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INOVAÇÃO
Cirurgia corrige malformação de bebê ainda no útero
Cirurgia intrauterina “à céu aberto” realizada na Meac-UFC é inédita no Ceará - Foto: Nilfacio
Fortaleza (CE) – No dia em que completava 35 anos, Fernanda Oliveira se preparava para mais um grande desafio: a cirurgia a que seria submetida na manhã seguinte para corrigir uma malformação congênita da bebê que carrega no ventre. Faltam algumas semanas para Maria Giovana nascer, mas ela já entra para a história da medicina fetal do Ceará como a primeira bebê operada para correção de mielomeningocele ainda no útero da mãe. A cirurgia, de alta complexidade, mobilizou todo a maternidade e envolveu mais de 20 profissionais de saúde altamente especializados, entre médicos neurocirurgiões pediátricos, obstetras fetólogos, anestesiologistas e neonatologistas, além de farmacêuticos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
O procedimento, inédito no Estado, foi realizado na Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), do Complexo Hospitalar da UFC/Ebserh, no último domingo, 26 de maio. Coordenada pelos professores de Medicina da UFC Edson Lucena e Herlânio Costa, a cirurgia foi viabilizada com a vinda de quatro médicos de São Paulo: os neurocirurgiões Sérgio Cavalheiro e Italo Suriano e os obstetras fetólogos Antonio Fernandes Moron e Maurício Barbosa, além da participação do neurocirurgião pediátrico Eduardo Jucá e da anestesiologista Fernanda Castro e equipe. O procedimento foi um sucesso: mãe e bebê se recuperam muito bem e seguirão monitoradas até o nascimento.
Sobre a mielomeningocele
Também conhecida como espinha bífida aberta, a mielomeningocele é uma malformação congênita da coluna vertebral do bebê em que as meninges, a medula e as raízes nervosas estão expostas. O defeito surge antes da 8ª semana de gestação, durante a fase de formação dos órgãos. Se não corrigido, traz graves sequelas no desenvolvimento neurológico da criança. As causas são multifatoriais, podendo ser genéticas ou ambientais.
A Sociedade Brasileira de Neurocirurgia estima que a cada 1.000 nascimentos, 1 a 10 bebês podem ter essa condição. Por isso, a medicina fetal tem concentrado esforços para tentar corrigir as malformações com o máximo de precocidade, evitando danos mais severos. A técnica mais comum é uma neurocirurgia nos primeiros dias após o nascimento. Mas nos últimos anos, a cirurgia no bebê ainda no útero da mãe tem sido a opção mais eficaz.
Cirurgia intrauterina a céu aberto
A principal inovação na técnica utilizada na cirurgia de Maria Giovana é que ela é feita “a céu aberto”, ou seja, os médicos colocam o útero da paciente para fora e fazem uma pequena incisão nele, através da qual operam a coluna do feto. Em seguida, fecham as incisões e o útero é inserido novamente no abdômen da mãe. A gestação segue normalmente até o nascimento do bebê, geralmente prematuro.
“O procedimento melhora o prognóstico dessas crianças no sentido motor, neurológico e no desenvolvimento em toda a sua vida, com menor taxa de hidrocefalia e favorecendo uma independência para elas. Já há evidências científicas consistentes de que quando a cirurgia é realizada intra-útero o resultado neurológico é melhor do que a cirurgia pós-natal”, explica Edson Lucena.
No caso da cirurgia a céu-aberto, o ideal é sua realização entre a 24ª e a 26ª semanas da gravidez. Para isto, é fundamental que o diagnóstico seja feito o mais rápido possível para que haja tempo de orientação adequada e preparo da paciente e da família sobre fazer ou o procedimento. “A mielomeningocele já pode ser suspeitada no ultrassom morfológico de 1º trimestre, entre 11 e 14 semanas de gestação, e confirmada a partir da 15ª semana, em geral, no morfológico de 2º trimestre, de 18 a 24 semanas”, aponta Herlânio Costa.Foto: Vacinação na sede de Ebserh ocorreu nesta segunda-feira (27).
Sobre a Rede Hospitalar Ebserh
Desde novembro de 2013, a Maternidade-Escola Assis Chateaurbriand, da Universidade Federal do Ceará, faz parte da Rede Ebserh. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) administra atualmente 40 hospitais universitários federais. O objetivo é, em parceria com as universidades, aperfeiçoar os serviços de atendimento à população, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), e promover o ensino e a pesquisa nas unidades filiadas.
A empresa, criada em dezembro de 2011, também é responsável pela gestão do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf), que contempla ações em todas as unidades existentes no país, incluindo as não filiadas à Ebserh.
Coordenadoria de Comunicação Social com informações da MEAC-UFC