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Dia Mundial da Voz
Alterações da voz podem sinalizar doenças
Bons hábitos vocais devem ser constantes, já que alterações podem sinalizar doenças. Foto ilustrativa
Brasília (DF) - A voz desempenha papel importante em várias áreas da vida humana. Para além da comunicação, ela é utilizada para demonstrar emoções, em formas artísticas ou ainda profissionais, como acontece com os professores. Em todos os casos, o cuidado e a adoção de bons hábitos devem ser constantes, já que alterações podem sinalizar doenças. Para promover a conscientização da população sobre o tema, instituiu-se o Dia Mundial da Voz, celebrado em 16 de abril. Os hospitais da Rede Ebserh possuem serviços de referência em transtornos vocais.
O órgão responsável pela a voz é a laringe, comumente conhecida como caixa de voz, pois desempenha um papel fundamental na produção de som. É na laringe que estão localizadas as cordas vocais, que são músculos que vibram quando o ar passa por elas, produzindo sons.
Rouca, fraca, tensa, cansada, trêmula, fina ou grossa demais: uma voz que se torna diferente do habitual pode ser um indicativo de que algo não vai bem. Qualquer alteração na qualidade vocal – seja na intensidade, no tom ou na qualidade – é chamada de disfonia.
Lesões orgânicas das pregas vocais, como nódulos ou fendas; doenças inflamatórias, como as laringites agudas e crônicas; causas traumáticas, resultado do uso abusivo ou inadequado da voz, e as irritativas, reflexo do refluxo gastroesofágico; diferentes tipos de câncer de cabeça e pescoço; e a doenças neurológicas, como o Parkinson, são algumas das doenças que podem refletir em um distúrbio vocal moderado ou até em perda total da voz.
“Suspeitamos de qualquer dificuldade na produção da voz, principalmente as alterações persistentes. São muitas as razões, desde simples irritações, como uma gripe, até uma rouquidão persistente pelo seu uso inadequado ou condições clínicas mais graves, como o câncer de laringe. Mudanças no tom, na qualidade da voz e presença de nódulos são sinais que merecem atenção”, explicou a fonoaudióloga do Ambulatório de Fonoaudiologia do Hospital das Clínicas da UFMG, em Belo Horizonte (MG), Letícia Caldas Teixeira.
Sintomas
O principal sintoma é a rouquidão, que pode estar presente de forma isolada ou associada a outros sinais de alerta: dor na garganta ao falar ou engolir, perda de peso não intencional, presença de sangue no escarro ou tosse, rouquidão persistente por mais de duas semanas, especialmente se não houver resfriado ou uso abusivo da voz, e dificuldade para engolir ou respirar.
“Quando a rouquidão se prolonga por mais de 10 dias, suspeitamos de problemas mais graves. Assim, faz-se necessária uma consulta especializada para otimizar a acurácia do diagnóstico e da conduta terapêutica”, afirmou o otorrinolaringologista do Ambulatório de Laringologia e Voz do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol/UFRN), Alexandre Fernandes.
Ele explica que o exame padrão-ouro para o diagnóstico das doenças da laringe é a videolaringoscopia. “Para ampliar a capacidade diagnóstica nos distúrbios da voz, outros exames podem fazer parte do arsenal diagnóstico, como a videonasolaringoscopia, videolaringoestroboscopia, espectografia vocal, eletromiografia, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética”, completou.
Tratamento
Os tratamentos variam de acordo com o diagnóstico clínico e com o nível de necessidade de uso da voz, seja na vida social ou na profissional. Os principais são o uso de medicamentos, a fonoterapia e intervenção cirúrgica.
Segundo explica a fonoaudióloga da Unidade de Ambulatórios do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), Renata Pinheiro, um fator significativo no processo é a adesão do paciente ao tratamento. “Além do acompanhamento médico (cirúrgico ou conservador e/ou medicamentoso), é importante o comprometimento do paciente com a terapia fonoaudiológica, com utilização de terapia vocal convencional, eletroterapia, laserterapia ou termoterapia, de acordo com a necessidade de cada caso, e ainda a mudança de comportamentos vocais”, disse.A profissional lista uma série de inimigos da voz: privação de sono, alimentos condimentados, leite e derivados, bebidas alcoólicas em excesso, poluição, poeira, ambientes ruidosos que promovem competição sonora, mudanças bruscas de temperatura, abuso vocal, refluxo gastroesofágico, uso paliativo de pastilhas e sprays para a garganta, dentre outras medidas caseiras sem confirmação científica.
Serviço
Em Belo Horizonte (MG), o Ambulatório de Fonoaudiologia do HC-UFMG oferece orientações, tratamentos dos problemas de voz e aperfeiçoamento da fala em público. As consultas são realizadas por estudantes de graduação do curso de Fonoaudiologia da UFMG e supervisionados por professores. Destaque para o atendimento de pacientes laringectomizados, que são aqueles que foram afetados pelo câncer de laringe e perderam a voz.
O Huol, em Natal (RN), é referência na região no diagnóstico e tratamento de transtornos da voz, disponibilizando para a população, por meio do SUS, fonocirurgias e laringectomias, assim como a reabilitação fonoterápica.
Em São Luís (MA), o serviço de reabilitação da Unidade de Ambulatórios do HU-UFMA recebe pacientes dos serviços de Otorrinolaringologia Clínica, Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Neurocirurgia. A instituição oferece atendimentos pré e pós cirúrgicos para pacientes com comprometimentos vocais primários ou secundários ao procedimento de intubação orotraqueal ou traqueostomia.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Luna Normand com revisão de Danielle Campos