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Vem Conhecer os caminhos do desenvolvimento no semiárido através dos perímetros irrigados do DNOCS
Segundo o IBGE, a maior concentração de pessoas na linha da pobreza está na faixa etária de 25 a 49 anos (65,7%). De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as zonas rurais concentram o maior número de pessoas vivendo na linha de pobreza ou indigência. Por isso, é preciso criar mecanismos para garantir sustentabilidade e impulsionar a economia nessas áreas. Segundo o IPEA, através do estudo “Agricultura irrigada no semiárido: uma análise histórica e atual de diferentes opções de política”, do pesquisador César Nunes de Castro, especialista em políticas públicas e gestão governamental, os governos têm investido na infraestrutura hídrica para a criação de diversos distritos de irrigação no semiárido, na tentativa de promover um modelo de agricultura com elevada produtividade.
Nesta edição do Vem Conhecer vamos mostrar uma iniciativa do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS) que tem proporcionado à população do semiárido uma melhor convivência com as secas: os Perímetros Irrigados, projetos estratégicos que garantem oportunidades de emprego, renda e economia sustentável nos sertões nordestinos. Em uma região onde a população rural atua fortemente na agricultura de subsistência, atividade sujeita às intempéries climáticas, a irrigação aliada às tecnologias empregadas pelo DNOCS nesses perímetros representam uma transformação nas vidas das comunidades assentadas. Eles possibilitam o desenvolvimento do pequeno produtor, garantindo assim a permanência no campo, evitando o êxodo rural.
O DNOCS é responsável pela gestão operacional de 37 (trinta e sete) Projetos Públicos de Irrigação, todos localizados em estados nordestinos: Maranhão (02), Piauí (06), Ceará (14), Rio Grande do Norte (05), Paraíba (03), Pernambuco (04) e Bahia (03). Eles estão instalados em mais de 124 mil hectares de áreas agrícolas aptas para o desenvolvimento da agricultura irrigada.
Cada perímetro irrigado compreende uma área dividida em vários lotes que são explorados na produção agrícola. Eles possuem uma infraestrutura de irrigação que leva água aos assentamentos, seja através de canais, drenos, estações de bombeamento ou adutoras. Com a criação e organização de perímetros é possível garantir eficiência hídrica e produzir alimentos em regiões que antes a terra não seria facilmente cultivável, gerando fonte de renda às regiões do semiárido.
Atualmente, seis perímetros irrigados do DNOCS são abastecidos por rios permanentes, o que garante mais segurança hídrica nesses locais. Nos demais, cujo fornecimento de água depende de açudes, e que portanto não são perenes e estão sujeitos à quadra chuvosa para o abastecimento, o Departamento utiliza técnicas que garantem mais eficácia na irrigação.
O Ceará é o Estado com o maior número de perímetros irrigados, com 14 no total. Os projetos de irrigação em Tabuleiro de Russas e Jaguaribe-Apodi são os dois maiores. No primeiro, somente a exploração da cultura da banana é responsável pela geração de 500 empregos diretos e mais de 1 mil empregos indiretos. O projeto de irrigação Tabuleiro de Russas é o perímetro com maior área implantada e abrange uma área irrigável de 10.765,72 hectares.
No Jaguaribe- Apodi o cultivo da banana representa 50% da produção total daquele projeto de irrigação. O perímetro tem 5.658,08 hectares irrigados, sendo 1.700 ha de bananas. Em 2022, foram produzidas cerca de 54 mil toneladas de bananas, sendo 35 mil para exportação. O valor bruto de produção no corrente ano foi de 107 milhões de reais, dos quais 77 milhões foram da exportação. O local tem também a maior produção de sementes de milho do Ceará e está entre as maiores do Nordeste. A área produz, por ano, mais de um milhão de quilos de sementes de milho. Em 2021 o perímetro garantiu 5.532 empregos diretos e 11.064 empregos indiretos. Foram 33.192 pessoas beneficiadas com o perímetro.
SAIBA MAIS
Os perímetros irrigados do DNOCS atraem muitos investidores, geram riqueza nos locais de cultivo e contribuem para a economia dos municípios onde estão instalados. Atualmente, sete projetos públicos de irrigação estão sob contrato de cessão de uso, o que permite delegar às associações de irrigantes a competência para gerir os projetos. Com isso, os usuários desenvolvem participação mais direta nas definições de administração, operação, conservação e manutenção de toda a infraestrutura de uso comum e produção dos Projetos de Irrigação. Os contratos preveem uma participação financeira do Governo Federal, que visa subsidiar o desenvolvimento dos projetos até que se tornem completamente emancipados.