maria da Guia. “Os baixos índices de mortalidade materna em nossa instituição se devem, especialmente, à equipe bem treinada, material e equipamentos necessários à atenção de intercorrências e à UTI materna. O cuidado é uma arma importante”, afirmou.
Sensibilização
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), juntamente com outras agências e parceiros das Nações Unidas, lançou, em março deste ano, a campanha “Zero Mortes Maternas. Prevenir o Evitável” para incentivar os países da América Latina e do Caribe a reduzir a mortalidade materna, que aumentou em 15% entre 2016 e 2020.
Segundo a obstetra e presidente da Comissão Hospitalar de Mortalidade Materna (CHMM) da Maternidade Climério de Oliveira (MCO-UFBA/Ebserh), Márcia Maria Pedreira da Silveira, a OMS estima que de 88% a 98% das mortes maternas poderiam ser evitadas com o acesso oportuno às intervenções de emergência obstétrica vigentes.
Ela explica que isso envolve vários determinantes, desde aqueles considerados primários, como assistência básica e respeito à constituição, até os terciários, onde existe assistência especializada e tecnologia avançada. “Uma rede de assistência bem estruturada, que contemple um planejamento reprodutivo, acompanhamento de qualidade durante o pré-natal e assistência ao parto com identificação dos fatores de risco e intervenção em tempo hábil, promoverá uma diminuição das complicações durante o ciclo gravídico puerperal e, consequentemente, da mortalidade materna”, afirmou.
Ainda segundo a médica, é necessária a adoção de medidas mais amplas para melhoria da situação socioeconômica das mulheres e medidas internas do setor saúde, como organização do sistema de referência para atendimento às emergências obstétricas, assim como qualificação dos profissionais que prestam essa assistência e garantia de um parto seguro.
Para sensibilizar trabalhadores e usuários da MCO-UFBA sobre o tema, a instituição realizará a III Conferência sobre Mortalidade Materna no dia 30 deste mês. O evento é online e a programação engloba diversas temáticas relacionadas ao assunto.
Importância do pré-natal
O pré-natal é considerado um importante indicador de prognóstico ao nascimento. É o que afirma a chefe da Unidade de Saúde da Mulher do Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM/Ebserh), a enfermeira Jacqueline Silveira de Quadros. “O pré-natal de qualidade pode evitar agravamentos das condições de saúde, assim como promover saúde. Com a investigação e acompanhamento durante o período gestacional, é possível manejar precocemente possíveis intercorrências obstétricas e neonatais”, disse.
Serviços de saúde e gestantes/puérperas têm responsabilidade solidária na qualidade dos cuidados maternos. A rede de saúde deve facilitar o fluxo de acesso e encaminhamentos desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar de alto risco. “Para tanto, deve desenvolver ações educativas e preventivas, sem intervenções desnecessárias, como também detectar precocemente patologias e situações de risco gestacional e estabelecer vínculo entre o pré-natal e o local do parto”, completou Jacqueline. Já as gestantes possuem o compromisso do autocuidado e de serem assíduas às datas de consultas e exames agendados.
Em Santa Maria (RS), o HUSM/Ebserh possui um Ambulatório de Gestação de Alto Risco (AGAR) que conta com uma equipe multiprofissional, além de pronto-socorro obstétrico com atendimento de porta aberta e alojamento conjunto composto por 31 leitos, onde as pacientes recebem orientações e atividades educacionais individuais e coletivas acerca da amamentação, cuidados com o recém-nascido e boas práticas no parto e nascimento.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Luna Normand com revisão de Danielle Morais