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MULTICÊNTRICO
Aumenta incidência de doenças inflamatórias intestinais (DII) no Nordeste, aponta pesquisa que envolveu três unidades da Rede Ebserh
Pesquisa pôde observar que o comportamento da doença caracterizou-se, em sua maioria, como extenso, de difícil controle e frequentemente associado a complicações
Brasília (DF) – O trabalho científico "A Multicentre Study of the Clinical and Epidemiological Profile of Inflammatory Bowel Disease in Northeast Brazil (Estudo Multicêntrico do Perfil Clínico e Epidemiológico de Doença Inflamatória Intestinal no Nordeste do Brasil)", conduzido de forma multicêntrica – em mais de uma instituição ao mesmo tempo e utilizando o mesmo protocolo –, e realizado em ambulatórios de referência de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, observou um aumento progressivo da incidência de doenças inflamatórias intestinais (DII) nos Estados do Nordeste. Algo parecido já vinha sendo relatado em países em desenvolvimento da América Latina.
Foram analisados 517 pacientes com colite ulcerativa (UC) ou doença de Crohn (DC), principais formas de doenças inflamatórias intestinais, mais prevalentes em países em desenvolvimento como o Brasil, sendo recrutados de janeiro de 2020 até dezembro de 2021, através do modelo de coorte prospectivo – quando o pesquisador está presente no momento da exposição de um ou mais fatores e acompanham por um período de tempo para observar um ou mais desfechos. Dos envolvidos, 355 (62%) possuíam UC e 216 (38%) tinham DC, com incidência predominante sobre as mulheres.
"Há poucos estudos de doenças inflamatórias no Brasil, em especial no Nordeste. Esse é o primeiro estudo multicêntrico que descreve o perfil clínico e epidemiológico e com um número de participantes realmente robusto. É um aspecto muito relevante por ser um estudo local para ver se o perfil dessa doença realmente corresponde com aqueles que são descritos na literatura. Então, tivemos algumas diferenças nesse estudo, e o que preocupou é que a maioria dos pacientes que têm a doença de Crohn é atendida com comportamentos de uma doença mais grave, e o tempo entre o início do sintoma até o diagnóstico foi prolongado com média de um ano”, explica o professor adjunto de medicina clínica e do ambulatório de gastrologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (HC-UFPE), vinculado à Empresa Brasileira de Seriços Hospitalares (Ebserh), Carlos Brito.
Para participar da amostra, os indivíduos tinham que estar sendo acompanhados em ambulatórios de unidades hospitalares especializadas no atendimento a pacientes com DII nas capitais de três estados do Nordeste brasileiro: HC-UFPE, Universidade Estadual de Pernambuco (UPE) e Hospital Barão de Lucena, em Pernambuco; Hospital Universitário Lauro Wanderley da UFPB, na Paraíba; e no Hospital Universitário Onofre Lopes da UFRN, no Rio Grande do Norte, ambos também pertencentes à Rede Ebserh. Além disso, o estudo registrou as questões demográficas e sociais como sexo, idade, raça, renda familiar e escolaridade, bem como variáveis clínicas.
Com isso, a pesquisa pôde observar que o comportamento da doença caracterizou-se, em sua maioria, como extenso, de difícil controle e frequentemente associado a complicações, o que pode ser em parte devido ao tempo prolongado entre o início dos sintomas e o diagnóstico da doença. Mas também, de acordo com o especialista, a prevalência de DII pode estar associada ao crescimento populacional, mudanças de hábitos e o melhor acesso a centros especializados, que podem resultar em diagnósticos superiores.
Números
As doenças em questão têm sido motivo de preocupação na região há anos, afetando uma grande parcela da população local. De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), estima-se que aproximadamente 5 milhões de indivíduos em todo o mundo sejam afetados pelas DII, tendo uma maior incidência em adolescentes e adultos na faixa etária de 15 a 40 anos. No Brasil, a prevalência alcança cerca de 100 casos para cada 100 mil habitantes no sistema público de saúde. Elas são caracterizadas, principalmente, por uma inflamação crônica em diferentes partes do corpo, resultando em sintomas debilitantes e impacto significativo na vida cotidiana dos pacientes.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Com informações do HC-UFPE/Ebserh