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Solidariedade
Acolhimento de residentes do hospital da Rede Ebserh/MEC em Dourados (MS) acontece em aldeia indígena Jaguapiru
Dourados (MS) – Um momento histórico, envolvendo comunidade indígena, residentes, preceptores e coordenadores: o Programa de Residência do Hospital Universitário da Grande Dourados (HU-UFGD), filiado à Rede Ebserh: o acolhimento dos residentes que estão iniciando as atividades (R1) e os que já estão cursando (R2) na escola Tekora, localizada em território da aldeia Jaguapiru no município de Dourados. A Empresa Ebserh Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) é uma estatal vinculada ao Ministério da Educação responsável pela gestão de 41 hospitais universitários federais em todo o país.
Ação ocorreu início deste mês de março e os participantes foram recebidos por Dona Floriza e Sr. Jorge, que são os Nhanderu e Nhandecy da Casa de Reza, que fica na aldeia, e acolhidos com cantigas antigas na língua guarani, em que a anfitriã explicou seu papel naquela comunidade.
A intencionalidade da ação foi de provocar a reflexão dos residentes acerca do cuidado e respeito com essa população que atenderão em diversos cenários. A política de saúde para os povos indígenas é uma das questões mais delicadas do País. Sensíveis às enfermidades trazidas por não-índígenas e, muitas vezes, habitando regiões remotas e de difícil acesso, as populações indígenas são vítimas de doenças como malária, tuberculose, infecções respiratórias, hepatite, doenças sexualmente transmissíveis, entre outras.
Na ocasião, foram entregues materiais escolares (papel sulfite, cadernos, lápis, giz, apontador, borracha, cartolina, entre outros) arrecadados numa campanha interna desenvolvida pelos próprios residentes, para que Dona Floriza possa continuar suas atividades na escola TEKORA e fortalecer as aulas de cultura Guarani. Também foram arrecadadas peças de roupas e calçados infantis e adultos, igualmente entregues no acolhimento.
O HU-UFGD/Ebserh é uma das poucas instituições no Brasil que possui um programa de residência multiprofissional voltado para a Saúde Indígena, o que faz com que pessoas de várias regiões do país a procurem. A residência multiprofissional é composta pelos programas de Saúde Indígena, de Atenção Cardiovascular, de Saúde Materno Infantil e a residência uniprofissional em Enfermagem Obstétrica.
A residente Anna Beatryz Silva, da Saúde Materno Infantil, explicou que, na ocasião, foi possível estabelecer uma conversa sobre elementos importantes acerca do cuidado tradicional, principalmente em questões relacionadas à maternidade, parto e puerpério, em que as mulheres do território puderam falar de suas vivências dentro e fora do hospital. “Foram arrecadados em média duas sacolas grandes com roupas para bebê, quatro sacolas grandes com roupas de criança, três sacolas grandes com roupas de adulto, uma sacola grande com sapatos variados, uma sacola com sapatos de bebê, uma sacola com peças íntimas, uma sacola pequena com produtos de higiene, 2.100 folhas de sulfite e duas caixas com materiais escolares (lápis de cor, tinta, cola, tesoura, apontador, borracha, cadernos, jogos e outros)”, enumerou a residente.
“Nesse encontro surgiu, em uma das falas, que a palavra Kaiowá é rica e que essa atividade deveria ocorrer mais vezes a fim de aproximar o cuidado ofertado dentro do contexto hospitalar com a cultura indígena. Afinal, dizem que ‘a cabeça pensa onde os pés pisam’. Por isso, que possamos nos encontrar mais vezes no território e dialogar com essas mulheres”, disse com expectativa Anna Beatryz.
O enfermeiro Francisco Marcos do Vale, residente de Atenção à Saúde Indígena e que também participou da atividade, contou que foi um grande momento de aprendizado, principalmente no tocante à cultura da comunidade tradicional. “É um pessoal com conhecimento vasto e rico. O que nos sensibilizou muito foi a parte em que estivemos inseridos no ambiente deles, conhecendo a situação em que vivem, infelizmente, ainda precárias no aspecto da saúde, saneamento básico e educação. Nós, como equipe multiprofissional, queremos continuar a ajudar”, afirmou.
A turma de residência agradeceu às pessoas que contribuíram com as doações, com a ajuda na divulgação, nas articulações para que essa atividade pudesse acontecer e, em especial, à Nhanderu Floriza, Nhanderu Jorge e seus parentes por recebê-los de forma afetuosa e compartilhar as palavras Kaiowá, deixando o espaço aberto para novos encontros.
Com informações do HU-UFGD/Ebserh