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CONSCIENTIZAÇÃO E PREVENÇÃO
Artrite reumatoide: tratamento especializado garante controle da doença
Apoio de profissionais como nutricionistas e psicólogos é importante para oferecer uma abordagem multidisciplinar, que melhora tanto os sintomas físicos quanto os emocionais da doença. Imagem ilustrativa: freepik
Brasília (DF) – No Dia Mundial da Artrite Reumatoide, celebrado em 12 de outubro, especialistas alertam para os avanços no tratamento dessa doença autoimune e a importância do diagnóstico precoce. Embora ainda persista a ideia de que a artrite reumatoide afete apenas idosos, médicos dos hospitais da rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) destacam que a doença pode acometer jovens, adolescentes, e até mesmo crianças, o que reforça a necessidade de atenção aos primeiros sintomas.
A artrite reumatoide é uma condição inflamatória que atinge principalmente as articulações, mas pode também afetar órgãos como pulmões, coração e olhos. A doença se manifesta com dor, inchaço e rigidez nas articulações, o que, sem o devido tratamento, pode levar a deformidades e incapacidades funcionais. O diagnóstico precoce é um dos fatores mais importantes para conter o avanço da doença, segundo especialistas.
"Muitos pacientes acreditam que artrite e artrose são a mesma coisa, o que dificulta o reconhecimento da gravidade da artrite reumatoide, que é uma doença inflamatória e sistêmica, diferente da degenerativa artrose", explica o coordenador e médico responsável pelo ambulatório de artrite reumatoide, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás (HC-UFG), Vitor Cruz. Ele acrescenta que a artrite pode acometer pessoas a partir dos 18 anos.
Licia Mota, professora e coordenadora do ambulatório de artrite reumatoide do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB), destaca que, nos jovens, a doença pode ter características diferentes, incluindo inflamação ocular, como a uveíte, que pode levar à cegueira se não for tratada. "É essencial ficar atento a comportamentos como a interrupção de atividades físicas e o aumento de inatividade, já que a criança pode evitar se movimentar por conta da dor", explica. O diagnóstico precoce nesses casos é vital para garantir um tratamento eficaz e minimizar os danos.
Atividades físicas e ajustes no estilo de vida
O tratamento da artrite reumatoide não se limita ao uso de medicamentos. "A atividade física é tão importante quanto os medicamentos no manejo da artrite reumatoide", afirma Licia Mota. Ela recomenda exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, sempre adaptados às condições específicas de cada paciente. "O acompanhamento de um fisioterapeuta ou educador físico pode ajudar a determinar o tipo de atividade mais adequada, considerando o nível de acometimento articular e possíveis deformidades".
Além dos exercícios, a alimentação é um fator essencial. "Pacientes com artrite reumatoide têm maior risco de complicações cardiovasculares, por isso devem seguir uma dieta equilibrada, evitando açúcares e gorduras saturadas, e incluindo alimentos ricos em cálcio para prevenir a perda de massa óssea", orienta Mota. Ela ressalta que o apoio de profissionais como nutricionistas e psicólogos é importante para oferecer uma abordagem multidisciplinar, que melhora tanto os sintomas físicos quanto os emocionais da doença.
Iniciativas nos hospitais da Ebserh
O tratamento da artrite reumatoide nos hospitais da Rede Ebserh segue protocolos rigorosos e frequentes. No HUB-UnB, há uma divisão dos pacientes em diferentes ambulatórios, de acordo com a fase da doença. Licia Mota explica que o Ambulatório de Artrite Reumatoide foca em pacientes diagnosticados há menos de um ano e realiza um acompanhamento contínuo, segundo o protocolo "Treat to Target", que visa a remissão dos sintomas. "A remissão, ou controle completo da doença, é alcançada em cerca de 48% dos pacientes no nosso ambulatório, o que é um número muito significativo", celebra. Os resultados obtidos no acompanhamento dos pacientes do HUB-UnB foram apresentados no Congresso Europeu de Reumatologia, com destaque para as altas taxas de remissão observadas, que superam as expectativas da literatura médica e outros cenários brasileiros.
Além desse, o HUB-UnB conta com ambulatórios especializados em artrite de longa duração, artrite difícil de tratar e artrite em fase avançada. Atualmente, são atendidos aproximadamente 800 pacientes com artrite reumatoide no hospital. "Esse acompanhamento rigoroso é fundamental para garantir que o tratamento seja ajustado conforme a evolução da doença", explica Mota.
No HC-UFG, cerca de 330 pacientes com artrite reumatoide estão em acompanhamento, com uma média de 60 a 70 atendimentos mensais. Vitor Cruz, coordenador do ambulatório de reumatologia, destaca que o atendimento inclui uma equipe multidisciplinar composta por médicos, residentes e outros profissionais de saúde, garantindo que cada paciente receba o tratamento adequado.
A atuação desses hospitais universitários não se limita ao tratamento convencional. Licia Mota ressalta que o HUB-UnB faz parte de uma coorte nacional envolvendo 11 hospitais federais, que já rendeu diversas publicações científicas e prêmios em congressos nacionais e internacionais. "Os dados mostram que o acompanhamento correto desses pacientes pode gerar grandes economias para o sistema de saúde e melhorar o tratamento", finaliza.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Felipe Monteiro, com edição de Danielle Campos.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh