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Celebrando a força e a resiliência das mulheres negras na saúde e ciência
Salvador (BA) – Em 25 de julho, comemoram-se duas datas importantes que ressaltam a história e a resistência das mulheres negras em suas comunidades e para além delas. O Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha surgiu em 1992, durante o primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, para dar visibilidade às lutas e conquistas das mulheres negras na região. Já o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra foi instituído, em 2014, para homenagear a líder quilombola, símbolo de resistência à escravidão.
Neste contexto, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) ressalta a determinação e o comprometimento das mulheres negras em seus 45 hospitais universitários federais. Essas profissionais se destacam pela excelência na prestação de cuidados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), na realização de pesquisas inovadoras e na formação de novos profissionais da área da saúde. Confira três depoimentos!
A voz da diversidade na pesquisa
Idália Oliveira dos Santos, pesquisadora e técnica de Enfermagem na Maternidade Climério de Oliveira, da Universidade Federal da Bahia (MCO-UFBA), foi reconhecida no Livro Pesquisadores Destaque 2024 Brazil Conference at Harvard & Massachusetts Institute of Technology (MIT). “A presença de corpos negros na ciência e nas universidades rompe barreiras sociais históricas que marginalizam mulheres e pessoas negras”, disse Idália, ressaltando que a diversidade na pesquisa pode levar a soluções mais eficazes para desafios globais.
Envolvida em estudos sobre saúde da mulher negra e mulheres cisgênero em situação de rua, Idália defende que “essas pesquisas são a sustentação necessária para a formulação de políticas públicas que criem ambientes mais inclusivos e justos na sociedade”. Além disso, acredita que sua atuação pode inspirar outras mulheres negras a seguir carreiras na saúde, enfatizando que “a visibilidade de mulheres negras em papéis profissionais é importante para combater estereótipos e mostrar que essas carreiras, apesar de muito trabalhosas, são acessíveis e viáveis”.
Transformando desafios em oportunidades
Luciana Oliveira é docente, pesquisadora e endocrinologista no Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes-UFBA). Segundo ela, “A diversidade nas equipes de pesquisa em saúde é fundamental para garantir uma multiplicidade de olhares e enriquecer os projetos de pesquisa”. Sobre sua trajetória, disse: “Acredito que minha história pode inspirar as alunas, mostrando que elas também podem alcançar seus objetivos”.
Luciana compartilhou os desafios enfrentados como mulher negra na Medicina, “apesar de não ter sido criada com a questão racial como pauta em minha família, já enfrentei situações em que as pessoas duvidaram de minha profissão”. No entanto, relatou que encara esses momentos com naturalidade e procura educar aqueles que possuem preconceitos estruturais, utilizando o humor para mostrar o absurdo da situação.
A pesquisadora enfatizou que, com o passar dos anos e sua experiência, além da forma como se veste e se comporta não deixa espaço para discriminação ou racismo, ressaltando: “por ser uma boa profissional, nunca fui questionada em relação à minha capacidade”. Luciana reforçou a importância da diversidade em todos os espaços e acredita que a representatividade é fundamental para inspirar futuras gerações.
A luta pela representatividade
Carolina Amaral da Silva, fisioterapeuta, pesquisadora e chefe da Unidade de Gestão da Pesquisa do Hospital Universitário Dr. Miguel Riet Corrêa Jr., da Universidade Federal do Rio Grande (HU-Furg), compartilhou que “o maior desafio foi a sensação de falta de pertencimento. Em muitos momentos eu olhava para os lados e era a única pessoa negra na sala de aula”. Por isso, destacou a importância da presença de mulheres negras em espaços acadêmicos.
A pesquisadora enfatizou as contribuições significativas das mulheres negras para o avanço da ciência e tecnologia, trazendo diversidade e um olhar diferenciado para questões raciais e culturais. Além disso, ressaltou a relevância do acolhimento e da compreensão do impacto do racismo na saúde mental da comunidade negra. Carolina deixou uma mensagem de inspiração: “Por você, e pela história do nosso povo, persista! Nossas escolhas podem abrir portas e inspirar outras mulheres negras a progredirem socialmente e profissionalmente”.
Essas e outras mulheres negras são exemplos de superação e dedicação que podem transformar a saúde pública e contribuir para o avanço da ciência. Suas histórias e conquistas refletem a importância da representatividade e do papel das mulheres negras nas áreas de saúde, ensino e pesquisa. Que o legado das mulheres negras na Ebserh sirva de exemplo e inspiração, mostrando que é possível conquistar espaços e fazer a diferença.
Exposição fotográfica
Em Maceió, no Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, da Universidade Federal do Alagoas (Hupaa-Ufal), será realizada a exposição “Onde estão as mulheres pretas do HU?”, com fotografias de cerca de 20 colaboradoras do Hupaa-Ufal. A mostra fotográfica inicia nesta quinta-feira (25) e se estenderá até o dia 28 de julho, no hall de entrada do Hospital. A ação está sendo promovida pela Comissão de Residência Multiprofissional em Saúde (Coremu) e pelo movimento antirracista do Hupaa-Ufal, denominado Negrhu.
A iniciativa busca homenagear as mulheres negras trabalhadoras que enfrentam cotidianamente barreiras impostas pelo sexismo e racismo nos espaços sociais e profissionais; exaltar a autoestima; e valorizar a luta e a diversidade dessas mulheres.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Andreia Pires, com contribuição de Jacqueline Santos e revisão de Danielle Morais
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh