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Nossas Histórias
Pegadas de dinossauros: a descoberta de um engenheiro do DNOCS que revolucionou a história do sertão da Paraíba
Um elo entre o passado e o presente, os icnofósseis são registros de vestígios geológicos de atividades biológicas que ficaram preservados. Um verdadeiro tesouro da jornada de vida em nosso planeta, muito tempo antes do homem se fazer presente aqui. É como um vislumbre do que veio antes de nós.
Nesse caminhar, o Nossas Histórias de hoje vem te falar um pouquinho da jornada de animais pré-históricos que viveram aqui no Nordeste e tiveram suas passagens descobertas por um engenheiro do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). Como isso ocorreu? A gente vai te contar em detalhes.
Segundo estudos de Ismar de Sousa Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, realizados nos anos 2000, no início da década de 20, um engenheiro brasileiro de minas que trabalhava para o DNOCS, no estado da Paraíba, chamado Luciano Jacques de Moraes, pouco conhecia sobre paleontologia até o momento que ele descobriu duas pistas de animais pré-históricos. Essas pistas estavam em rochas no leito do rio do Peixe, na localidade de Fazenda Ilha. Elas se tratavam de pegadas de dinossauros, que tinham passado por ali há milhares de anos.
Na época, aparentemente, o engenheiro do DNOCS enviou uma laje com uma pegada original escavada e um molde de uma pegada da pista para os Estados Unidos, para que pudessem ser estudadas por paleontólogos norte-americanos. No entanto, nunca recebeu qualquer resposta sobre o material enviado.
O estudioso da UFRJ relata, em 1924, que Moraes descobriu e classificou a maior pista de um Stegosauria ou secundariamente como Ceratopsia que seria um animal pré-histórico quadrúpede, com fileiras de enormes placas ósseas dispostas de ambos os lados da coluna vertebral e esporões na cauda. Além disso, a outra descoberta do engenheiro foi de um dinossauro bípede, sem definir entre os Theropoda ou os Ornithopoda. “Moraes descreveu as pistas em detalhes, com desenhos e fotografias. Também extrapolou as dimensões dos presumíveis produtores das pegadas. Um trabalho meticuloso para a época. Contudo, Moraes não era nem um icnológo, nem um paleontólogo e seus desenhos mostram algumas incorreções.”, explica o estudioso.
O engenheiro do DNOCS, Luciano Jacques de Moraes, enviou fotografias para F. von Huene, da Universidade de Tübingen (Alemanha), o qual publicou em seu livro, datado de 1931, os desenhos. Huene (1931) descreveu a primeira pista como a de um quadrúpede com total sobreposição dos pés, o qual atribuiu aos ceratopsídeos, e a segunda pista, como a de um bípede, os ornitópodes. A classificação de Huene baseou-se nos desenhos de Moraes. Huene trabalhou no Brasil nos anos 20, mas nunca visitou a Paraíba.
Já os estudos de Rodrigo da Rocha Machado, da Universidade Estácio e Sá, de 2011, às bacias do Rio do Peixe estão localizadas no oeste do Estado da Paraíba e podem ser divididas em quatro bacias denominadas Vertentes, Pombal, Sousa e Uiraúna-Brejo das Freiras. Segundo os estudos, elas fazem parte do conjunto chamado de bacias interiores do Nordeste do Brasil que tiveram sua origem e evolução como consequência de reflexos de eventos tectônicos responsáveis pela abertura do Oceano Atlântico Sul.
Machado informa que a importância das bacias do Rio do Peixe é dada por seu numeroso registro de pegadas de dinossauros, além de icnofósseis de invertebrados, palinomorfos, fragmentos de vegetais, ostracodes, conchostráceos, escamas de peixes e ossos de crocodilomorfos.
As descobertas das pegadas de dinossauros dessas bacias, relatadas pela primeira vez pelo engenheiro Luciano Jacques de Morais, em 1924, foram de grande importância para estudos que vieram depois sobre a temática. Vários outros trabalhos foram feitos sobre essas pegadas, entre eles onde podem ser destacados os de Carvalho, 1989; 1996; 2000; Leonardi, 1984; 1985; 1987; 1989; Leonardi & Carvalho, 2002; 2007.
Pode-se considerar que após um esforço de mais de 20 anos, a bacia do Rio do Peixe é atualmente um dos melhores sítios paleontológicos preservados no Brasil. A região é agora um complexo turístico - Vale dos Dinossauros - e oferece uma grande infraestrutura turística, bem como pessoal treinado para o turismo ecológico e para a proteção do sítio paleontológico.
SAIBA MAIS SOBRE O VALE DOS DINOSSAUROS
Segundo o Governo da Paraíba, o Vale dos Dinossauros, localizado em Sousa, no sertão paraibano, é um dos sítios paleontológicos mais conhecidos do mundo inteiro.
Contém pegadas de cerca de 80 espécies de dinossauros que habitavam uma área de 704 quilômetros na Bacia do Rio do Peixe, do período pré-histórico.
Recentemente, em março de 2023, o Vale passou por intenso trabalho de revitalização, e tem liberado o acesso da população a suas pontes e passarelas.
O Governo do Estado, por meio da Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema), realizou a reforma de três passarelas e duas pontes, com o intuito de oferecer mais conforto e segurança aos visitantes.
No espaço, as passarelas e mirantes levam às trilhas formadas pelas pegadas, além de um museu com vasto material de pesquisa paleontológica, com informações a respeito das espécies que habitavam a região e fotos de achados.
Serviço de Comunicação Social
Telefone (85) 3391-5121
E-mail: comunicacao@dnocs.gov.br