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Pediatria
Criança de 6 anos tem quase 2kg de tumor removido em cirurgia inédita no hospital do Governo Federal em Santa Maria (RS)
Santa Maria (RS) – Queixas de confusão mental, distensão e desconforto abdominal tem sido alguns dos sintomas que levou uma criança de 6 anos até o Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), vinculado à Rede Ebserh/MEC, em outubro do ano passado. Após algumas consultas e exames diagnósticos, a conclusão: Tumor de Wilms. Após cirurgia, o tumor de quase dois quilos foi retirado da paciente.
Trata-se de um tipo de tumor renal, comum em casos de crianças mais novas. Não se sabe ao certo o surgimento desse tumor, mas em algumas crianças que podem ter uma anomalia genética, o aumento do risco de desenvolverem é certo. Nesse caso específico, o tumor invadiu a veia cava inferior, que compromete o coração.
“Essa criança chegou ao ambulatório de oncologia pediátrica com uma massa tumoral bastante volumosa. O trombo obstruiu a principal veia do abdômen, cava inferior, adentrando o coração. Quando ela chegou, já sabíamos que teríamos uma cirurgia desafiadora e que, pela extensão da lesão, iríamos precisar de ajuda de outros profissionais”, recordou Gabriela Zanolla, cirurgiã pediátrica do HUSM.
Uma reunião, coordenada pela médica Dayane Fraga, teve a participação de toda a equipe médica para definir todas as etapas do procedimento. Na terça-feira, 4 de janeiro, 13 médicos e sete profissionais de Enfermagem se revezaram durante a cirurgia, que teve duração de oito horas.
A equipe da cirurgia pediátrica realizou a nefrectomia, procedimento que remove uma parte ou a totalidade de um rim. Para isso, a equipe da cirurgia cardiovascular conectou a paciente em uma máquina de circulação extracorpórea com circuito pediátrico - uma técnica que visa substituir o trabalho do coração e dos pulmões por uma máquina externa ao corpo. O sangue não oxigenado do paciente é desviado para o equipamento, que o devolve reoxigenado para a sua circulação, reduzindo a temperatura corporal em hipotermia profunda (18°C) a fim de interromper o fluxo sanguíneo da paciente e realizar a retirada de parte da veia cava inferior, invadida pelo tumor.
“O resfriamento visa reduzir a taxa metabólica do paciente. Ou seja, diminui o consumo de oxigênio pelos tecidos e, por consequência, faz com que os órgãos aguentem período maior de isquemia sem provocar a morte do tecido”, explicou o enfermeiro perfusionista, Victor Rodrigues.
Os médicos removeram aproximadamente 1,7kg de tumor. A criança foi encaminhada para a UTI Pediátrica, onde permaneceu 24h entubada. Na sexta feira, 7, já estava de volta ao leito na companhia de seus familiares. “Ela irá passar pelo período de cicatrização das lesões em casa. Depois, vai dar continuidade ao tratamento com mais quimioterapia e radioterapia. Nossa expectativa é de cura, realmente. Vale ressaltar que tudo deu certo por causa do trabalho em equipe. Me sinto muito feliz em ter feito parte dessa equipe e ter contribuído para a vida dessa criança de uma forma impactante”, conclui Gabriela.
Sobre a Rede Ebserh
O HUSM-UFSM faz parte da Rede Ebserh/MEC desde dezembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Essas unidades hospitalares, que pertencem a universidades federais, têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde das regiões em que os hospitais estão inseridos, mas se destacam pela excelência e vocação nos procedimentos de média e alta complexidades.
Com informações do HUSM-UFSM/Ebserh