Séries Especiais
SÉRIE CRIANÇAS NA REDE EBSERH
Assistência com amor: tratamentos difíceis se transformam em momentos de alegria
Brasília (DF)- Prepare-se! Nesta terceira reportagem da série “Crianças na Rede Ebserh” não vão faltar histórias de pura inspiração. Sabe o super-herói que mencionamos na primeira matéria? É o Edson dos Santos Neto, de 4 anos. Ele conta os dias para colocar a máscara de Homem-Aranha e “enfrentar as forças do mal”, durante o tratamento de radioterapia contra um câncer de parótida (região do pescoço), realizado no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian (Humap-UFMS).
A tranquilidade com que ele enfrenta esse momento tão delicado é fruto de uma iniciativa que transforma um procedimento difícil em um momento de descontração e fantasia. Segundo sua mãe, a cozinheira Ana Paula Rodrigues, Edson já chega no hospital perguntando: “Não vão me chamar logo não? Já quero entrar na máquina do tempo e me transformar em super-herói”, conta Ana Paula, detalhando também que o entusiasmo começa desde o acordar.
“Passar pelo que estamos passando não é fácil. Confesso que esperava uma situação traumática, mas foi o contrário. Fez toda a diferença para o Edson, passar por esse processo com a máscara de um super-herói que ele escolheu, o tranquilizou muito. E a equipe entra na história do personagem também. Isso ajuda muito. A forma como ele está levando, nem consigo explicar”, relatou a mãe do super-herói mais famoso do Humap.
O uso de máscara é obrigatório durante a sessão, por ser um acessório que posiciona e imobiliza a cabeça do paciente para que a dose de radiação seja entregue no local correto de tratamento. O paciente fará 28 sessões de radioterapia e a primeira já foi aceita de forma muito tranquila, nem precisou de sedação, graças a simples, porém, importante iniciativa.
“Quando a máscara chegou, o paciente ficou encantado e queria usar no serviço de radioterapia o tempo todo. Isso facilitou demais na hora de colocá-lo no equipamento pela primeira vez. Falamos que ele iria ganhar superpoderes e que a máquina é uma nave espacial e que ele seria de fato o Homem-Aranha. A peça personalizada foi fundamental para que o paciente se sentisse mais seguro, mais relaxado e sabendo que não sentiria nenhuma dor”, explica Mayara Rodrigues Mota, chefe da Unidade de Hematologia, Hemoterapia e Oncologia do Humap.
Fortalecendo laços familiares
Na Rede Ebserh, 12 hospitais são habilitados como Hospitais Amigos da Criança (IHAC), que têm como objetivo oferecer um atendimento humanizado e acolhedor, tanto para a mulher quanto para o bebê. A IHAC define 10 passos para promover, proteger e apoiar o aleitamento materno e foi idealizada em 1990 pela Organização Mundial de Saúde e pelo Unicef. Em Fortaleza, a Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará (CH-UFC), está entre esses hospitais e fortalece vínculos entre recém-nascidos e seus familiares. Uma das estratégias é a visita dos irmãos. Um momento singular na vida de todos que passam pela experiência.
Na última quarta-feira (04), a distância entre Jhonatan, 9 anos, e o recém-nascido, Kauan, foi minimizada pela possibilidade desse encontro. Os dois são filhos de Maria Elivânia, que teve seu parto no dia 12 de junho, com 25 semanas, e por conta da prematuridade, Kauan segue internado na Unidade. Quando questionada sobre a visita, ela afirmou que “foi uma experiência boa, apesar do ambiente de UTI; me trouxe paz e tranquilidade, pois hoje meu filho Jhonatan entendeu o porquê que às vezes chego mais tarde em casa e o quanto seu irmão precisa de mim", pontuou Maria.
Uma ação pensada e preparada com todo o cuidado. As psicólogas de referência da Neonatologia da MEAC, Socorro Leonácio e Myrna Araújo Cavalcante, explicam que os irmãos são primeiramente acolhidos pelas psicólogas e têm a oportunidade de expressar, ludicamente, as expectativas diante da possibilidade de conhecer o irmão e a percepção que construíram previamente do bebê. Na ocasião é apresentado um pouco da realidade com que irão se deparar. Elas destacam os benefícios para todos os envolvidos. “Para a criança, a vivência concreta da existência do irmão na família, até então, apenas experimentada através da fala dos responsáveis. Para os pais, é emocionalmente confortante o encontro, a contextualização de suas experiências vividas no dia a dia nas UTINs e demais Unidades Neonatais com o bebê”. Na verdade, todos saem renovados dessa experiência, inclusive a equipe envolvida.
Realizando sonhos
O João Gabriel Aguiar, 12 anos, já passou por várias internações no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG). Só na última, ficou por 21 dias. Quando questionado pela pedagoga Mariotides Gomes Bezerra sobre um sonho, a resposta foi “Não adianta falar, porque aqui não dá”, mas ela insistiu e ele completou: “Nem em casa, às vezes, não dá: queria soltar pipa, aproveitar o ventão.”
O desejo logo se tornou realidade. “Foi feita uma mobilização para que o sonho baratinho fosse possível, uma vez que traz ao tratamento de saúde hospitalar a humanização necessária. E, assim, permitimos às crianças e adolescentes internados na pediatria, o direito de ser crianças, o direito de brincar”, frisou a Mariotides.
E sabem como foi para ele viver tudo isso? Quando foi questionado se a experiência proporcionada era do jeito que ele sonhou, a resposta foi essa: “Não, aqui está bem melhor do que eu sonhei! Já comecei no alto do prédio, olha eu lá em cima, mais alto que todo mundo, que todos os prédios. Soltando papagaio alto assim em Belo Horizonte”, contou.
Vale a pena, não é? Certamente, o que não faltam são belas histórias. E amanhã têm mais!
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Por Danielle Morais com revisão de Danielle Campos
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh