Séries Especiais
SÉRIE SEGURANÇA E SAÚDE EM ENCHENTE
Cuidados com a pele em meio à situação de calamidade pública do Rio Grande do Sul
É fundamental manter a pele limpa e hidratada, evitando o contato com agentes causadores de doenças. Imagem ilustrativa: freepik
Brasília (DF) – Os recentes eventos climáticos que assolam o Rio Grande do Sul têm trazido não apenas prejuízos materiais, mas também preocupações com a saúde da população. Entre as consequências, estão as doenças de pele, que podem surgir devido ao contato com águas contaminadas e ao acúmulo de umidade. Nesse cenário, especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) estão unindo forças com o objetivo de dar suporte e disponibilizar informações que possam auxiliar aqueles que se encontram em risco. A Rede Ebserh administra três Hospitais Universitários Federais no Rio Grande do Sul e tem atuado de forma solidária, visando garantir o atendimento e o cuidado adequado por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Nesta oitava matéria da série “Segurança e saúde em enchente”, a dermatologista do Hospital Universitário Antônio Pedro da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF), Lívia Pino, compartilhou orientações importantes para a população em situação de calamidade pública. Também fica o alerta para que a população tente manter hábitos de higiene e buscar orientação médica diante de qualquer sintoma ou situação de risco à saúde.
Cuidados com ferimentos
Segundo a especialista, os ferimentos são comuns nessas situações, devido à presença de objetos cortantes submersos. Em caso de ferimentos, é recomendado lavá-los cuidadosamente com sabão e água corrente ou limpa, e buscar atendimento médico em caso de feridas profundas ou que não parem de sangrar. Atenção especial aos machucados, eles podem evoluir para infecções locais, como impetigo, celulite e erisipela, apresentando sintomas como vermelhidão local, calor, dor e, em algumas vezes, secreção amarelada.
Os objetos contaminados com a bactéria causadora do tétano podem representar riscos para pessoas não vacinadas, podendo ser fatal. Os sintomas do tétano incluem rigidez muscular, espasmos, dificuldade para engolir, febre e sudorese. É importante buscar atendimento médico imediatamente se houver suspeita de infecção, especialmente para pessoas não vacinadas.
Fungos, vírus, bactérias e animais peçonhentos também são perigosos
As enchentes também podem propiciar infecções de pele por fungos, enquanto água e alimentos contaminados podem transmitir hepatite A e outras viroses, além de causar gastroenterite. As águas também podem conter insetos e outros animais que causam “picadas” e queimaduras na pele, como lacraias, cobras, aranhas e animais peçonhentos. Em alguns casos, essas picadas podem resultar em doenças graves, inclusive com manifestações renais e neurológicas. Em todos os casos é recomendado buscar atendimento médico para avaliação e tratamento adequado.
Outro ponto de atenção são os potenciais criadouros para mosquitos transmissores de doenças como a dengue. Os sintomas variam em intensidade e podem incluir febre alta, dor de cabeça intensa, dor no corpo, cansaço, sangramentos na gengiva e nariz, entre outros. Além disso, a água contaminada por bactérias, muitas vezes provenientes da urina de ratos, pode causar leptospirose, uma doença febril que pode ser muito grave. Os sintomas iniciais da leptospirose são semelhantes aos da gripe e da dengue, incluindo febre, dor de cabeça intensa, olhos vermelhos, dor no corpo (principalmente na panturrilha), tosse e vômitos. Nos casos mais graves, podem ocorrer icterícia, sangramentos, meningite e falência renal.
No caso das pessoas que estão em abrigos, também é importante estarem atentas a doenças como pediculose e escabiose, comuns devido à aglomeração. Nesse cenário, também devem ser tomadas medidas de precaução, como verificar a presença de animais peçonhentos em roupas, colchões e sapatos doados, além de realizar a limpeza adequada, dentro do possível, dos objetos com água e sabão ou solução de água sanitária.
Quer saber mais sobre o como a Ebserh tem reagido à enchente e alagamentos no RS? Confira nas reportagens anteriores desta série:
Enchente no Rio Grande do Sul impacta hospitais da rede Ebserh
Hospitais da Rede Ebserh unem esforços para assegurar atendimento durante enchente no Rio Grande do Sul
Medidas preventivas e orientações de saúde ajudam a enfrentar os impactos da enchente
Cooperação interinstitucional tem amenizado os impactos das enchentes nos hospitais gaúchos
HE-UFPel oferece teleconsultoria para apoiar médicos de Pelotas durante enchentes no RS
Saúde mental: cuidados possíveis em meio às enchentes no Rio Grande do Sul
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, sendo três no Rio Grande do Sul: HU-Furg, HE-UFPel e HUSM-UFSM, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh