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Humanização
Hospital de Clínicas da UFTM/Ebserh em Uberaba personaliza máscaras utilizadas no tratamento de crianças com tumores
Uberaba (MG) – Aliar a coragem de um super-herói à proteção de uma poderosa armadura. Essa foi a inspiração dos profissionais do Serviço de Radioterapia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro, vinculado à Rede Ebserh/MEC (HC-UFTM/Ebserh), ao terem a ideia de pintar as máscaras utilizadas no tratamento de crianças com tumores localizados na cabeça ou no pescoço, estampando os heróis favoritos desses pacientes.
O valente João Pedro, de 4 anos, concluiu no dia 23 de fevereiro as sessões de radioterapia para tratamento de uma neoplasia no sistema nervoso central. Durante as aplicações diárias, utilizou a máscara termoplástica (dispositivo rígido que cobre da cabeça aos ombros, impedindo movimentos involuntários que possam prejudicar a incidência dos feixes de radiação). O equipamento foi personalizado especialmente para ele com a ilustração do capacete do Homem de Ferro.
A intenção é substituir uma experiência potencialmente negativa por um afeto positivo, dispensando inclusive a necessidade de sedação durante as sessões. A iniciativa partiu do técnico em Radioterapia Ricardo Fernandes Goulart, inspirado em ação semelhante executada por um amigo em uma unidade de saúde no estado de São Paulo.
“Quando vi a criança falando do Homem de Ferro, convidei um colega da equipe para personalizar a máscaras com tinta guache, que é atóxica e facilmente removível. E ele aceitou produzir essa surpresa”, relatou Goulart, referindo-se a André Luiz Pantoja dos Santos, responsável por atendimentos odontológicos no Serviço de Radioterapia do Hospital de Clínicas.
Segundo Santos, nas primeiras sessões, quando a máscara ainda não estava customizada, a criança mostrou-se ansiosa e chorosa. O momento da entrega foi de emoção. “Ao entrar na sala onde as máscaras ficam armazenadas, deixamos a dele junto com as que não eram personalizadas. Perguntamos qual era a dele e o menino, sorrindo, prontamente apontou para a que havíamos confeccionado. Foi um momento indescritível para todos”, recorda, emocionado.
A matéria-prima da máscara chega ao Hospital em forma de placa sólida, sem relevo. O material é moldado em temperatura morna no rosto do usuário, sendo reutilizada durante todo o tratamento. O dispositivo tem outras funcionalidades além da imobilização: é afixado na mesa para que, durante os minutos do procedimento, o feixe de radiação incida diretamente nos pontos marcados.
“Se não ficasse quietinho, parado, a gente teria de fazer uma sedação com anestesista todos os dias. Para a criança, essa questão lúdica de trazer um personagem com quem ela tenha uma afinidade no momento do tratamento, faz com que ela encare de uma forma mais singela estar lá dentro da sala”, avalia Mayara Goulart de Camargos, enfermeira oncologista.
A mãe de João Pedro, Maria Izabella Crispim, conta que o menino já passou por duas cirurgias e por internações. “A equipe tem sido muito cuidadosa desde o início. Colaboraram muito para que ele ficasse calmo, porque ele ficou um mês e cinco dias internado, muito agitado, com um pouco de trauma”, afirma.
Para Vitor Lara, médico radioterapeuta, ações como essa têm o potencial de aumentar a adesão ao tratamento. “O acolhimento dos pacientes com esse nível de humanização e de cuidado traz um bem-estar muito grande para essas crianças, e principalmente uma adesão maior ao tratamento, uma aceitação maior. Tornar a jornada dos pacientes mais alegre, menos sofrida, é também uma das nossas principais metas aqui do Hospital de Clínicas”, sintetiza.
Na despedida da equipe, João Pedro ganhou uma fantasia do seu personagem preferido, e uma carta de parabéns pela conclusão do tratamento. A segunda máscara customizada pela Radioterapia do HC-UFTM ficou pronta na mesma semana. O super-herói que entrou em ação é o Homem-Aranha, escolhido por um paciente de nove anos, que iniciou um ciclo de 28 sessões contra um tumor no sistema nervoso central.
O HC-UFTM faz parte da Rede Ebserh desde novembro de 2013. Saiba mais sobre a Rede Ebserh.
Com informações do HC-UFTM/Ebserh/MEC