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Pandemia
Ações que unem ensino e assistência intensificam o combate à Covid-19 na Rede Ebserh
O esforço de professores, preceptores, residentes, alunos e profissionais da assistência hospitalar faz com que diversas ações continuem a ser desenvolvidas.
Brasília (DF) – Com uma rede formada por 40 hospitais universitários federais, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) presta serviços de gestão, assistência à saúde e apoio ao ensino, pesquisa e extensão, atividades típicas das universidades federais parceiras da estatal. Mas com a pandemia de Covid-19, as aulas nas universidades foram suspensas e o distanciamento social passou a fazer parte da rotina das pessoas.
Mesmo assim, nos hospitais da Rede Ebserh, diversas atividades com viés educacional impactam na assistência e no combate à Covid-19. O esforço de professores, preceptores, residentes, alunos e profissionais da assistência hospitalar faz com que diversas ações continuem a ser desenvolvidas. Isso mantém o ensino e a formação, com muitas iniciativas visando apoiar as equipes que lutam todos os dias contra a doença na assistência aos pacientes.
No Distrito Federal, a professora da Clínica médica da Universidade de Brasília (UnB), Veronica Amado, tem atuado na formação de equipes assistenciais do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh) no manejo de respiradores que foram adquiridos pela estatal para o atendimento a pacientes com Covid-19, que necessitam de auxílio respiratório.
“A gente tem tentado apoiar a equipe médica com o que a gente consegue. No meu caso, com treinamentos e orientação sobre ventilação mecânica. Formamos também um grupo de discussão dos casos com a participação de profissionais de outras especialidades, que ajudam, com informações, as equipes que estão na linha de frente”, esclarece Veronica.
Em Natal (RN), a Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN/Ebserh), também vem realizando treinamentos específicos para o combate ao coronavírus. Ao todo, já foram capacitados cerca de 340 profissionais, entre médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem e fisioterapeutas.
A coordenadora do Núcleo de Educação Permanente da MEJC e docente da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Maria de Lourdes Costa, diz que foi elaborado um plano de capacitação, em tempo recorde, buscando atender as necessidades emergenciais dos treinamentos e sobretudo, adequado às normas de segurança e proteção da Covid-19.
“Um dos grandes desafios foi adequar o conteúdo a uma metodologia pedagógica que contemplasse normas de segurança e proteção recomendadas pelos órgãos de saúde, como distanciamento social e a não aglomeração de pessoas durante as capacitações”, comenta a enfermeira.
Residência
A UTI do Pronto Socorro do Hospital das Clínicas da de Belo Horizonte (HC-UFMG/Ebserh) recebe cinco residentes em estágio a cada dois meses, com um total de 30 por ano, e quatro acadêmicos a cada mês, totalizando 48 por ano. Nesse setor, os residentes não sofreram interrupção em nenhum momento desde o início da pandemia. Há ainda a programação para retorno das atividades acadêmicas para os graduandos por meio de atividades à distância e suporte a familiares de pacientes internados.
O coordenador médico da UTI, Saulo Saturnino, avalia que, mesmo durante a pandemia, a unidade está conseguindo cumprir os objetivos de assistência com excelência em conjunto com a capacitação de profissionais para o cuidado de pacientes críticos, que teve sua importância ressaltada nesse período. “Os participantes que são formados e qualificados pelo HC terão as oportunidades de desenvolvimento adequado e todo o potencial para dar o devido retorno à sociedade, que é o que espera de uma instituição pública”, salienta o médico.
Inovação
No Hospital da Universidade Federal do Vale do São Francisco (HU-Univasf/Ebserh), por exemplo, essa atuação conjunta apoia a produção de álcool etílico 70% líquido e glicerinado (em gel). Em dois meses, já foram produzidos aproximadamente 8 mil litros de álcool liquido e 340 litros de álcool glicerinado, destinados para abastecer o próprio HU e outras unidades de saúde de referência no atendimento a pacientes com o novo coronavírus nas cidades de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA).
A atividade passou a ser desenvolvida a partir da criação do Laboratório Farmacotécnico Hospitalar no início da pandemia, quando professores do curso de farmácia da Univasf e funcionários da Ebserh mobilizaram-se em utilizar o espaço para a produção do álcool e, assim, suprir a necessidade de um item que naquele momento estava escasso no mercado.
“Nossos estudantes e egressos estão vivenciando uma situação de emergência numa pandemia real, com a qual nós estamos podendo contribuir de fato para o controle da disseminação do vírus. É um processo de formação completo que eles não conseguiriam experimentar, nem mesmo nas aulas práticas”, afirma a coordenadora da iniciativa e professora do Colegiado de Farmácia, Joyce Kelly Marinheiro*.
Teleatendimento
Desde o início da pandemia, o Núcleo de Telessaúde (Nutes) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), localizado no Hospital das Clínicas (HC), vinculado à Rede Ebserh, tem realizado atendimento virtual. Voltado a pacientes e colaboradores, o serviço visa esclarecer dúvidas gerais sobre a Covid-19 e orientar as pessoas sobre os serviços de saúde disponíveis e como acessá-los. Atualmente, o serviço conta com aproximadamente 80 pessoas atuando no geral, incluindo residentes de Enfermagem e Medicina, mas já passaram por lá vários alunos das residências médicas, multiprofissional, como Enfermagem e Nutrição, por exemplo.
Inicialmente, o teleatendimento voltado à Covid-19 foi implementado no formato de rodízio, servindo como estratégia para não expor, ao mesmo tempo, os residentes à linha de frente assistencial, o que aumentaria o risco de contaminação, mesmo em ambiente controlado. Posteriormente, os grupos foram mantido fixos com os residentes que não poderiam estar na linha de frente do combate ao coronavírus.
“As coordenadorias dos cursos foram percebendo que o Nutes seria um ótimo campo de trabalho e prática para os residentes que precisavam se manter afastados ou por condições de saúde, ou por estarem gestantes ou amamentando, ou por apresentarem algum fator de risco para a Covid-19, ou por morarem com alguém com coronavírus confirmado. Está sendo uma experiência muito rica, para nós [docentes] e para eles. Já tive o retorno de vários residentes e eles dizem que o mais rico, em toda essa experiência, é ter prática em telessaúde”, explica a enfermeira do Nutes, Aracele Cavalcanti.
Plataforma virtual
Outra ação da Ebserh relacionada a capacitações é a disponibilização de cursos à distância, por meio da plataforma online da Escola Ebserh de Educação Corporativa - 3EC. Essa iniciativa auxilia na oferta de cursos a todos os hospitais da rede, que estão distribuídos geograficamente em todo o país, inviabilizando capacitações centralizadas de maneira presencial.
“Estamos ofertando cursos em várias temáticas, desde o cuidado intensivo dos pacientes, manejo desses pacientes do modo básico ao avançado, ventilação mecânica, dentre outros. Em apenas um desses cursos, já temos mais de 15 mil inscritos. Dessa forma, nossos profissionais estão sendo capacitados para aturem de forma efetiva, célere e segura no atendimento a paciente com Covid-19”, avaliou a coordenadora de Desenvolvimento de Pessoas da Rede Ebserh, Eloá Junqueira.
Atuação da Rede Ebserh
Além do apoio ao ensino, formação e capacitação das equipes assistenciais, a Rede Ebserh implementou o Comitê de Operações Especiais (COE) para definir estratégias e ações em nível nacional para o enfrentamento da pandemia. Desde os primeiros anúncios sobre a Covid-19, a Rede Ebserh tem trabalhado em parceria direta com os ministérios da Saúde e da Educação, com participação nos COEs desses órgãos, e tendo como diretrizes o monitoramento da situação no país e em suas 40 unidades hospitalares.
Tem atuado na realização de treinamento de funcionários da Rede, promoção de webaulas, definição de fluxos e instituição de câmaras técnicas de discussões com especialistas. Promoveu processos seletivos emergenciais com a possibilidade de contratação de aproximadamente 6 mil profissionais temporários para o enfrentamento da pandemia
Também disponibilizou R$ 274 milhões para ações contra o coronavírus, recursos do Ministério da Educação (MEC) liberados pela Ebserh de acordo com a necessidade e urgência de cada unidade hospitalar. A verba está sendo utilizada em adequação da infraestrutura, aquisição e manutenção de equipamentos, compra de medicamentos e outros insumos, além de equipamentos de proteção individual.
Em algumas regiões, as unidades da Rede Ebserh têm atuado como hospitais de referência ao enfrentamento do Covid-19, enquanto que em outras, atuam como retaguarda em atendimentos assistenciais para a população, por meio do Sistema Único de Saúde.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh
*Com informações da Univasf