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DESAFIOS COTIDIANOS
Além da distração: os sinais sutis do TDAH
TDAH não tratado pode levar ao desenvolvimento de outras condições de saúde mental, como ansiedade e depressão. Imagem ilustrativa: freepik
Aracaju (SE) – O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e gera desafios significativos à vida diária de quem convive com o transtorno. No Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), filiado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), especialistas têm se dedicado a compreender e tratar os impactos dessa condição. Os sintomas do TDAH, como desatenção e hiperatividade, muitas vezes passam despercebidos, especialmente na infância, o que dificulta o diagnóstico precoce e a intervenção adequada.
O neurologista do HU-UFS/Ebserh, Rodrigo Santos de Araújo, explica que, na infância, a desatenção é frequentemente subestimada, especialmente em meninas, que tendem a ser mais quietas. Ele observa que, à medida que as demandas aumentam, tanto na escola quanto no trabalho, os prejuízos associados ao TDAH tornam-se mais evidentes. "Quando a desatenção ou a hiperatividade gera comprometimento na funcionalidade do indivíduo, devemos pensar em TDAH", afirma Rodrigo, ressaltando que esses sintomas podem ter um impacto significativo nas tarefas diárias e nas relações pessoais e profissionais. O especialista também destaca que o componente hiperativo é mais comum em meninos e, muitas vezes, os pais confundem essa agitação com um comportamento típico da idade, o que pode retardar o diagnóstico e o tratamento adequado.
O médico também aponta que o TDAH não tratado pode levar ao desenvolvimento de outras condições de saúde mental, como ansiedade e depressão. Esse risco é ampliado pela pressão social e pela incapacidade do indivíduo de corresponder às expectativas do meio. "O quadro de TDAH não tratado adequadamente aumenta o risco de vícios em álcool, drogas ilícitas, além de ansiedade e depressão", alerta Rodrigo, quem destaca a importância de uma abordagem multidisciplinar no tratamento em abrangência a todas essas dimensões.
Entre as características comuns do TDAH está a tendência de começar várias atividades simultaneamente, sem conseguir finalizar nenhuma delas. Para muitos, essa desordem cognitiva pode estar associada a altos níveis de criatividade, embora a dificuldade em concluir tarefas seja um desafio significativo. "A tecnologia pode ajudar na organização e na criação de uma rotina para que a pessoa com TDAH consiga diminuir esses impactos", sugere o profissional. Ele recomenda o uso de ferramentas tecnológicas, como aplicativos de gestão de tempo e lembretes, que podem ser extremamente úteis, desde que utilizadas de forma adequada.
Nos últimos anos, os tratamentos para o TDAH evoluíram significativamente e oferecem uma ampla gama de opções para os pacientes. "Nem toda pessoa com TDAH necessita de medicamento, depende de uma avaliação individual", explica Araújo. Ele destaca que o tratamento multidisciplinar, que pode combinar medicamentos como metilfenidato e lisdexanfetamina com terapia e suporte educacional, é crucial para o sucesso do tratamento. Quanto ao futuro, Araújo acredita que a sociedade caminha para uma maior inclusão e compreensão do TDAH. "Caminhamos para uma sociedade com mais respeito, onde o indivíduo com TDAH não seja considerado 'sem educação' ou 'distraído', mas reconhecido como alguém com um transtorno que merece ser ajudado", conclui.
Sobre a Ebserh
O HU-UFS faz parte da Rede Ebserh desde outubro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Redação: Felipe Monteiro
Revisão: Luís Fernando Lourenço
Coordenadoria de Comunicação Social da Ebserh