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Setembro verde
Ações de conscientização sobre doação de órgãos e tecidos são realizadas na Rede Ebserh
Brasília (DF) – O mês de setembro também é voltado para uma temática muito importante: a doação de órgãos e tecidos. Ela é vista como um ato de solidariedade para a maioria das pessoas, porém o momento de tomada de decisão sobre a doação acontece geralmente em uma situação muito difícil para a família, quando ela tem que lidar com a perda de um ente querido. Além da dor pela morte, existe uma escassez de conhecimento sobre o assunto, gerando apreensão, dúvidas e indecisão, o que acaba por gerar resposta negativa para a doação.
Para reduzir o número de recusas familiares para a doação e conscientizar sobre esse importante ato, foi criada a campanha Setembro Verde, apoiada pelas unidades hospitalares da Rede Ebserh/MEC. Essa é uma decisão que pode salvar até oito vidas. Mas, para que isso aconteça é necessário que a família do possível doador autorize o processo. Muitas doações deixam de acontecer porque, em vida, o familiar não expressou o seu desejo. Por isso, é muito importante que as pessoas que queiram ser doadoras de órgão ou tecido registrem essa vontade. Falar sobre o tema sensibiliza o parente a autorizar a doação posteriormente.
A responsável técnica da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA/Ebserh), Kênya Santos, enfatiza o quanto é importante falar sobre esse tema. “Quanto mais se fala sobre, quanto mais tiramos as dúvidas de todo o processo, mais será possível termos o ‘sim’ para a doação. Por isso, a proposta no mês de setembro é intensificar as atividades de conscientização para alcançarmos um número cada vez maior de pessoas”, afirmou.
Abordagem da família é momento delicado
Para o neurocirurgião Gustavo Patriota, que é presidente da Comissão Intra-hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT) do Hospital Universitário Lauro Wanderley, vinculado à Rede Ebserh/MEC, seja em hospital público, seja em unidade privada, o momento de levar uma informação negativa aos familiares é sempre delicado e exige abordagem específica para tratar sobre uma potencial doação de órgãos. “Sempre a comunicação de más notícias é um momento difícil. O profissional precisa ter a capacidade para entender o momento de conversar com a família e saber as palavras necessárias a serem utilizadas”, afirma Patriota.
Ele explica que cerca de 80% dos familiares dão uma resposta negativa ao serem abordados sobre doação de órgãos. “Eles estão na fase do luto, da negação sobre o ocorrido. Quando há traumas súbitos, a família fica muito atordoada, e a chance do ‘não’ é muito grande. Já famílias que estão mais evoluídas do ponto de vista do conhecimento sobre morte encefálica, optam pelo ‘sim’, pela vida e por ajudar os próximos. Mas isso não acontece na maioria das vezes”, lamenta.
Por isso, explica Gustavo Patriota, a abordagem dos profissionais de saúde precisa ser feita no momento adequado. “Quando a gente está fazendo assistência, não pode falar em morte encefálica. Falhas acontecem e inviabilizam o ‘sim’, muitas vezes, por conta de um profissional que faz a pergunta sobre doação de órgãos em um momento inadequado”.
Pandemia
Milhares de pessoas aguardam nas filas de espera por transplantes e o Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo, que é garantido a toda a população por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Após uma queda no número de transplantes no Brasil por conta da pandemia de Covid-19, o cenário já dá sinais de recuperação. De acordo com o último relatório da Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), divulgado no início de agosto, a taxa de notificação de potenciais doadores de órgãos aumentou 13% no primeiro semestre de 2021, período que registrou mais de 10 mil transplantes no país. Entre janeiro e junho de 2020, eles não chegaram a 9 mil.
No entanto, a taxa de doadores efetivos caiu 13%. Isso significa que, até o ano passado, para efetivar uma doação, eram necessários três doadores. Agora, para obter o mesmo resultado, é preciso ter quatro doadores. O principal motivo do declínio, ainda segundo a ABTO, é o aumento de 44% na taxa de contraindicação. Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde orientou as equipes médicas a adotarem avaliações criteriosas, como a implementação de testagem para Covid-19 em possíveis doadores e não realização de transplantes de órgãos retirados de pessoas que morreram da doença, o que impactou negativamente as captações.
Mas ações como o Setembro Verde, que visa conscientizar e informar sobre o tema, podem contribuir para que mais pessoas se declarem como doadoras e ajudem outros seres humanos com esse ato de amor.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Essas unidades hospitalares, que pertencem a universidades federais, têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde das regiões em que os hospitais estão inseridos, mas se destacam pela excelência e vocação nos procedimentos de média e alta complexidades.
Coordenadoria de Comunicação Social da Rede Ebserh/MEC cm informações dos HUFs