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Dia Mundial do Rim
“Liberdade” e “nova vida” – Transplantados de rins na Rede Ebserh relatam suas experiências
Brasília (DF) – Uma em cada dez pessoas no mundo tem algum tipo de doença renal. O problema também é responsável por mais de 2,4 milhões de mortes por ano. No Brasil, mais de 10 milhões de pessoas convivem com a doença e cerca de 140 mil pacientes dependem da diálise para sobreviver. Os dados são do Ministério da Saúde e da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Neste Dia Mundial do Rim, 9 de março, profissionais da Rede Ebserh, estatal vinculada ao Ministério da Educação (MEC) que administra 41 hospitais universitários federais, reforçam a importância da prevenção e do tratamento das doenças renais.
A doença renal crônica caracteriza-se pela lesão irreversível nos rins, mantida por três meses ou mais, e está associada a duas doenças de alta incidência na população: hipertensão arterial e diabetes. Normalmente, ela não provoca sintomas significativos nos estágios iniciais e, quando é descoberta, já está em uma fase bastante avançada, com necessidade de diálise ou transplante. Por isso, manter os exames de rotina em dia e ter hábitos saudáveis, como seguir uma dieta equilibrada, praticar atividade física e não fumar, são fatores fundamentais para a prevenção e o diagnóstico precoce.
De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), foram realizados mais de 5.300 transplantes de rim no Brasil em 2022 e, em dezembro do mesmo ano, cerca de 30 mil pacientes aguardavam pela cirurgia. “A doença renal é silenciosa. Quando os sintomas aparecem, o nível de acometimento já é muito severo e a doença traz um impacto enorme para o paciente. Além do risco de morte, existe a dificuldade de se adaptar à sociedade, principalmente por depender da diálise nos casos mais graves”, explica a coordenadora do Departamento de Transplante Renal da ABTO e vice-presidente Nordeste da Sociedade Brasileira de Nefrologia, Tainá Veras.
Transformando vidas
A professora Francisca Cardoso, de 42 anos, recebeu o diagnóstico de doença renal crônica aos 24 anos de idade. Em 2021, começou a fazer hemodiálise três vezes por semana, quatro horas por dia. Afastou-se do trabalho e mudou a vida social, principalmente pelas restrições alimentares. A notícia de que precisaria de um transplante veio logo depois e, no último dia 3 de março, recebeu um novo rim no Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB/Ebserh/MEC). “Foi muita emoção, nem acreditei. Agora, planejo voltar a trabalhar, viajar, vida nova! É uma sensação muito boa, de muita felicidade. Vou ter outra vida, com mais liberdade”, conta Francisca.
Já a Dona Valmira, uma senhora que mora no interior do Rio Grande do Norte, descobriu através de um exame de urina de rotina que estava com perda acentuada de proteínas. Dirigiu-se à Natal, realizou, no Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN/Ebserh/MEC), uma biópsia nos rins e descobriu que estava com glomerulonefrite membranosa. O tratamento durou quase três anos com fármacos e dois anos e meio de hemodiálise, quando entrou na fila do transplante de rins.
Uma ex-nora foi visitá-la no hospital e os sintomas, como dor de cabeça, pressão alta e vômitos constantes durante as sessões de hemodiálise, a sensibilizaram, levando-a a realizar um teste de compatibilidade para saber se poderia doar um de seus rins para a amiga. Os testes foram positivos e logo o transplante foi agendado. Em abril de 2022, ela recebeu um novo rim e ganhou junto uma nova vida. Dona Valmira recuperou-se rápido do transplante, passou apenas sete dias no hospital. Sua doadora recuperou-se ainda em apenas três dias. As duas hoje levam uma vida normal, sem qualquer problema para realizar suas atividades cotidianas. Dona Valmira emociona-se ao dizer o que representa seu novo rim e as sessões de hemodiálise deixadas para trás: “Me sinto muito bem, é uma nova vida!”.
Em 2016, o serviço de transplante renal de outro hospital da Rede Ebserh, o Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC-UFMG/Ebserh/MEC), passou a ser composto apenas por cirurgiões transplantadores. Com profissionais 100% dedicados ao procedimento, o número de transplantes e a qualidade do serviço aumentaram. Em 2022, foram 33 transplantes, cerca de 11 mil sessões de hemodiálise e mais de 100 biópsias renais. Para a médica nefrologista do HC-UFMG Cristiane Yunes, o serviço do hospital é referência também porque “oferece tratamento humanizado e individualizado” para os pacientes de Minas Gerais e de outros estados, além de “fazer parte de um hospital que oferece todas as especialidades, absorvendo receptores mais complexos, que muitas vezes não conseguem essa oportunidade em outros serviços”. O HC-UFMG também dispões de profissionais capacitados nas áreas de assistência, ensino e pesquisa, que estão engajados na formação de novos profissionais de saúde, oferecendo a estudantes e residentes a oportunidade de se especializar na área e melhor atender a população.
Saiba mais sobre as atividades desenvolvidas pela Rede Ebserh/MEC durante a campanha.
Sobre a Rede Ebserh
Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 41 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas. Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.
Por Andrew Costa e Leticia Justus
Unidade de Reportagem da Ebserh
Coordenadoria de Comunicação Social