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QUEBRA-CRÂNIO
“Brincadeira” entre jovens pode levar à morte, alerta médico da Rede Ebserh
Aracaju (SE) – Uma “brincadeira” que tomou conta da internet vem preocupando famílias e educadores. Trata-se do desafio “quebra-crânio”, no qual duas pessoas derrubam uma terceira, que cai de costas, na maioria das vezes batendo a cabeça contra o chão. Uma busca rápida na internet permite encontrar diversos vídeos com esse teor, grande parte deles em ambiente escolar, onde crianças e adolescentes são provocados por colegas e acabam participando do desafio.
O ato, visivelmente perigoso, é condenado pelo médico Ronald Barreto, ortopedista do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe (HU-UFS), vinculado à Rede Ebserh. Ele explica que o impacto da queda pode causar fraturas e danos irreversíveis na coluna, com limitação dos movimentos do corpo e do desemprenho cognitivo da pessoa.
“É um desafio extremamente perigoso para a saúde, com sério risco de morte, por isso os pais devem estar muito atentos, orientando seus filhos. A ‘brincadeira’ pode causar um traumatismo craniano, deixar uma sequela motora, a pessoa pode ficar paralítica, ter uma alteração cognitiva. Podemos comparar essa queda até ao fato de cair de uma moto sem capacete”, destaca o médico.
De acordo com ele, dentre as consequências causadas por uma queda durante o desafio quebra-crânio, pode-se falar em lesão cervical. “A pessoa pode quebrar o pescoço, ficar tetraplégica, usar cadeira de rodas, mudar a vida dela para sempre, tudo isso por causa de uma situação que não tem sentido algum”, complementa.
“Na verdade, não posso nem chamar isso de brincadeira, de desafio. É preciso fazer um alerta a toda a sociedade. Além de médico, sou pai, e fiquei com uma tristeza e uma preocupação muito grande ao ver esses vídeos”, desabafa o ortopedista.
Perigo
A preocupação do ortopedista merece atenção. Em novembro de 2019, uma adolescente do Rio Grande do Norte morreu depois de um traumatismo craniano causado pelo desafio do quebra-crânio. Casos de ferimentos graves também têm sido registrados pelo país. Por conta disso, a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) publicou uma nota de alerta em que um dos trechos define o “quebra-crânio” como um ato de violência muito grave, no qual a vítima é imobilizada, não sabe o que vai acontecer com ela, tem uma queda para trás e sem proteção.
“A consequência inicial é o encontro violento do corpo ao chão, quando a cabeça e pescoço sofrerão o maior impacto, levando a um traumatismo cranioencefálico (TCE) em níveis progressivos de gravidade. Há grande chance de traumatismo de vértebras, especialmente cervicais (do pescoço) e medula”, diz a nota.
“O impacto da cabeça com o chão pode desencadear edemas, hematomas externos, fraturas ósseas e sangramentos internos de pequena a grande intensidade, levando a lesões irreversíveis no cérebro. A vítima pode apresentar sintomas imediatos, como dor local, confusão mental, perda de equilíbrio, desmaios, crises convulsivas, estado de coma e morte. A partir do trauma, esses sintomas poderão aparecer também vários meses depois, como sequelas das lesões provocadas”, alerta a nota da SBP.
Sobre a Rede Ebserh
O HU-UFS faz parte da Rede Ebserh desde outubro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi criada em 2011 e, atualmente, administra 40 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência.
Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), e, principalmente, apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas.
Devido a essa natureza educacional, os hospitais universitários são campos de formação de profissionais de saúde. Com isso, a Rede Ebserh atua de forma complementar ao SUS, não sendo responsável pela totalidade dos atendimentos de saúde do país.