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JULHO LARANJA
Campanha sobre anemia e leucemia reforça importância da doação de sangue
Brasília (DF) - No mês de junho, profissionais e instituições de saúde se unem para alertar sobre a importância da conscientização, diagnóstico precoce e tratamento da anemia e da leucemia, dois temas associados ao sangue. Trata-se do Junho Laranja, cujo objetivo é informar sobre o assunto e, consequentemente, contribuir para o debate sobre a doação de sangue. Para isso, especialistas da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) falaram sobre as características destas condições e explicaram, em detalhes, as formas de intervenção feitas nos hospitais universitários da Rede, que engloba 45 HUs no Brasil.
A anemia é uma condição clínica que pode apontar alguma doença (inclusive a leucemia) e é caracterizada pela diminuição da quantidade de glóbulos vermelhos ou hemoglobina no sangue, resultando em uma capacidade reduzida de transporte de oxigênio para os tecidos do corpo, e pode ser causada por deficiência de ferro, deficiência de vitamina B12, problemas genéticos, doenças crônicas ou outras condições de saúde.
Já a leucemia é um câncer que afeta as células do sangue e da medula óssea, responsáveis pela produção de células sanguíneas. Na leucemia, ocorre uma produção anormal e excessiva de células brancas do sangue, prejudicando a função normal do sistema imunológico.
O chefe da Unidade de Hematologia e Hemoterapia do Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia (Hupes/UFBA/Ebserh), Edvan de Queiroz Cruzoe, disse que, embora tenham como ponto comum o fato de serem doenças relacionadas ao sangue, a anemia e a leucemia são temas bem distintos. “Anemia é a causa muito mais comum, em prevalência na população, versus a leucemia, que é uma doença bem rara, e não se trata de uma doença única. Há uma grande diferença entre leucemia aguda ou crônica”, disse.
No Hupes, os pacientes com anemia são tratados com reposição de nutrientes ou imunossupressores, dependendo do dia de condição. No caso de leucemias, o tratamento é feito com quimioterapia e, quando é o caso, o paciente é encaminhado para transplante.
A hematologista do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes, da Universidade Federal do Alagoas (HUPAA-Ufal/Ebserh), Luiza Soares Vieira Bandeira de Melo, explicou que a anemia se caracteriza pela queda nos níveis de hemoglobina no sangue, responsável pelo transporte de oxigênio e nutrientes ao organismo. “Consequentemente leva a sintomas com fadiga, falta de apetite, sonolência excessiva, falta de ar aos esforços, pode provocar insônia; queda de cabelo, unhas quebradiças”, disse. A anemia é uma condição que atinge 36% da população mundial, ou seja, 2,9 bilhões de pessoas, aproximadamente.
Segundo ela, pacientes com diagnóstico de leucemias são acompanhados no serviço especializado no HUPAA, o que envolve tratamento oncológico, quimioterápico e/ou radioterapia, com destaque para ação da equipe multiprofissional.
Médico explica importância da investigação clínica e exames
“A relação entre anemia e leucemias é porque a anemia pode ser um dos sintomas iniciais de uma leucemia. A anemia não é uma doença, ela é uma condição clínica. Então toda vez que eu diagnostico essa condição clínica, eu preciso descobrir qual é a causa dessa anemia, para aí sim eu definir o tratamento apropriado. Trata-se de um problema de saúde coletiva, que precisa ser cada vez mais difundido, debatido, pois sempre que nós estamos com anemia, nós precisamos investigar qual é a causa”, disse o chefe da Unidade de Hematologia e Hemoterapia do HU-UFMA/Ebserh, Yuri Lopes Nassar. Ele explicou que existem vários tipos de anemias, de causas distintas, e também vários tipos de leucemias com causas e tratamentos totalmente diferentes.
O médico acrescentou que a leucemia se caracteriza como um câncer do sangue. Como são mais de 22 tipos, os diagnósticos podem necessitar ou não de uma avaliação medular ou de exames complementares no sangue periférico. “No tratamento das leucemias, hoje nós temos algumas drogas-alvo, no qual você toma um comprimido e resolve o problema, controla a doença, como na leucemia mieloide crônica, mas nós podemos necessitar também de quimioterapia, às vezes radioterapia, e até mesmo o transplante de medula óssea”, explicou.
Em relação às linhas de cuidado, no HU-UFMA é feito todo um monitoramento do paciente internado para evitar o desenvolvimento de anemias e, no caso de leucemias, o hospital adota uma conduta mais relacionada à investigação. “Nosso perfil é investigação de pacientes com essas doenças, e aí se tiver alguma suspeita, nós fazemos o diagnóstico e encaminhamos para os hospitais de referência”, disse.
Especialista fala da importância da conscientização
A chefe do serviço de Hematologia do Hospital Universitário Antônio Pedro, da Universidade Federal Fluminense (Huap-UFF/Ebserh), Mônica Kopschitz Praxedes Lusis, disse que, além da informação sobre o diagnóstico e tratamento, a campanha é importante para tratar da importância sobre a solidariedade por parte da sociedade. “É uma oportunidade para que as pessoas colaborem com o tratamento de quem têm doenças do sangue e que venham a precisar de transfusão ou mesmo de transplante de medula óssea. Essa informação faz com que as pessoas se sintam mais seguras para doar sangue, para ajudar os outros e para se candidatar a serem doadores de medula óssea”, disse a médica e professora de Hematologia.
Segundo ela, a leucemia não é uma única doença, mas um grupo bastante heterogêneo de neoplasias malignas que tem origem em células muito jovens da medula óssea, células hematopoiéticas da medula óssea. “Essas doenças são causadas por alguma suscetibilidade genética e por mutações que podem acontecer de acordo com a exposição dessa pessoa a fatores ambientais (como, por exemplo, radiações, medicações, quimioterapia, como pacientes que se expuseram no trabalho a uma substância que é tóxica para medula óssea que é o benzeno). Então existem esses fatores que aumentam o risco de leucemia aguda, mas, em grande parte dos casos a gente não consegue detectar uma causa”, explicou.
Ela explicou que no Huap os pacientes são internados e recebem tratamento quimioterápico. “O transplante nunca é o tratamento inicial. Então, tratamos com quimioterapia e quando os pacientes precisam de transplante, eles são encaminhados para o Instituto Nacional do Câncer”, disse a médica.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação
Redação: Sinval Paulino, com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh