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ALERTA
Dia de Conscientização sobre Picadas de Cobra alerta para importância da educação em saúde
Brasília (DF) – Você já ouviu falar em ofidismo ou acidente ofídico? É o nome dado ao envenenamento por picada de cobras, que acomete mais de 5 milhões de pessoas em todo o mundo anualmente, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, dados do último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde apontam para mais de 29 mil casos e 94 mortes, só em 2022.
Os acidentes ofídicos foram classificados pela OMS como uma doença tropical negligenciada, por isso mesmo o Brasil e outros países das Américas comprometeram-se a reduzir em 50% a mortalidade por picadas de cobra até 2030. Entre as estratégias adotadas está mobilizar e sensibilizar a sociedade para com o tema. Assim, o dia 19 de setembro foi instituído Dia Internacional de Conscientização sobre Picadas de Cobra. Na Rede Ebserh, diversos hospitais universitários oferecem tratamento adequado e educação em saúde para a população.
O Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Tocantins (HDT-UFT) é referência em acidentes com esses animais. “Existem as serpentes peçonhentas (venenosas) e as não peçonhentas. Se pensarmos nos primeiros sinais e sintomas de complicações de picada por serpente não peçonhenta, teremos o quadro de dor local e a possibilidade de observar os orifícios da penetração das presas, podendo ocorrer infecção secundária no local”, explicou o médico do HDT-UFT, Dário Silva da Silva Júnior.
Porém, são as serpentes peçonhentas as mais perigosas, já que o seu veneno pode causar manifestações sistêmicas no organismo, com alterações importantes no sistema nervoso, cardiovascular, muscular e hemostático. Entre as complicações estão infecções que podem evoluir para abscessos e necrose, levando à amputação do membro, alteração do nível de consciência, hemorragias generalizadas, paralisias das musculaturas motoras e respiratória, insuficiência renal e alteração da pressão arterial.
Tratamento
O médico do HDT alerta para a importância do tratamento multiprofissional em hospitais de referência e os riscos das medidas caseiras, que podem complicar a evolução do quadro, por isso a recomendação é sempre procurar atendimento de saúde. “O tratamento envolve medidas gerais (hidratação, alívio da dor, uso de antibióticos, entre outras ações) e específicas (soro antiofídico conforme o gênero da serpente causadora do acidente). Os problemas relacionados a uma condução ruim do caso pode levar a sequelas neurológicas, motoras, lesão renal, amputações ou mesmo a morte”, afirmou Dário Silva da Silva Júnior. Confira clicando AQUI algumas instruções em caso de picada ou mordida de serpentes peçonhentas.
O soro antiofídico para serpentes é parte importante do tratamento realizado nas unidades hospitalares. Ele contém anticorpos que neutralizam o veneno injetado durante a picada, evitando danos graves ou até fatais ao organismo. Vale ressaltar que não é uma vacina e, por isso, não produz imunidade permanente. Para que seja eficaz, no entanto, é importante identificar corretamente o tipo de serpente que causou a picada, já que existem soros específicos para os diferentes gêneros.
Conscientização
Estratégias de educação em saúde são importantes para melhorar o prognóstico e reduzir complicações, porque o tempo entre a picada da serpente e o primeiro atendimento é de suma importância para a recuperação da saúde da vítima. Na última sexta-feira (13), o Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA-UFAL) promoveu um treinamento inédito sobre ofidismo. A instituição possui um Plano de Atendimento de Emergências para mais diversos tipos de acidentes, incluindo picadas de cobras.
“A importância de discutir o tema é fomentar a prevenção desse tipo de acidente no ambiente de trabalho, por meio do amplo conhecimento dos trabalhadores acerca do tema, apresentando orientações para a tomada de condutas assertivas de prevenção e primeiros socorros”, disse o médico do trabalho do HUPAA, Anderson de Moura Pereira, que conduziu o curso em parceria com duas biólogas do Museu de História Natural da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).
Teleatendimento
No Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB), que integra o Complexo Hospitalar Universitário da Universidade Federal do Pará (CHU-UFPA), funciona uma unidade do Centro de Informações Toxicológicas (CIT) em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma). Responsável por dar informações sobre como proceder nesse tipo de acidente com serpentes, o CIT funciona ininterruptamente por meio do teleatendimento.
“Atualmente, temos realizado atendimento a 14 outros estados da federação, com orientações terapêuticas para profissionais de saúde e população em geral por meio do teleatendimento: sinais e sintomas, se é possível identificar o animal, recomendar a soroterapia antiveneno ou o tratamento de suporte e sintomático”, explicou a enfermeira Shirley Iara Martins Dourado, coordenadora do CIT-Belém.
Além da assistência remota, no HUJBB os pacientes recebem orientações no momento do acidente e na beira do leiro sobre o que fazer (e o que não fazer) em caso de picada de serpente.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Luna Normand, com revisão de Danielle Morais
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh