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SAÚDE PÚBLICA
Brasil é o país com o maior número de casos prováveis de dengue em 2024
Vírus da dengue é transmitido pela fêmea do mosquito Aedes aegypti. Imagem ilustrativa.
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Brasília (DF) – Dengue é um tema sempre importante no cenário da saúde pública, especialmente porque o Brasil é o país com o maior número de casos prováveis em 2024, estimando-se quase 6,3 milhões, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) na pesquisa divulgada em junho. Com um olhar ainda mais profundo sobre o tema, especialistas de hospitais ligados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) alertam sobre as atitudes preventivas e o tratamento para enfrentar a doença, neste que é considerado como Dia Nacional de Combate (23). A data foi instituída pela Lei Nº 12.235/2010 e estabelece sempre o penúltimo sábado de novembro para essa campanha.
O que é dengue?
A dengue é uma doença viral (vírus DENV) transmitida pela fêmea do mosquito Aedes aegypti. O infectologista André Bon, do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), explica que os sintomas incluem febre aguda, dor de cabeça, náusea, vômito e manchas pelo corpo. Apesar de alguns sinais parecerem com os de uma gripe comum, a dengue não apresenta, em geral, sintomas respiratórios, como coriza ou tosse. Também é importante, para auxiliar na identificação, observar o contexto epidemiológico em que a pessoa está inserida, se é um período de aumento de casos ou área endêmica.
A principal forma de diagnosticar a dengue, esclarece André, é com o teste do antígeno nos primeiros cinco dias de início dos sintomas; ou com sorologia, após esse tempo. Outros sintomas, cita o médico, podem revelar a forma grave da doença: “Dor abdominal intensa, vômitos persistentes, alteração do nível de consciência, seja para agitação ou sonolência, sangramento na gengiva, na urina ou nas fezes são sinais de alarme para a dengue grave e a pessoa deve buscar atendimento”. Neste caso crítico, a perda de água dos vasos sanguíneos é intensa e pode provocar quedas bruscas de pressão arterial e até disfunções renais e hepáticas. Se não devidamente tratada, pode levar à morte.
O tratamento para dengue consiste em controlar os sintomas de dor e febre, além de muita hidratação. Na forma grave, no entanto, o paciente precisa ser internado para hidratação venosa e observação. Em todo caso, o diagnóstico correto e as orientações sobre os cuidados serão indicadas pelo serviço de saúde. O infectologista ainda alerta: “Não é qualquer remédio que pode ser tomado, apenas o paracetamol e a dipirona. Todos os outros anti-inflamatórios são contraindicados pelo aumento de risco de sangramentos”.
Existem quatro tipos de vírus da dengue e, por isso, é possível ser infectado pela doença quatro vezes. A cada momento de infecção, o corpo desenvolve uma imunidade para aquele subtipo específico. Porém, o risco de evoluir para o agravamento da doença é maior no segundo episódio de infecção, afirma o especialista.
Grupos de risco
Além deste risco aumentado de uma infecção agravante em quem já teve dengue, as pessoas com mais dificuldade em lidar com o impacto do vírus no organismo por diferentes fatores, como idade e comorbidades, fazem parte dos grupos de risco para dengue grave, destaca a infectologista Nerci Ciarlini, do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC). Este grupo inclui crianças menores de 2 anos; idosos; pessoas com doenças crônicas, como diabetes, hipertensão, problemas renais ou cardíacos; gestantes; e imunossuprimidos, que são aqueles com enfraquecimento do sistema de defesa do corpo, provocado por doenças (como lúpus, doença de crohn etc.), tratamento com quimioterapia ou uso de medicamentos que diminuem a imunidade.
No caso de dengue na gestação, “a mãe tem maior risco de hemorragias e choque, enquanto o bebê pode sofrer com parto prematuro, baixo peso e, em casos graves, até a transmissão do vírus no parto”, destaca Nerci. Já em pessoas imunossuprimidas, o maior perigo envolve a dificuldade do corpo em combater o vírus, o que pode levar a uma progressão rápida para hemorragias e comprometimento de órgãos. O tratamento nesses casos exige um cuidado ainda maior, com as recomendações de hidratação intensa e monitoramento com exames de sangue.
Dengue: como prevenir?
Desde 21 de novembro de 2023, o Brasil passou a contar com a vacina contra a dengue, sendo, inclusive, segundo o Ministério da Saúde (MS), o primeiro país a oferecê-la de forma pública, no Sistema Único de Saúde (SUS). Mas, mesmo com a disponibilidade do imunizante, é essencial controlar a transmissão pelo mosquito de forma constante, interrompendo o seu ciclo de reprodução em água parada e se protegendo ao máximo do contato com ele.
Os especialistas orientam a manter, nas residências, recipientes secos, colocar areia nos pratos de vasos de plantas, deixar a caixa d’agua bem fechada e desobstruir calhas e ralos. A limpeza pública também é um ponto importante, com comprometimento das autoridades e dos cidadãos para evitar acúmulo de lixos nas ruas. O uso de telas nas janelas, inseticidas e repelente também é uma recomendação para afastar o mosquito.
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Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Marília Rêgo, com edição de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh