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7 DE MAIO
Desequilíbrio do clima aumenta casos de alergias, veja como prevenir e tratar
Crises alérgicas podem ser desencadeadas pelas variações bruscas de temperatura
Nesta matéria, você vai saber mais sobre:
- Fatores de aumento dos casos de alergia no mundo
- Escuta qualificada do paciente ajuda no diagnóstico correto
- Algumas medidas de prevenção e cuidados
Brasília (DF) - O dia 7 de maio é o Dia Nacional de Prevenção da Alergia, data criada pelo Ministério da Saúde com o objetivo de alertar para as alergias que atacam mais durante esta época do ano, associada ao frio. Com as variações climáticas e as diferenças regionais, no entanto, os profissionais de saúde preferem falar de alerta sobre as mudanças bruscas de temperatura, que podem desencadear processos alérgicos ou intensificar quadros já instalados, segundo especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).
“Essas variações podem causar irritação das vias respiratórias e aumentar a produção de muco, o que pode desencadear sintomas como tosse, espirros e congestão nasal, caracterizando exacerbação de asma e/ou rinite. Na pele, podem promover ressecamento, levando a coceiras e agravamento dos quadros de dermatite. Além disso, mudanças de temperatura podem afetar a qualidade do ar e a presença de alérgenos no ambiente, influenciando diretamente os sintomas alérgicos”, disse a alergista do Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago, da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC/Ebserh), Jane da Silva.
Segundo ela, a alergia é uma reação do sistema imunológico a substâncias que normalmente são inofensivas para a maioria das pessoas. Essas substâncias são conhecidas como alérgenos e podem ser pólen, ácaros da poeira doméstica ou de farinhas estocadas, pelo de animais, alimentos, medicamentos, venenos de insetos, entre outros. “Quando uma pessoa alérgica entra em contato com um alérgeno, o sistema imunológico reage de forma exagerada, causando sintomas que variam desde espirros, coceiras, inchaços, lesões na pele ou mesmo reações mais graves como choque anafilático”, explicou a especialista.
Especialistas afirmam que casos aumentaram no mundo
A professora e médica Daniella Campelo Batalha Cox Moore, especialista em alergia e imunologia no Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF/Ebserh), explicou que uma data específica para alertar sobre a prevenção das alergias é importante porque a prevalência das doenças alérgicas vem aumentando nas últimas décadas, com taxas de asmas variando de 1% a 20%, de rinite alérgica de 1% a 18% e de alergias cutâneas de 2% a 10% em diversas populações.
“São um grupo de doenças que podem causar risco de morte, especialmente a anafilaxia e asma e/ou grande comprometimento da qualidade de vida, como a dermatite atópica e rinite. São condições que afetam especialmente crianças, mas também adultos, causando absenteísmo escolar e no trabalho”, explicou a especialista, que é responsável pelo Setor de Alergia e Imunologia do Huap.
Em relação às variações climáticas, a médica faz um alerta: “Enquanto o Rio de Janeiro lida com ondas de calor, o Rio Grande do Sul sofre com chuvas e inundações, o que mostra o desequilíbrio do clima. Precisamos pensar global e agir local, de forma que cada um pode pensar em como contribuir para diminuição de emissão de poluentes, como pode contribuir para arborização das ruas, conservação das florestas, limpeza dos rios, redução do uso de plásticos. E apoiar sempre que possível causas que promovam o respeito e cuidado ao meio ambiente”, disse.
Segundo ela, as doenças alérgicas são particularmente mais frequentes entre as crianças, mas podem acometer todas as faixas etárias. “Pode se manifestar de forma mais grave nos grupos mais vulneráveis tais como crianças pequenas, idosos, gestantes e pessoas com comorbidades. Com relação ao sexo biológico, as doenças alérgicas são mais prevalentes nos meninos na infância e nas meninas após a puberdade”, disse a médica, explicando que o acompanhamento médico é muito importante, uma vez que a grande maioria das alergias não têm cura.
Profissional deve ouvir relato do paciente
Segundo os especialistas, esse diálogo entre o médico e o paciente é fundamental para o diagnóstico e tratamento. O professor, alergista e imunologista Mário Adriano dos Santos, que atua com profissionais e acadêmicos do Hospital Universitário da Universidade Federal do Sergipe (HU-UFS/Ebserh), disse que uma das principais características do bom alergista é justamente a capacidade de ouvir e estar atento ao relato do paciente, uma vez que a história clínica é um dos pontos mais importantes para o diagnóstico. “São os detalhes contidos nesse relato que permitem o diagnóstico preciso”, disse, acrescentando que o médico alergista tem de fazer residência em clínica médica e mais dois anos de formação em alergia e imunologia.
Segundo ele, é possível adotar medidas no ambiente escolar, em casa e no trabalho que podem ajudar na redução de crises alérgicas e na redução de fatores que podem se associar às manifestações iniciais. “É preciso manter ambientes ventilados, limpos, com o mínimo de objetos que acumulem poeira, troca de roupa de cama com uma frequência maior do que a habitual. Orientamos também que na limpeza de pisos se utilizem formas que provoquem o mínimo possível de dispersão”, disse.Algumas decisões importantes na prevenção e controle das alergias também passam pelo diálogo entre profissional e paciente. “Um ponto habitual de estresse para os pacientes é quando há a possibilidade de sensibilização a alérgenos oriundos de saliva, pelo ou epitélio de animais domésticos. Quando isso acontece, paciente e médicos, de forma esclarecida podem tomar a decisão mais apropriada em relação às doenças alérgicas, observando a fisiopatologia da doença e o papel desses alérgenos, e eventuais impactos psíquicos das medidas, quando é necessário o afastamento do paciente de determinado alérgeno”, explicou o médico.
Algumas medidas de prevenção e cuidados
- Manter a limpeza e a ventilação dos ambientes, evitando o acúmulo de poeira e ácaros.
- Evitar o uso excessivo de ar-condicionado ou aquecedores, pois podem ressecar o ar ou aumentar a circulação de alérgenos.
- Evitar carpetes e tapetes, que acumulam poeira e ácaros.
- Manter animais de estimação fora do quarto para reduzir a exposição a pelos e caspa de animais.
- Lavar roupas de cama e cortinas regularmente.
- Evitar o tabagismo e exposição a fumaças pela queima de madeira.
- Manter ambientes com o mínimo de objetos que acumulem poeira e trocar de roupa de cama com uma frequência maior do que a habitual.
- Limpar pisos se utilizem formas que provoquem o mínimo possível de dispersão.
- Buscar uma melhor hidratação oral, bebendo água com frequência.
- O uso de soro fisiológico para umidificação e limpeza nasal pode ajudar a diminuir o ressecamento causado pelo calor.
- Buscar arejar a casa o máximo possível. Pessoas que apresentem dermatite atópica precisam intensificar a hidratação da pele.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Sinval Paulino, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social – Ebserh