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Conheça a técnica que contribui para a reprodução de peixes
Você certamente já ouviu falar sobre a reprodução de peixes nas aulas de biologia, no seu período escolar, e sabe que em sua maioria ela acontece através da desova. Mas você já ouviu falar sobre hipofisação? Trata-se de técnica usada em piscicultura para obtenção de maturação sexual e desova dos peixes por indução.
A hipofisação foi desenvolvida pela Comissão Técnica de Piscicultura, da Inspetoria Federal de Obras Contra as Secas (IFOCS), antiga denominação do DNOCS, dirigida pelo naturalista gaúcho, Rodolpho Teodor Wihelm Gaspar von Ihering (1883-1939). Rodolpho von Ihering passou a ser um nome reconhecido e respeitado no meio acadêmico por seu trabalho e contribuição na área de zoologia. Com a descoberta e o desenvolvimento da técnica de fecundação artificial dos peixes, através da hipofisação, ganhou renome internacional.
Mas, como se dá essa técnica? Primeiro o peixe é anestesiado e em seguida retira-se a hipófise, glândula situada na cabeça, e se prepara um extrato que é macerado e diluído em soro, formando uma substância que é injetada nos peixes, essa substância contém hormônios sexuais que estimulam a ovulação e a produção de esperma. De forma natural, esse processo só aconteceria na época da reprodução. No DNOCS, o extrato da hipófase é adquirido na indústria e injetado nos peixes das espécies como tambaqui, carpa e curimatã.
Para a desova existem dois manejos principais: o seminatural e a extrusão. No seminatural, os machos e as fêmeas, previamente induzidos hormonalmente, são colocados juntos no mesmo ambiente e liberam os gametas de forma natural. Após a fecundação, os ovos podem ser transferidos para a incubadora ou continuam no mesmo ambiente em que estavam. Na extrusão é realizada uma massagem abdominal no peixe, no sentido da cabeça para a cauda, observando a liberação de óvulos pelas fêmeas ou de sêmen pelos machos.
O sêmen deve ser colocado sobre os óvulos, para que haja a fecundação. Com uma pena ou uma espátula de silicone é realizada a mistura que será adicionada à água da própria incubadora para ativar os espermatozoides e hidratar os ovócitos. Após isso, podem ser transferidos para a incubadora, essa fase tem por objetivo garantir o desenvolvimento embrionário até a eclosão ou até o início da fase de larvicultura.
No DNOCS, essa técnica é utilizada desde a sua criação e é realizada no Centro de Pesquisa e Estações de Piscicultura da Autarquia. Segundo o engenheiro de pesca e chefe da Divisão de Pesca e Aquicultura do DNOCS, Dalgoberto Coelho de Araujo, o legado deixado por Rodolpho von Ihering é aproveitado no mundo inteiro. “O processo de hipofisação abrevia o que seria uma migração ou algum fator ambiental que possa interferir na reprodução. Alguns peixes precisam desse tipo de estímulo para que amadureçam e possam se reproduzir”, explica.
A técnica ajuda na povoação de açudes e rios, contribuindo para gerar renda e alimentação digna para as comunidades ribeirinhas.
CONHEÇA RODOLPHO VON IHERING
Com o advento da revolução de 1930, houve uma renovação nos setores administrativos nacionais. Neste período, Rodolpho von Ihering já era conhecido e respeitado pelo trabalho sobre a biologia dos peixes brasileiros de água doce e pelo aproveitamento científico da piscicultura.
À época, o cientista foi convidado para uma missão científica no estado da Paraíba e em seguida, por ter obtido bons resultados nesta missão, foi chamado para dirigir a Comissão Técnica de Piscicultura no Nordeste, criada pelo IFOCS em 1932.
Entre os anos de 1933 e 1935, Ihering trabalhou nos estados de Pernambuco e Paraíba, identificando animais e plantas e determinando os parâmetros químicos, físicos e biológicos das águas dos açudes nordestinos.
O Ceará era o Estado do Nordeste com maior volume de água represada dos rios temporários em açudes. Assim, em 1935, Ihering impulsionou o trabalho dele em Fortaleza/CE, onde passou a sediar a Comissão Técnica de Piscicultura.
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