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TECNOLOGIA
Adoção de padrão internacional de linguagem clínica em sistemas eletrônicos de saúde é tema de seminário na Ebserh
Proposta é permitir a interoperabilidade semântica, que é a capacidade de diferentes sistemas conseguirem interpretar de forma correta a informação contida em cada um dos sistemas
Brasília (DF) – Sigla em inglês para Nomenclatura Sistematizada de Medicina - Termos Clínicos, o SNOMED-CT é uma forma de padronização universal de registro de eventos em saúde (procedimentos clínicos e cirúrgicos, internações, exames etc.) utilizada para facilitar a troca de dados entre diferentes sistemas, prevenir erros profissionais e possibilitar o processamento por Inteligência Artificial.
O SNOMED-CT já foi adotado por 48 países a exemplo de Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Nova Zelândia, Austrália, Argentina, Chile e Uruguai. A possível implantação desse sistema no âmbito do Aplicativo de Gestão para Hospitais Universitários (AGHU), desenvolvido pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), foi tema de seminário realizado nesta segunda-feira (27).
Denominado “Padronização de termos clínicos e Interoperabilidade: introdução ao SNOMED- CT”, o evento trouxe a especialista em informática em saúde com foco em terminologias e interoperabilidade semântica, Jussara Rotzch, e a doutora em medicina com pós-doutorado em informática em saúde, Beatriz de Faria Leão. As profissionais apresentaram as experiências do uso desta terminologia nos países que a adotaram, benefícios da implantação e as formas de governança necessárias para a adoção do SNOMED CT.
Segundo o diretor de Tecnologia da Informação da Ebserh, Giliate Coelho Neto, as especialistas deram uma fundamental contribuição na formulação da política de interoperabilidade da entidade, o que pode contribuir para a melhoria dos hospitais e dos serviços. A proposta é a adotar a terminologia SNOMED-CT como complemento da Tabela Sigtap (conhecida como Tabela SUS), da CID-11 (Classificação Internacional de Doenças), de forma a possibilitar que os profissionais de saúde possam registrar de forma mais detalhada um atendimento. “Por exemplo, na hora de registrar um infarto agudo do miocárdio, o médico não vai só registrar o infarto como um diagnóstico. Ele também poderá registrar a região do coração que ocorreu aquele infarto, a artéria, dados sobre o paciente, tudo de forma organizada e por meio de sistema, não mais um formulário de papel”, explicou Coelho.
“Hoje estes dados são registados geralmente em texto livre no prontuário, que dificulta a troca de dados entre os serviços e uso de inteligência artificial para incrementar a segurança do paciente. Com a adoção de uma terminologia clínica mais complexa, teremos um dado estruturado. Devemos começar pelas UTIs, monitorando não só quantos dias os pacientes ficam internados, se ele adquiriu alguma doença, mas também poderemos acompanhar, de forma desburocratizada, cada evento que é realizado na UTI, se ele utilizou um cateter venoso e teve infecção, se ele foi para uma cirurgia e a sutura abriu. Tudo isso pelo sistema”, completou o diretor.
Interoperabilidade semântica
Na tecnologia da informação, interoperabilidade semântica é a capacidade de diferentes sistemas conseguirem interpretar de forma correta a informação contida em cada um deles. No contexto da saúde, ao unir registros de atendimentos que muitas vezes se encontram dispersos em vários tipos de prontuários em padrões nacionais e/ou internacionais, a interoperabilidade beneficia a atenção, com processos eletrônicos mais ágeis, além da educação e pesquisa, por meio dos dados coletados, que permitem análise e a elaboração de estudos.
Segundo a chefe de Serviço de Saúde Digital e Inteligência de Dados da Ebserh, Luciana Guimarães de Paula, o SNOMED CT desempenha um papel crucial no desenvolvimento da interoperabilidade entre diferentes sistemas de informação em saúde. “A proposta do seminário é trazer esse tema para a Ebserh e promover uma aproximação com a temática, apoiando-a no planejamento dos avanços do AGHU para interoperabilidade”, afirmou.
Sobre a Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh